Ser ou não ser
segunda-feira, março 19, 2007
A propósito das lutas estudantis, a revista de Domingo do Correio da Manhã, publica um artigo ilustrado com fotos antigas, algumas com mais de quarenta anos, à procura das motivações de estudantes.
As motivações de estudantes, não têm segredo: o idealismo juvenil combinado com a delinquência libertária, suscitam em muitas latitudes, o despertar da consciência política.
Nos anos sessenta, Salazar ainda censurava, perseguia e reprimia as ideias de esquerda revolucionária e os costumes a condizer.
O Governo salazarista tinha medo dos estudantes politizados à esquerda, geralmente filhos ou conhecidos de clandestinos do PCP ou da esquerda associada ao movimento de oposição . Anos antes, incorporaram as eleições que por pouco colocaram Humberto Delgado no poder da presidência da República. Salazar tinha medo que os estudantes, pelo exemplo, lograssem convencer a população a retomar o estandarte da democracia dos subversivos, onde se misturavam os comunistas, a extrema esquerda e os anarquistas libertários. A lei e a ordem de Salazar, no início dos sessenta, não tolerava alternativa a não ser a continuidade, sem evolução. E a evolução na continuidade só apareceu timidamente, em 1969, com Marcelo Caetano que em 1962 era reitor da Universidade, onde tudo começou.
Os protagonistas de 62 e 69, estão hoje em lugares de destaque, o que pode parecer estranho. Mas…será mesmo assim?
A característica comum a todos eles é apenas uma: o apego ao esquerdismo idealista que os levou a dar crédito total a ideologias que combatessem o capitalismo e prometessem protecção aos “desfavorecidos”. Muitos evoluiram para a democracia socializante, mas continuam na mesma.
Um dos protagonistas mais notórios das lutas estudantis dos sessenta, é um idealista convicto: Saldanha Sanches, mesmo depois de 1974, acreditava que a salvação para Portugal viria da China. Curiosamente, muitos dos que actualmente governam, passaram por lá, pela China de Macau, depois de terem experimentado as correrias e as prisões do início dos anos setenta, por defenderem a China de Mao.
Outro protagonista de relevo mediático, é Celso Cruzeiro. Ainda hoje não tem papas na língua para explicar o que pretendiam os estudantes: “ Tratava-se de mudar a Universidade, para mudar a sociedade portuguesa, para mudar o Mundo”. Voilà, em poucas palavras, um programa político incipiente.
E continua insatisfeito: “Vivemos numa sociedade com profundas desigualdades. Defendo a possibilidade de uma visão alternativa do mundo”. Como? Não diz. Adivinha-se que através da entrada em cena das várias políticas fracturantes, já anunciadas…
Outro actor da luta contínua, Luís Marques, actualmente administra a RTP, talvez o órgão de media mais imbecilizador que pode haver. É a vida…
José Lamego, Maria José Morgado e Durão Barrroso, são ainda citados, como lutadores da utopia. Onde se encontram, actualmente, na luta de sempre?
Fernando Rosas, outro nome que passa o tempo na Assembleia, a requerer comissões de Inquérito. Fê-lo contra Lamego por causa da Eurominas e fê-lo outra vez contra Souto Moura, (um apagado das lutas estudantis e por isso inimigo de classe), mas por motivos inconfessáveis, a propósito de um caso de escândalo sexual, com homosexualidade e pedofilia à mistura. Uma vergonha das maiores que não entendem e explicam em motivos cabalísticos.
Jorge Sampaio e Alberto Martins, de gerações diferentes, são iguais nos papéis de liderar crises, um em 62; outro em 69. Agora, defendem as mesmas cores, na crise democrática, definida por Saldanha Sanches, um confesso recalcitrante que “não está nada arrependido naquilo que fez”: “Portugal está demasiado mal. Vivemos num ambiente de desconfiança que não pode continuar”.
É pena que deixe por explicar a génese do ambiente malsão. Mesmo na sua opinião, seria de interesse casual.
Uma das causas, porém, pode bem residir naqueles que fizeram a geração de estudantes que contestavam o salazarismo. E porquê? Porque ocuparam os poderes, quase todos, durante tempo suficiente, para perfilar um discurso de correcção política. Ocuparam poderes e distribuiram-no pelos amigos ideológicos de antanho, reconvertidos à vida prosaica das carreiras e profissões para filhos e sobrinhos.
Os erros ideológicos, esses, sem correcção, acabaram por tornar cara a democracia que temos e os fazedores de milagres, revelaram-se afinal uns charlatães que dominam as discursatas, conquistam lugares nos aparelhos de escalar redutos, cimentam amizades nepóticas e inquinam a vivência democrática.
Em tempos, chamou-se aqui, a geração perdida. Mais que perdida, é uma geração esbanjada. Tragicamente equivocada e objectivamente responsável pelo atraso endémico que nos consome. Podia ter sido a geração modelo e modelou apenas uma herança de fracassos. Económicos, sociais e geracionais.
Assegurou apenas uma coisa: o amiguismo na política que se revelou tão fatal como uma tragédia de Shakespeare. A casa Pia, a que alguns dos seus próceres, desgraçada e desnecessariamente se ligaram num dia triste para a democracia, nas escadarias do Parlamento, foi o seu Waterloo. Ainda falta chegar a Santa Helena.
