Octópodes
segunda-feira, novembro 12, 2007
O texto que segue foi retirado do Abrupto, tendo sido previamente publicado numa revista semanal- Sábado, da semana transacta.
O tema do abuso sexual de menores, continua actual, passados que são quase cinco anos sobre acontecimentos graves que abalaram a meio político, social e mediático português. Não obstante, tudo o que já se escreveu, boatou, alvitrou, investigou, acusou e julgou, o caso da Casa Pia, tem ainda pernas para andar muito tempo e espaço para percorrer.
O discurso corrente, que perpassa nos partidos, media em geral e até blogs, com algumas excepções, é de conformismo com o que se sabe, está em julgamento e é muito pouco; com o que não se sabe e que parece ser muitíssimo e não será sequer do âmbito judicial, por ter passado o tempo oportuno e principalmente com o que parece estar oculto, precisamente por obra e graça de quem tem poder para ocultar e manter escondido.
A questão que agora é colocada abertamente por José Pacheco Pereira, é sintomática da anomia reinante: o que agora é dito e reafirmado, "caso seja verdade", conduiziria o país a uma revolução política. Quem a quer?
É essa a questão que fica colocada, porque ela não virá certamente das pessoas que actualmente se sentam no Parlamento, saídos das últimas eleições. Esses, passam por estes assuntos, como cães em vinha vindimada. Et pour cause?
O texto, apesar de padecer de alguns tiques costumeiros em que avulta o do "justicialismo" cuja noção não condiz com nada do que se pretende dizer e ainda da insistência numa "pesca de arrasto", que a realidade do que se sabe, não permite sustentar, vale a pena ler. Fica um parágrafo longo:
Não me parece haver loucura especial nas palavras de Catalina Pestana e os que agora a tentam desacreditar foram alguns dos que a escolheram ou a aceitaram para as funções que exerceu. É verdade que essas palavras são diminuídas pelo clima de perseguição contra os políticos em geral para que o MP deixou descambar o processo Casa Pia cujas fragilidades são evidentes. Tanto se quis pescar de arrasto que se perdeu o foco nos primeiros peixes da rede, e há deficiências que Catalina aponta que não precisam de ser explicadas por qualquer conspiração, basta a negligência e a politização justicialista da investigação para as explicar. Mas, descontando tudo isto, alguma coisa sobra e é suficientemente grave para não ser coberta por qualquer manto de silêncio. O que Catalina Pestana diz, caso seja verdade, conduziria, em qualquer país civilizado, à queda do governo e à incriminação de todos os envolvidos naquilo que é, na verdade, o retrato de uma conspiração.
Publicado por josé 12:53:00
4 Comments:
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O processo em causa, deveria ser um dos mais observados pelos citado observador, mas palpita-me que não é.
Lá terá os seus critérios.
Assim, poderíamos ficar a saber quantas testemunhas de defesa foram arroladas e com que propósito específico; qual a razão para se requererem novos exames já efectuados antes, por quem de direito; qual o papel dos advogados no processo, por comparação com o desempenhado noutros processos e por que razão o são neste processo e não noutros em que já intervieram e por aí fora.
Tenho a impressão que o prof. Boaventura não está muito interessado em saber essas coisas. Por isso tem aparecido pouco. Na televisão tem sido avis rara, mas do que já é.
"para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei"?
Lá na zona deles alguém disse que discordava?