uma tragédia como outra qualquer

Sem margem para equívocos os acontecimentos recentes no BCP representam a mais descarada intromissão do Estado na economia (privada) desde o PREC, em 1975. Nem mais, nem menos. Em bom português os accionistas do BCP estão pura e simplesmente a ser coagidos a aceitar um take over de uma certa clique (republicana e socialista) sob ameaça de verem os seus activos irem pelo cano abaixo. A prova ? Bom, em que recanto da galáxia é que já se viu o presidente, no pleno exercício dessas funções, de uma empresa, accionista de outra, (a CGD, accionista do BCP) fazer-se ao piso para subir a Presidente dessa ? Jamais, excepto num caso - quando convém ao accionista da primeira (o Estado/PS). Depois, bem depois, ou melhor antes há as performances oportunas de Victor Constâncio, e do Banco de Portugal, que só agora, e logo agora, viram motivo para sussurro, mais as pantominas de Joe Berardo, devidamente amplificadas pelo PGR, angélico e inocente (que vê motivos para inquérito nas 'performances' de Berardo, mas não vê nada de anormal em tudo o resto...) . Deixem a bruma passar, o BCP ter uma nova administração e vão ver que tudo, se vai esfumar. É essa premissa. Eles que cheguem lá, que ainda antes dos lugares estarem quentes todos os mal entendidos se dissolverão. Business as usual. Mal no filme, além do governo, que não hesitou em 'mover' as únicas peças (o duo dinâmico Vara/Santos Ferreira (e a ordem não é arbitrária...)) que inequivocamente mostram à exaustão a sua estratégia, Cavaco que se deixou envolver no lamaçal, Menezes ao reduzir tudo a uma questão de mercearia/deve e haver, entre o Bloco Central e a (auto)proclamada sociedade civil, a provar, mais uma vez, que com privatizações ou sem elas, não passa de um apêndice, que vive, pura e simplesmente, da caridade, e na órbita, deste. Só há uma coisa que ainda não é de todo óbvia - o papel do BES nisto tudo. Os Espíritos não dormem e sempre foram bons nas contas e no resto. Vamos pois ver se no sapatinho, nos próximos meses, não vem afinal o retalhar do BCP... Bem vistas as coisas, sempre foi um corpo estranho...

Adenda: às 00h10m, 27/12. Na SIC/Notícias ouve-se Fernando Ulrich do BCP a falar de documentos internos do BCP, que foram roubados e usados indevidamente (sic) como arma de arremesso, na guerra intestina no BCP. Felizmente o actual PGR, a CMVM, o Banco de Portugal, além de não lerem blogs, também não vêem televisão, e amanhã não vão ler os jornais. Também na SIC/Notícias fica-se a saber que Dias Loureiro, esse mesmo, é um nome falado (!) para liderar a CGD. Oh well...

Publicado por Manuel 18:26:00  

3 Comments:

  1. josé said...
    A melhor anedota do ano:


    Quem fez uma OPA bem sucedida foram os accionistas do BCP ao presidente da CGD. Perde o Estado, ganham os privados...
    [Publicado por Vital Moreira] [23.12.07]
    Laoconte said...
    Depois da luta, o novo galo ps vai instalar-se na capoeira bcp, portanto, poupa-nos (pobres contribuintes) os custos dessa derradeira peça teatral, perdão, inquérito criminal que, de acordo com as estatísticas de longas décadas, não levaria a lado algum.
    Assim, talvez para o ano teriamos menos um centro de saúde a fechar ou haja mais recursos para o sector da Justiça.
    Jose Silva said...
    Crónicas das «Máfias» do Centralismo 1: O caso do desmembramento do BCP

    http://norteamos.blogspot.com/2007/12/crnicas-das-mfias-do-centralismo-1-o.html

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