As motivações de estudantes, não têm segredo: o idealismo juvenil combinado com a delinquência libertária, suscitam em muitas latitudes, o despertar da consciência política.
Nos anos sessenta, Salazar ainda censurava, perseguia e reprimia as ideias de esquerda revolucionária e os costumes a condizer.
O Governo salazarista tinha medo dos estudantes politizados à esquerda, geralmente filhos ou conhecidos de clandestinos do PCP ou da esquerda associada ao movimento de oposição . Anos antes, incorporaram as eleições que por pouco colocaram Humberto Delgado no poder da presidência da República. Salazar tinha medo que os estudantes, pelo exemplo, lograssem convencer a população a retomar o estandarte da democracia dos subversivos, onde se misturavam os comunistas, a extrema esquerda e os anarquistas libertários. A lei e a ordem de Salazar, no início dos sessenta, não tolerava alternativa a não ser a continuidade, sem evolução. E a evolução na continuidade só apareceu timidamente, em 1969, com Marcelo Caetano que em 1962 era reitor da Universidade, onde tudo começou.
Os protagonistas de 62 e 69, estão hoje em lugares de destaque, o que pode parecer estranho. Mas…será mesmo assim?
A característica comum a todos eles é apenas uma: o apego ao esquerdismo idealista que os levou a dar crédito total a ideologias que combatessem o capitalismo e prometessem protecção aos “desfavorecidos”. Muitos evoluiram para a democracia socializante, mas continuam na mesma.
Um dos protagonistas mais notórios das lutas estudantis dos sessenta, é um idealista convicto: Saldanha Sanches, mesmo depois de 1974, acreditava que a salvação para Portugal viria da China. Curiosamente, muitos dos que actualmente governam, passaram por lá, pela China de Macau, depois de terem experimentado as correrias e as prisões do início dos anos setenta, por defenderem a China de Mao.
Outro protagonista de relevo mediático, é Celso Cruzeiro. Ainda hoje não tem papas na língua para explicar o que pretendiam os estudantes: “ Tratava-se de mudar a Universidade, para mudar a sociedade portuguesa, para mudar o Mundo”. Voilà, em poucas palavras, um programa político incipiente.
E continua insatisfeito: “Vivemos numa sociedade com profundas desigualdades. Defendo a possibilidade de uma visão alternativa do mundo”. Como? Não diz. Adivinha-se que através da entrada em cena das várias políticas fracturantes, já anunciadas…
Outro actor da luta contínua, Luís Marques, actualmente administra a RTP, talvez o órgão de media mais imbecilizador que pode haver. É a vida…
José Lamego, Maria José Morgado e Durão Barrroso, são ainda citados, como lutadores da utopia. Onde se encontram, actualmente, na luta de sempre?
Fernando Rosas, outro nome que passa o tempo na Assembleia, a requerer comissões de Inquérito. Fê-lo contra Lamego por causa da Eurominas e fê-lo outra vez contra Souto Moura, (um apagado das lutas estudantis e por isso inimigo de classe), mas por motivos inconfessáveis, a propósito de um caso de escândalo sexual, com homosexualidade e pedofilia à mistura. Uma vergonha das maiores que não entendem e explicam em motivos cabalísticos.
Jorge Sampaio e Alberto Martins, de gerações diferentes, são iguais nos papéis de liderar crises, um em 62; outro em 69. Agora, defendem as mesmas cores, na crise democrática, definida por Saldanha Sanches, um confesso recalcitrante que “não está nada arrependido naquilo que fez”: “Portugal está demasiado mal. Vivemos num ambiente de desconfiança que não pode continuar”.
É pena que deixe por explicar a génese do ambiente malsão. Mesmo na sua opinião, seria de interesse casual.
Uma das causas, porém, pode bem residir naqueles que fizeram a geração de estudantes que contestavam o salazarismo. E porquê? Porque ocuparam os poderes, quase todos, durante tempo suficiente, para perfilar um discurso de correcção política. Ocuparam poderes e distribuiram-no pelos amigos ideológicos de antanho, reconvertidos à vida prosaica das carreiras e profissões para filhos e sobrinhos.
Os erros ideológicos, esses, sem correcção, acabaram por tornar cara a democracia que temos e os fazedores de milagres, revelaram-se afinal uns charlatães que dominam as discursatas, conquistam lugares nos aparelhos de escalar redutos, cimentam amizades nepóticas e inquinam a vivência democrática.
Em tempos, chamou-se aqui, a geração perdida. Mais que perdida, é uma geração esbanjada. Tragicamente equivocada e objectivamente responsável pelo atraso endémico que nos consome. Podia ter sido a geração modelo e modelou apenas uma herança de fracassos. Económicos, sociais e geracionais.
Assegurou apenas uma coisa: o amiguismo na política que se revelou tão fatal como uma tragédia de Shakespeare. A casa Pia, a que alguns dos seus próceres, desgraçada e desnecessariamente se ligaram num dia triste para a democracia, nas escadarias do Parlamento, foi o seu Waterloo. Ainda falta chegar a Santa Helena.
Publicado por josé 19:53:00
1 Comment:
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Duma coisa não se podem gabar : não são exemplo para ninguém...