os dias do fim
sábado, abril 14, 2007
Um destes dias numa daquelas rants que ninguém lê atirei-me a Vasco Pulido Valente. Estava longe, muito longe, de imaginar quão cedo o tempo me ia dar razão. Ainda hoje, no Público, VPV comete o mesmo erro pavloviano de que nos idos de Março o acusei. Escreve que Sócrates vai sobreviver porque "ninguém ignora que o país não aguenta eleições" (sic). Wrong. O que o país não aguenta mais é esta classe dirigente, o que o país não aguenta mais é esta falsa solidariedade à volta de Sócrates de aliados e adversários - de Menezes a Duarte Lima, passando pelo Dr. Portas e o Dr. Louçã, até pelo Dr. Jardim, e não aguenta, porque se Sócrates cair - e vai cair - não cai sozinho. Consigo cairá toda uma certa forma de fazer e subir na política, e é isso que assusta, óh se assusta, tanta gente.
Desta vez, o poder caiu mesmo na rua, não está na mão dos Luís Paixões Martins deste mundo, ou dos Ricardos Costas - assessores de imagem do PM - ou dos Luis Bernardos, directores de Informação de um qualquer canal de TV. O poder - bruto, selvagem, desentermediado - está nas mãos de todos e de ninguém. Berra-se, insulta-se, grita-se, mas pelo meio faz-se luz. Luz que ilumina uns e encandeia outros, mas luz que não é mais possível ignorar. Podia falar aqui de conceitos 'sofisticados' como entropia, software livre/de código aberto/opensource, e aplicá-los aos dias que passam, mas ainda é cedo. Um destes dias verão na TV uma qualquer luminária, tipo Dr. Pacheco, que falará - bem - acerca deles com aquela superioridade de quem acabou de descobrir a pólvora. Por falar no Abrupto cronista, este num acervo de lucidez - inspirado - falava sobre o caos que se vive, e referia-se à série (western) Deadwood. Quando a normalidade voltar talvez cite, ele ou VPV, um outro Western - clássico - o último de John Ford - "O Homem que matou Liberty Valance". Seria sinal que finalmente perceberam o que se está a passar.
De resto - é uma questão de determinação, de inteligência e de números. De transparência. E já se viu para que lado está virada a matemática...
P.S. Eu não sei, de facto, se o que vem imediatamente a seguir será melhor. O que sei - tenho a certeza - é que será um passo necessário. Outra coisa que também sei é que tão cedo não vai aparecer por aí mais nenhum iluminado a falar da teoria dos ciclos políticos aplicada aqui à terrinha. "We're all out of the Matrix!" ('tou numa cinéfila hoje)
Publicado por Manuel 15:58:00
Finalmente estamos mesmo a sair de "Matrix"
:-)
Como escreveu Joaquim aguiar, o ponto de singularidade (como na linguagem científica associada à proximidade de um buraco negro), a previsão científica não funciona aí.