Os intelectuais e os amadores diletantes
sábado, setembro 08, 2007
O livro de Andrew Keen, sobre a Internet, chama-se The Cult of the Amateur. A essência do livro, citado hoje, por José Pacheco Pereira no artigo do Público, já foi indicada no postal que antecede e contende com a validade da Internet como veículo de verdadeira informação e cultura. Quem ler Keen, fica atento à preocupação do autor com a falta de objectividade na Rede; com a disponibilidade do meio em permitir a qualquer um o acesso sem restrições, à publicação de conteúdos, muitos deles roubados e com a dificuldade que tudo isso cria aos artistas que vêem o futuro comprometido pelos amadores que nem sequer criam grande cultura, mas aproveitam obras alheias. Para Keen, na Internet, trivializa-se a cultura.
Não obstante, o autor, não se limita à escrita, porque tem um sítio na Internet e um blog de publicidade às suas obras. E o artigo na Wikipedia que lhe é consagrado, concentra links para outros sítios com artigos sobre Andrew Keen.
Num deles, Keen explica-se a Steven Colbert, num talk show de brevidades e superficialidades culturais. A entrevista, tem momentos hilariantes e nada de novo acrescenta à ideia básica difundida por Keen: a vulgaridade e a mediocridade tomaram conta da…tv, perdão, da Internet.
Segundo um artigo do Sunday Times, de Julho do ano corrente, Keen acha que aquilo que define as mentes brilhantes, é a habilidade em passar além do vulgo, da multidão e das ideias correntes. Para Keen, a Internet não contribui para a expansão desse desiderato e que caminhamos para uma ditadura de idiotas formados na Rede. Todas as informações e ligações aqui recolhidas, foram-no no espaço de alguns minutos, de borla e muitas mais existem no mesmo sítio.
Será que Keen tem alguma razão no que diz e escreve? E, melhor ainda: que pretende Andrew Keen ( e já agora o nosso Abrupto)? Destruir a Internet? Nã…querem mais controlo. Controlo, sim. Censura. Repressão de ideias. Curto-circuito a certas veleidades anónimas. A gente percebe onde querem chegar. Não se percebe bem é porquê.
Num artigo publicado na última edição da revista L´Histoire, Pierre Assouline, jornalista e escritor, escreve sobre os intelectuais e conta a história de duas revistas de papel – a Prospect de Londres e a Foreign Policy de Washington.- que se associaram há dois anos para decidirem quem seria o maior intelectual de sempre, no mundo ( anglo-saxónico, na prática). O primeiro escolhido na votação de 5000 votos expressos e a partir de uma lista, ficou, muito destacado, Noam Chomsky, à frente de Umberto Eco, Richard Dawkins,, Vaclav Havel, Jurgen Habermas, Eric Hobsbawn, Timothy Garton, Paul Kennedy, Gilles Keppel e outros.
Na Alemanha, há alguns meses atrás, a revista Cicero, graficamente uma pequena maravilha, fazia o mesmo tipo de sondagem. O intelectual que figura à cabeça, destacado e à frente de Peter Handke, Martin Walser e Gunter Grass? Joseph Ratzinger, o Papa actual.
E se alguém fizesse o mesmo em Portugal? Que lista se proporia para os votos? E há alguma revista tão prestigiada como aquelas, para financiar a sondagem? E se o fizessem na Internet? É que na ausência de revista ou jornal suficientemente sérios ou prestigiados, para tal tarefa, a Rede ou no caso, um blog, poderia sem grande incómodo, suprir os suportes em papel, dos media tradicionais. Nos USA ou na Alemanha, pode nem ser assim. Aqui, infelizmente, é. A Rede em Portugal, é o refúgio, para quem pretende sair da mediocridade dos media que copiam da Rede muita coisa que nem citam; que escrevem asneiras sobre assuntos que não dominam e que não informam como deve ser, em quase nenhum assunto. E nisso, JPP, parece não querer elaborar muito. Prefere citar autores ressabiados, estrangeiros e que pouco ou nada nos dizem.
Publicado por josé 20:58:00
Eu, anónimo anódino anarquista de esquerda, já estava farto de saber isso e por isso mesmo é que só uso a internet para aquilo que ela serve realmente: Javardar.
Porque será que não se nota essa liberdade a pousar em Abruptos e Causas Nossas?
A melhor maneira de não trivializar a cultura é deixá-la trancada em casa e não mostrar a ninguém.
A Internet, é o contrário disso: é a disponibilização do que pode diponibilizar-se.
Não é possivel por em linha a Hypnerotomachia, a não ser o texto e imagens. Mas...isso é apenas o contexto e o resto, a Internet nunca chegará lá. Não tem cheiro, nem tem sensibilidade na ponta dos dedos e o olhar é específico.
Dantes, para se ter acesso a uma coisa dessas, o que era preciso viajar e as autorizações especiais necessárias.
E dantes foi há bem pouco tempo. Só por isso, por essa disponibilização de arquivos espantosos, a net foi a grande invenção do nosso tempo.
Claro que ao resto nunca chegará. Mas não se chegava mais a esse resto sem ela.
