Vigilância democrática

O blog Do Portugal Profundo, cujo autor levantou a lebre que acossa o primeiro ministro de Portugal, aliás, por factos que apenas a ele são directamente imputáveis, queixou-se publicamente de suspeitas de vigilância electrónica.

Nem quero crer que haja no Portugal democrático dos dias que correm, alguém com responsabilidades oficiais que à margem da lei, se dedique a actividades de pesquisa online, para colocar offline quem desalinha de quem lhe paga o salário ou assegura a carreira.
Não quero crer porque a emenda , pior do que o soneto, significaria uma sinfonia desconcertante e de prisão à vista. Seguramente e num escândalo sem proporções. Além do mais, o diabo tapa com uma mão e destapa com as duas, como é sabido...
Não quero crer que haja, no Portugal democrático dos dias que correm, algum funcionário zeloso que no afã de agradar ao chefe que o promove, infrinja a legalidade mais estrita, vigiando quem lhe convém, em nome de quem manda e sem mandado de juiz. Passam hoje 33 anos, sobre a data em que isso teoricamente acabou.
Se isso, porém, acontecer e se vier a saber, vai ser o cabo dos trabalhos para justificar o injustificável. E a presunção de inocência, será um mito, para quem vier a saber.
A credibilidade das instituições de segurança, afere-se pelo respeito da legalidade e a dedicação à causa do Estado que não se confunde com o ministro x do governo y ou o directorzinho geral de valor z.
A vontade legítima do poder querer perceber quem está por detrás de imaginárias cabalas, já levou no passado, a casos lastimáveis de suspeitas de vigilância ilegal dos nossos serviços que se dedicam a garantir a estabilidade do Estado de Direito. Os serviços secretos civis ou militares, não servem para este tipo de vigilância, a não ser que sigam a opinião moralizadora de que isto que se passa é uma tentativa de golpe de estado através da imprensa...

Embora o ridículo, nos tempos que passam, não mate ninguém e pelo contrário, até engorde, espera-se ainda assim que sobreleve às tentanções, para bem de todos e principalmente deles mesmos, o bom senso que deriva da lei. Só isso, chega.

Publicado por josé 16:45:00  

5 Comments:

  1. Kruzes Kanhoto said...
    Eles andem aí..ai andem, andem...
    Carlos Medina Ribeiro said...
    Aqui deixo uma curiosidade que se passou comigo recentemente:

    Ao tentar identificar um determinado visitante do meu blogue (recorrendo à ferramentas dos "blog counters"), veja-se só quem encontrei!

    http://sorumbatico.blogspot.com/2007/04/um-ilustre-visitante-deste-blogue.html

    (O cavalheiro ainda apareceu mais vezes, mas deixei de ligar - até porque tenho os impostos em dia!)
    Carlos Medina Ribeiro said...
    Eu não sou dado a paranóias, mas vejam quem (depois do Sr. Ministro da Finanças - ou alguém que se faz passar por ele...) acaba de me visitar o blogue:

    http://sorumbatico.blogspot.com/2007/04/foi-actualizado-o-blogue-arquivo-humor_26.html
    Carlos Medina Ribeiro said...
    Vale a pena visitar os comentários mais recentes feitos no «DO PORTUGAL PROFUNDO».

    Anda, de facto, por lá uma grande agressividade contra o autor.
    Isso mostra que está a ser certeiro e eficaz, ao mesmo tempo que dá razão ao ditado «Quando alguém aponta para a Lua, os idiotas olham para o dedo»
    Tiago Botelho said...
    Qual é a novidade?

    Não viu a visita dos inspectores do Ministério do Ensino Superior à UnI na véspera das "declarações bombásticas" com o pedido específico do dossier do sócrates?

    Quer melhor? Aí foi à descarada.

    Depois, claro que as declarações passaram a ser de "bombinha de carnaval"...

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