Não há mais eduardinos
sábado, agosto 25, 2007
Morreu Eduardo Prado Coelho. Estranha notícia esta, depois de ter lido há minutos a crónica que ontem publicou no Público. Como habitualmente, lia-o de modo enviesado, porque sabia já o que dali viria: uma visão do mundo que não partilhava e uma pertinácia na defesa da ortodoxia correctamente política. Primeiro na esquerda comunista, nos anos setenta e depois, gradualmente, na esquerda afectivamente identitária, Eduardo chegou a ser Eduardo P.C. Actualmente, afinava mais pela opinião PS.
Prado Coelho, filho de professor com mesmo apelido, mereceu a atenção, desde muito novo, da inteligentsia pátria, ao ponto de lhe profetizarem um grande futuro entre a intelectualidade lusa. Afinal, a profecia, quedou-se na vertente intelectual de leitor e cronista menor, por vezes polémico, quase sempre alinhado por um poder situado à esquerda, jacobino, moderado na intervenção social e avesso ao liberalismo económico. Nunca foi Sollers nem sequer Paolo Flores D´Arcais. Derreou-se em Derrida e divulgou filósofos franceses com a linguística à ilharga.
Prado Coelho, suscitava em muitos escritos, uma repontice a puxar polémica e isso aconteceu por vezes, com virulência escrita nas respostas.
Com a morte, acabam as crónicas e já tenho saudades de lhes põr os olhos em cima, mesmo enviesados e que me sabiam a piratas eduardinos, engolidos de um trago.
Paz à sua alma e que encontre o Criador em Quem aparentemente, não acreditava.
Publicado por josé 13:31:00
Os maiores, geralmente,são consensuais e neste caso, os comentários de circunstância limitaram-se aos amigos, correligionários e até beneficiários das crónicas. Os quais, aliás, não reivindicaram a grandeza intelectual ou até da obra.
Aliás, o que é que um Sócrates ou uma Pires de Lima, podem reivindicar neste campo?
Alguém os levaria a sério?
http://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/2007/08/ps-epitfio-de-eduardo-prado-coelho.html#links
Eduardo Prado Coelho falecia aos 63 anos, na sua residência, em Lisboa. Tive o privilégio de privar com o EPC, duas vezes na vida. A segunda, mais alongada, e, por isso, mais gravada na minha tenra memória, de jornalista e mulher.
Do «intelectual público» todos já falaram. O papel do jornal já escreveu. Do homem também. Não consigo imaginar alguém que se encontrasse com o EPC e não gostasse dele. Por todas as razões e mais alguma o Eduardo não desapareceu. Apenas perdemos todos nós, os leitores, atentos e assíduos, as mulheres e homens, que ficam com o Eduardo nas vidas que continuam.
Amanhã já não tenho o EPC para ler. Para aprender. Para crescer. Mas não esqueço a simplicidade das palavras que o homem, um dia, era eu uma mera estagiária, há algum tempo, me disse ... «Tu, jovem menina, não te encantes demais pelo jornalismo. Às vezes, ele não é tão bom como parece». Como sempre, o Eduardo tinha razão!
"Não consigo imaginar alguém que se encontrasse com o EPC e não gostasse dele."
Apetece-me também dizer
«Tu, jovem menina, não te encantes demais pelo jornalismo. Às vezes, ele não é tão bom como parece».
O jornalismo não é para meninas ingénuas, e o EPC lá acaba por acentuar tal razão.
Em tributo ao EPC, faça uso da mesma.
http://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/2007/08/carrilho-vai-para-paris-sem-sua-brbara.html#links
Sublinhei, penso eu, que tal aconteceu, nos tempos em que eu era uma mera estagiária. Quanto ao «não consigo imaginar alguém que se encontrasse com o EPC e não gostasse dele», mantenho. Porque, na minha opinião, é verdade!
Quanto ao EPC, que descanse em paz.
andré