O escritor em construção
domingo, outubro 21, 2007
Miguel Sousa Tavares, ilustrando a figura, na capa da revista Única, do Expresso.
O novo "romance histórico", do escritor em construção, Miguel Sousa Tavares, vem aí, com todo o cortejo publicitário que a proximidade à intelligentsia pátria concede. Capa na Visão e na Sábado, em simultâneo e ainda nas revistas de jornais de fim de semana; entrevistas extensas a promover o produto intelectual, preparando a facturação que segue. As editoras precisam; o mercado está à espera do que lhe deitam e o beneficiário directo, não se faz rogado. Vem aí, por isso, uma ofensiva do novel escritor, ainda em construção, mas já com os caboucos prontos .
O anterior romance histórico, confessadamente ( à Única), rendeu-lhe uma casa no Alentejo e a habituação à caça, mesmo com os 42% de impostos que diz ter pago ao ministro das Finanças, o que se torna curioso, sabendo que os direitos de autor, nem metade disso pagam. Os Beatles, em determinada altura, diziam que escreviam piscinas e carros, quando publicavam singles, como declarou um deles em entrevista cândida e reveladora de que afinal andavam naquilo, pela massa (We´re only in it for the money, anunciava Frank Zappa, nessa altura).
Apesar da anormalidade deste panorama editorial que vamos tendo, ainda há quem manifeste perplexidade pela intrusão publicitária das capas de revista; quem escreva contra o pechisbeque da escrita de cronista, armado ao pingarelho da obra literária, agora superiormente elaborada e que se vende por obra e graça publicitária, da imagem publicamente cultivada
Ainda há quem escreva contra a fraude comum, de querer fazer passar uma coisa por aquilo que não é. Um produto literário, não é necessariamente uma obra literária de mérito e se isso acontecer, a leitura crítica o dirá.
Produtos, aliás, é o que não falta, nas prateleiras de supermercado. E num mercado pequeno de concorrência aberta, a vantagem competitiva, reside no agenciamento das promoções.
Vasco Pulido Valente, não pertence ao grupo dos promotores e agenciadores, muito menos deste tipo de escritores que apresentaram telejornais.
Ontem, na Única, a entrevista de MST, dava conta de passagem antiga ( Novembro de 2003) em que VPV arredondou o discurso crítico do anterior "romance histórico". Nessa altura, VPV, numa breve mas elucidativa menção, em carta ao director do Público, reflectia assim, sobre os méritos da opus em causa:
Por mim, uma pergunta: por que razão gasta o PÚBLICO tinta, espaço e trabalho com a incultura quase cómica de Miguel Sousa Tavares? Gostava de perceber. Acredite.
Vasco Pulido Valente - Hospital Amadora-Sintra»
Este incidente mereceu então do visado, apenas os desejos de rápidas melhoras e foi entendido como a expressão da quintessência da inveja nacional pela genialidade criativa, o que foi amplamente comentado pelos promotores habituais dos romancistas de supermercado. Os mesmos que desvalorizaram imediatamente, um estranho fenómeno lobrigado na obra: coincidências precisas, em descrições, acerca de ambientes e figuras orientais, com semelhanças flagrantes na escrita de outro livro, francês, da década de setenta. Plágio, tornou-se palavra impronunciável, porque no entender dos entendidos, só plagia quem copia tudo- e não era o caso.
Agora, na entrevista à Única, lembrando o incidente, MST diz assim:
"Vasco Pulido Valente arrasou o Equador sem o ter lido. Dizia que era exotismo, culinária e erotismo. E, passados uns tempos, estive a falar com um amigo comum que me disse:
" Sabes que o Vasco não tinha lido o teu livro e eu insisti: ´ó Vasco, mas lê o livro`e o Vasco, `não, é uma merda`. Até que um dia ele disse que o livro até não era mau. Foi-me contado assim e eu acredito na fonte."
Por esta hora, o entrevistado já deve ter lido a crónica do Público. Que diz assim:
Publicado por josé 18:19:00
Não há dúvida o MST nasceu duma vagina de ouro...
Este VPV é tremendo
":O)))
Deus lhe dê muita saudinha que raridades destas devem ser bem tratadas.
http://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/2007/10/um-prola.html#links
Sei que não vem muito a propósito, mas o vosso artigo contribui inquestionavelmente para uma melhor compreensão da falta de qualidade e, porque não, credibilidade desses comentadores da TV.