O orçamento dos liberais

Do Correio da Manhã de hoje:

O Governo prevê gastar no próximo ano mais de 190,4 milhões de euros em estudos, pareceres, projectos e consultadorias. Uma verba que representa um aumento de 74 milhões (62 por cento) em relação ao montante despendido este ano : 116 milhões. PSD e CDS-PP exigem explicações ao Governo sobre o aumento “excessivo”.

Das duas, uma:
Ou estas pessoas que estão no Governo, são um grupo de incompetentes que só sabem governar a pedir opiniões a quem supostamente sabe e nesse caso pode sempre questionar-se, como fazia o falecido João César Monteiro- “se não sabem, por que perguntam?”; ou então, o caso será pior:
Estas pessoas que nos governam, querem ostensivamente ajudar a governar outros. A vidinha de outros, entenda-se. Escritórios de consultadoria, de advocacia e de outsourcing, são os beneficiários directos destas verbas imensas e liberalizadas no Orçamento, com destino certo e que até a oposição, acha "excessivo", numa admirável qualificação hipócrita.
O advogado Marinho e Pinto, na semana passada, escreveu um artigo a pedir contas públicas, acerca do montante das verbas públicas, entregues pelo governo, nos últimos anos, aos cinco maiores escritórios de advocacia. Esperemos pela resposta, mas sentados, porque se vier como veio a que foi pedida pelo deputado ( do PS) António Galamba, a propósito da verba dispendida com o escritório de José Miguel Júdice e associados ( PLMJ), por causa da Galp/Parpública, estamos bem entendidos e ficaremos na mesma- sem resposta.
Em Portugal, de facto, não há corrupção grave, como até o actual PGR afirma. Há anomia, que é um conceito também sociológico, mas um pouco mais suave, como é tonalidade do bom povo português, habituadinho a que lhe comam as papas na cabeça, sem protestar.

Publicado por josé 11:17:00  

4 Comments:

  1. Carlos Medina Ribeiro said...
    Conta-se que a célebre frase «Se não sabe, porque é que pergunta?» teria sido proferida no fim de uma conferência, na fase de perguntas, em resposta a uma questão tonta colocada por um dos presentes.
    josé said...
    Pois, mas continuo a considerá-la um achado e que encerra um entendimento subtil da impossibilidade de comunicação que por vezes ocorre.

    Não se trata de modo algum de uma afirmação de superioridade, mas de ausência de entendimento.
    josé said...
    Neste caso, a semântica vai um pouco mais longe e que a frase permite:

    Se não sabem o que andam a fazer, como de facto tudo indica, para quê perder tempo e dinheiro com pareceres que pouco ou nada adiantarão?

    Há outra imagem que se apresenta adaptável ao caso: parecem cegos a guiar cegos.
    Teresa said...
    Quando li o primeiro comentário pensei que a frase era outra. É que o meu pai contava que, sobre corrupção, Salazar teria dito qualquer coisa sobre a rapaziada que lá teria de ir vivendo, mas não me recordo da frase exacta.

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