O Primeiro SInal : As bolhas quando rebentam começam assim

Há uma década que ouvimos falar, numa "bolha especulativa" que se vai alimentado em Espanha, á custa do mercado imobiliário. O circuito esse é fácil de desenhar. Com a ajuda de mão-de-obra magrebina e do leste europeu - mão de obra barata - , o sector imobiliário em fortíssima expansão criou um verdadeiro mercado em Espanha. Mais construção, mexe com o sector cimenteiro. Mais construção eleva as necessidades de financiamento, logo maiores lucros arrecados pelo sector financeiro espanhol e cria-se uma enorme cadeia.
Há uma década que ouvimos falar, que se e quando rebentar, o nosso país pode sofrer gravíssimas consequências, dada a enormíssima dependência do parceiro espanha, para trocas comerciais, investimento e criação de emprego, bem como um acréscimo do risco da perda dos centros de decisão nacional. Tudo claro, porque em termos estruturais, pouco ou nada mudou, e o grau de dependência e exposição a determinados sectores e países é cada vez maior.
Se é verdade que da teoria á prática em economia vai uma larga diferença - ainda hoje ninguém consegue explicar em que teoria económica se terá baseado Pina Moura para congelar os preços dos combustíveis num país de economia aberta e com risco câmbial e de taxa juro aberto - não é menos verdade, que o dia 24 de Abril passará a ter, um significado acrescido para Espanha tal como o tem para Portugal. Cá foi o ultimo dia de um regime ditatorial, lá em Espanha, poderá ter sido o último dia da ilusão que a bolha existindo nunca rebentaria.
Tudo começou, quando a economia espanhola, através do seu sistema financeiro começou simultaneamente a financiar com prazos longos (superiores a 40 anos) a compra de habitação e aproveitando as baixas taxas de juro a financiar sem limites a compra de habitação. Para que se tenha uma noção, em Espanha em 2006, foram construídas 600.000 habitações, quando as necessidades apontavam para 240.000 habitações. Com o mercado de capitais - nos anos 2000 e 2001 - a sofrer o rebentamento da bolha das blue chips, e com o nível das taxas a baixar ao mesmo tempo, investir em habitação em Espanha, passou a ser um autêntico negócio, pois os preços cresceram em média 15 % ao ano nos últimos 8 anos. Se a isto juntarmos um sistema fiscal espanhol que favorece mais a compra que o aluguer, explica-se porque se criou uma bolha.
Ontem dia 23 de Abril, uma empresa de menor expressão chamada "Astroc Mediterraneo", caiu 23 % na bolsa de Madrid. Hoje dia 24 de Abril, o IBEX35, abriu a cair quase 3,00 %, a maior queda dos últimos anos, e empresas fortíssimas como a Ferrovial (-3,62%), Metrovacesa (-4,55%), Inmocaral (-11,27%) e Sacyr ValleHermoso (-8,15 %) cairam a pique, arrastando também a banca - quedas superiores a 3,00 %. De salientar que hoje a Astroc Mediterraneo, caiu mais 17 %, perdendo num acumulado semanal 70% da sua capitalização bolsista. Não é engano, são mesmos 70% a menos. Em Fevereiro cada acção da Astroc, valia 75 euros. Hoje valem 15,95 Euros.
Pode ter sido apenas um sinal, mas os dados estão em cima da mesa, e mesmo os menos crentes, começam a acreditar, que um dia a bolha vai estoirar, e esse dia pode estar perto, e quando rebentar não haverá Ota nem TGV, que nos consiga safar de cair novamente, onde tanto temos feito para estar...na cauda da Europa. Tudo porque o peso de Espanha para Portugal é enorme em todos os aspectos, e foi a mesma Espanha que com a sua bolha, enquanto a Europa caia que segurou Portugal de cair mais, poderá ser a mesma Espanha, que quando a Europa sobe, levará o país ao fundo.

Publicado por António Duarte 22:35:00  

1 Comment:

  1. João Villalobos said...
    Excelente. E, infelizmente, parece-me que muito certo na análise.

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