A maledicência dos cronistas
sábado, dezembro 29, 2007
"Reúnem-se, então, as seguintes personalidades de eleição: o comendador Berardo, o presidente de uma empresa pública com participação no BCP e ele próprio ex-ministro de um governo PSD e da confiança pessoal de Sócrates, mais, ao que consta, alguém em representação do doutor “honoris causa” Stanley Ho – a quem tantos socialistas tanto devem e vice-versa. E, entre todos, congeminam um “take-over” sobre a administração do BCP, com o “agréement” do dr. Fernando Ulrich, do BPI. E olhando para o panorama perturbante a que se tinha chegado, a juntar ao súbito despertar do dr. Vítor Constâncio, acharam todos avisado entregar o BCP ao PS. Para que não restassem dúvidas das suas boas intenções, até concordaram em que a vice-presidência fosse entregue ao sr. Armando Vara ( que também, usa “dr”)- esse expoente político e bancário que o país inteiro conhece e respeita.”
Quem escreveu isto, foi Miguel Sousa Tavares, na crónica do Expresso de hoje.
MST, o mesmo que se queixou em tempos, de ser maltratado pelos maledicentes dos blogs que o atingem na sua consideração elevada, de escritor de romances históricos, tão bem analisados por certos críticos, desta vez, não esconde em palavras de eufemismo semiótico, o que lhe vai intimamente na verrina.
Quem escreveu isto, foi Miguel Sousa Tavares, na crónica do Expresso de hoje.
MST, o mesmo que se queixou em tempos, de ser maltratado pelos maledicentes dos blogs que o atingem na sua consideração elevada, de escritor de romances históricos, tão bem analisados por certos críticos, desta vez, não esconde em palavras de eufemismo semiótico, o que lhe vai intimamente na verrina.
Assim, em algumas palavrinhas apenas, traça o retrato da nossa desgraça maior enquanto país e projecto político-social.
No entanto, revela também a inconsequência do seu discurso que fica por aqui, pelas palavrinhas que não se repetem noutras circunstâncias que denotam os mesmos fenómenos, com as mesmíssimas causas. Revela ainda a incapacidade de ligar estas coisas que afinal redundam nesse fenómeno maior que é a incultura, a impreparação técnica, a falta de conhecimento de uma imensa maioria- a mesma que lhe compra os livros..
Em primeiro lugar, o cronista MST revela a falta de vergonha do actual PS, em tomar descaradamente conta de um banco privado, sem qualquer pudor especial, nem consideração por um mercado, aliás inexistente ( et pour cause) ; depois, escreve sobre a corrupção insinuada e mesmo declarada em semiose, entre esse mesmo PS actual e que todos conhecem e certos personagens da China, indicando nomes como Stanley Ho ( “ a quem tantos socialistas tanto devem e vice-versa”); por fim, a explicação plana de um sistema de ensino superior, de uma ética política e pessoal, com um retrato de certos indivíduos alcandorados ao poder político, armados em pequenos régulos de um sistema de partidos que assim o permite ou até impõe.
Por arrasto com a consideração devida a Vara, vem também, inevitavelmente, o fenómeno da licenciatura de José Sócrates. Numa pequena expressão, todo um panorama de hipocrisia: “ sr. Armando Vara ( que também usa ´dr`)", é a prova de que afinal, MST percebeu muito bem o fenómeno Independente e as licenciaturas quase por correspondência de figuras importantes do panorama político-social.
Foi pena não ter escrito com a mesma clareza, isso mesmo, quando o assunto era notícia…
Publicado por josé 11:34:00
6 Comments:
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Pacheco, Sanchez, MST são os guradiões do status quo. Apenas servem para entreter o povo mais erudito e exigente. O outro povo entetem-se com futebol, novelas, jet-set e afins.
Esse segredo que cada um deles guarda como coisa preciosa, é o que lhes permite continuar a escrever e ganhar com isso. Ganhar com isso, é coisa importante, para eles.
Os dos blogs, nada ganham e por isso são mais livres.
Por isso mesmo, li a crónica do PAcheco Pereira, hoje no Público e esotu a matutar num textinho de resposta e comentário.
A blogosfera não tem que ser culta, coerente ou fidedigna. É apenas um reflexo da sociedade, das capacidades dos bloggers e exigência dos leitores. E assim é que está correcto. Obviamente que quem estava habituado a maoismos se ressente.
A maior liberdade dos blogs, sendo a fonte de inúmeras irrelevâncias, é também precisamente a origem da sua riqueza única.