Quem é que conhecia? como era possível falar dela e mostrar todas as relações aos rebus e hieroglífica do Renascimento antes da net?
Agora até já vem na Wikipédia
":O)
É um assunto que me interessa pelo menos desde 1977. Descobri-o já nem sei como, nos anos setenta. Depois, uma revista americana, a Rolling Stone, em Janeiro de 1979, fez do assunto motivo de capa: o Lençol de Jesus, era o título com uma imagem do actor Richard Dreyfuss a apelar à atenção do comprador de quiosque.
Esse caso particular do Lençol de Turim, é impressionante, porque ao longo dos séculos, não foi possível estabelecer uma ligação causal e cientificamente comprovada da sua autenticidade. Nem hoje, tal se revela possível. O lençol é uma questão de Fé e provavelmente será a relíquia mais importante da cristandade, mesmo que nem seja de Cristo.
Seja como for, este assunto, dantes era tratado em revistas por ocasião de mais uma análise carbono 14 e das discussões científicas provocadas.
A TIme dedicou-lhe uma capa e um artigo de fundo. Outras o fizeram.
Com a internet, tornou-se possível ver fotos fantásticas do lençol, artigos esquecidos, opiniões avulsas e informação preciosa sobre isso.
Há sites na Rede inteiramente dedicados ao assunto e discussões sobre isso.
Outra coisa:
Em Outubro de 1976, comprei uma viola acústica semelhante àquelas que via nas revistas americanas.É uma viola japonesa, imitação das Martins americanas.
Durante anos a fio não consegui saber nada da marca - Kiso Suzuki- nem do que significava a viola.
Hoje em dia, bastga colocar o nome no Google e vamos ter a lugares que nos informam quem é o fabrivante, porque o fez e ainda, mais incrível ainda, ler opiniões de pessoas que compraram na mesma altura esse específico modelo de guitarra acústica.
Por exemplo, aqui
E até permite que se troquem informações e opiniões sobre este assunto particular.
Outro caso particular:
Durante anos e anos, procurei informações sobre assuntos particulares do meu interesse musical e artístico, nas ilustrações, etc etc.
O que a Rede actualmente proporcina é simplesmente incrível e mais incrível ainda poder confiar, porque é mesmo confira em alguém que se desconhece totalmente e vive no outro lado do mundo e está disposto a vender-nos uma coisa que nos interessa e em mais nenhum lugar é possível encontrar e a ebay nos permite.
Isto, a mim, parece-me o paraíso de um mercado global com regras claras e aceites por todos e sem vigarices ou chico-espertices. Tenho aproveitado esse local, para conseguir coisas fantásticas com que sempre sonhei e agora se tornam possíveis, como por exemplo completar coleções de revistas, adquirir discos completamente esgotados e saber coisas sobre assuntos diversos.
Quando me lembro disto, quero que os Keen e os Pachecos vão bugiar, com os seus medos de perder algo que não se sabe muito bem o quê, mas se começa legitimamente a desconfiar.
Mas, se formos a ver, o JPP nem falou da net, falou da blogosfera por outras palavras. E foi desencantar esse sujeito para reforçar a grande pancada recorrente. O tal medo do proletariado que pode fazer sombra aos encartados, que não conseguem ser proletariado anónimo com interesse.
De resto, como muito bem disse, o problema é pedagógico e não é com pedagogia de educativa para a juventude que eles estão preocupados.
E ele bem acentuou a crítica à imprensa, de uma nova imprensa de causas, mais intolerante que a oficiosa. Este é que é o problema dele. A manutenção do status quo.
De resto, aquela historieta da falisficação dos contadores de blogues é tão primária que até mete dó. Como se não tivesse exemplos nos media e na política de verdadeiros escândalos.
http://www.samizdata.net/blog/archives/2007/09/samizdata_quote_231.html
Adriana Lukas: No, I am not comparing Instapundit to Polly Toynbee or Robert Fisk. That would be unfair to Instapundit.
- Adriana Lukas, speaking at a debate at the Front Line Club.
No video a la tube, com Steve Colbert, o tal Keen encrespa-se com o gajo para lhe dizer que sabe mais de internet do que ele.
Não, não sabe, diz-lhe Colbert. E acresenta que há partes em que ele sabe muito mais do que Keen. Este cai na armadilha e pede-lhe para concretizar que partes são essas...
Resposta de Colbert, a tocar com os dedinhos na mesa, simulando o teclado: aquelas que escondo e apago no registo do histórico...
Não o sabia perito nessa matéria, mas creio que essa afirmação nem é uma fezada: é um palpite avulso.
http://www.geocities.com/paraciencia/sudario.html
É essa a sua razão? Fraca é.
O facto é que o controlo da informação está incontrolável o que só pode chatear os tipos com maus fígados,incompetentes e gatunos...
Eu que sou um merdoso anónimo estou a desforrar-me de anos a comer a "palha" que me serviam, estou a usar os mesmos métodos que muitos já utilizaram e de que agora dizem mal... mas lá diz o ditado se com ferro matas com ferro morres!