Somos um país de poetas
sábado, dezembro 08, 2007
José Sócrates- Um dos meus autores favoritos é Ortega y Gasset, recordo a impressão que me causou A Rebelião das Massas. Ortega escrevia com muita clareza. Nos anos 30 já dizia que o conceito moderno era o pleno; porque tudo estava pleno de gente, os bares, os teatros...e a consequência era a ascensão da opinião do homem médio. Creio que Ortega defendia que devemos alimentar os que conseguiram que sejamos melhores para acabar com a mediocridade do homem médio".
El País- Que clássicos portugueses prefere?
J.S.- Camões e Pessoa. Somos um país de poetas, mas uns são melhores do que outros, claro.
(...)
"Tenho uma capacidade crítica muito severa, não me agrada nada fazer figuras ridículas".
Vê-se...
Aliás, José Sócrates, enquanto apreciador esclarecido de Ortega y Gasset, deve ter lido esta passagem do referido livro:
El imperio que sobre la vida pública ejerce hoy la vulgaridad intelectual es acaso el factor de la presente situación más nuevo, menos asimilable a nada del pretérito. Por lo menos en la historia europea hasta la fecha, nunca el vulgo había creído tener "ideas" sobre las cosas. Tenía creencias, tradiciones, experiencias, proverbios, hábitos mentales, pero no se imaginaba en posesión de opiniones teóricas sobre lo que las cosas son o deben ser — por ejemplo, sobre política o sobre literatura. Le parecía bien o mal lo que el político proyectaba y hacía; aportaba o retiraba su adhesión, pero su actitud se reducía a repercutir, positiva o negativamente, la acción creadora de otros. Nunca se le ocurrió oponer a las "ideas" del político otras suyas; ni siquiera juzgar las "ideas" del político desde el tribunal de otras "ideas" que creía poseer. Lo mismo en arte y en los demás órdenes de la vida pública. Una innata conciencia de su limitación, de no estar calificado para teorizar, se lo vedaba completamente. La consecuencia automática de esto era que el vulgo no pensaba, ni de lejos, decidir en casi ninguna de las actividades públicas, que en su mayor parte son de índole teórica.
Hoy, en cambio, el hombre medio tiene las "ideas" más taxativas sobre cuanto acontece y debe acontecer en el universo. Por eso ha perdido el uso de la audición. ¿Para qué oír, si ya tiene dentro cuanto falta? Ya no es sazón de escuchar, sino, al contrario, de juzgar, de sentenciar, de decidir. No hay cuestión de vida pública donde no intervenga, ciego y sordo como es, imponiendo sus "opiniones".
Publicado por josé 22:02:00
Ou, como dizem os meus alunos, é triste ser triste...
O típico homem médio por acaso erguido a um patamar que não lhe corresponde. Nem como cidadão.
Mas podemos desculpá-lo por não entender bem o espanhol, ainda que a Rebelião das Massas esteja traduzido em português e diz tudo ao contrário do que o nosso primeiro homem médio acha.
Afinal, não é só problema de inglês técnico. É realmente uma desgraça.
Como o mundo está. Agora o "homem médio", já não se contenta em ter opiniões taxativas, definitivas, sobre tudo e mais alguma coisa, não querendo ouvir nada nem ninguém. Agora também já governa países, e o seu des(governo) é o natural reflexo da sua bronca autosuficiência intelectual. Sócrates, é só uma besta governativa entre muitas outras.
O Luís tirou-me as palavras...