damas ou xadrez?

Campos e Cunha, um ex-ministro socialista, ex vice-governador do Banco de Portugal, escreveu um artigo no Público de sexta-feira, criticando uma empresa de auditoria do BCP, a reputada KPMG que teria a obrigação de acompanhar e tomar conhecimento das operações bancárias e financeiras, relacionadas com o banco e que agora deram brado público. Em resumo, acha que a KPMG, foi no mínimo, negligente e pouco profissional e no limite, cúmplice de aldrabices graves que afectam agora a imagem do banco.

Defende, ao mesmo tempo, duas das suas damas: a do Banco de Portugal e ainda a da CMVM. Sabe do que fala? Não sei.

Ao ler o que a KPMG comunica à Lusa, pode fazer-se um juízo mais aprimorado e supor que o referido Campos e Cunha, deveria responder, porque as acusações são graves. De ambos os lados...

Em comunicado, veiculado pela Lusa, a auditora e revisor oficial de contas do Banco Comercial Português (BCP) garante que "reportou sempre o resultado das suas auditorias ou das revisões das Demonstrações Financeiras aos competentes órgãos do BCP, Banco de Portugal e CMVM [Comissão do Mercado de Valores Mobiliários]".

"A KPMG reportou ainda, semestralmente, os relatórios de provisões económicas sobre os riscos das carteiras de crédito dos bancos do Grupo BCP, nos termos das normas definidas pelo Banco de Portugal", acrescenta a empresa, sublinhando que "não foi notificada pelas entidades competentes de qualquer processo ou inquérito no âmbito de averiguações que tenham estado, estejam ou possam estar em curso a respeito da sua actividade enquanto auditor externo do BCP".

No comunicado, a empresa critica especificamente o ex-ministro das Finanças Luís Campos e Cunha que, sexta-feira, num artigo de opinião publicado no jornal Público, defendeu a actuação do Banco de Portugal e critica a KPMG.

Campos e Cunha, que já foi vice-governador do Banco de Portugal, diz que o banco central ou a CMVM "não certificam as contas dos bancos. Não têm essa capacidade nem essa responsabilidade. Pelo contrário, partem dessa contabilidade auditada e certificada para a sua actividade e, se quiserem, fazem perguntas e inspecções".

O economista diz que as contas do banco são verificados pela empresa de auditoria KPMG, que deverá ter muita gente a trabalhar em permanência no BCP. "Não viu nada? Como é possível não cuidar da verdade das contas, estando em causa, mais uma vez, montantes muito grandes, mesmo para um banco tão grande como o BCP?", questionou.

Em resposta, a empresa de auditoria diz que, "em face do contributo, dado na comunicação social, pelo professor Campos e Cunha à sucessão de insinuações que vêm atingindo a KPMG, esta não pode deixar de lamentar que o referido Catedrático de Economia, ex-ministro das Finanças e ex-vice-governador do Banco de Portugal, para além de vir defender legitimamente a posição deste Banco no processo, não tenha tido o bom senso de evitar comentar factos sobre os quais revela total desconhecimento, e se limite a emparceirar com a ignorância de outros comentadores acerca das funções de um auditor externo de entidade cotada sujeita à supervisão do Banco de Portugal".

A KPMG acrescenta que se encontra "submetida a estritos deveres legais e deontológicos que a impedem de comentar ou revelar quaisquer factos de que tenha tomado conhecimento no exercício da sua actividade", mas garante que, "no momento oportuno e quando se encontrarem reunidas as condições legalmente requeridas para esse efeito, a KPMG não deixará de defender o seu bom-nome por todas as vias que considere adequadas".

Publicado por josé 22:16:00  

4 Comments:

  1. Laoconte said...
    A estas duas instituições públicas, talvez precisavam, cada uma, apenas quatro porteiros. E o dinheiro poupado poderia ser canalizado para os centro de sáúde ou, melhor ainda, diminuir os nossos impostos.
    A.Teixeira said...
    É, pelo menos, salutar que o artigo de Campos e Cunha tenha feito a KPMG emitir o comunicado a que o poste se refere.

    Embora, como seria de esperar, o comunicado pretenda ser agressivo na forma, é muito vago na substância, dado que nem sequer há acusações concretas.

    Há é responsabilidades políticas a exigir a titulares de cargos de nomeação política que, apesar de Campos e Cunha gostar muito deles, estavam no sítio errado à hora errada...
    o_cao_que_morde said...
    O prazo para a votação dos Melhor Bloges de 2007 termina amanha dia 15
    Vota nos teus Bloges preferidos, está tudo aqui.
    josé said...
    ó cão que morde! Desculpa lá o mau jeito, mas essa questão dos "melhores de 2007" não tem interesse algum.

    Os melhores blogs de 2007 estão ainda por aparecer. Talvez este ano...

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