o corolário
quinta-feira, março 22, 2007
Se houvesse uma réstia de normalidade na vida política portuguesa, que não há, o actual Primeiro Ministro, hoje, depois do 'destaque' do Público sobre a sua carreira académica, só tinha uma, e uma só coisa, a fazer - fazer uma comunicação ao País a explicar o que há para explicar, até para que não fique a pairar a dúvida de que o Primeiro-Ministro de um país está - pura e simplesmente - refém dos interesses obtusos que, de presente, se movem à volta da Universidade Independente. A explicação, porventura penosa, seria fácil e os portugueses compreenderiam. De seguida era perdir ao Presidente da República, que convocasse eleições legislativas antecipadas. Sócrates voltava a ganhar, quase de certeza com maioria absoluta, e ficava tudo muito infinitamente mais claro, e o ar ficaria mais respirável. Mais, dava um exemplo raro. Obviamente, que as hipóteses de isto acontecer são mínimas, para não dizer nulas, até porque não 'convém' à Oposição, sob o manto diáfono de um conceito difuso a que se dão nomes como 'estabilidade', tacticismo ou conveniência. Mas por cá prefere-se a fachada e a aparência, sempre, o que resulta muitas vezes em fugas (bem intencionadas, até) infelizes para a 'frente', com os resultados que se conhecem e que resultam invariavelmente num ainda maior descrédito da classe política indígena, descrédito esse, que, por estes dias, não deriva apenas do triste 'reality-show' que decorre - diariamente - no seio do PP.
P.S. 1. A investigação do Público é legítima e pertinente; o que já não é legítimo nem pertinente, e atenta contra todas as regras da deontologia, e da transparência jornalistica, é não ter havido uma linha, um parágrafo, uma caixa, para relevar devidamente o trabalho do António Balbino Caldeira, que há mais de uma ano puxa pelo tema, quanto mais quando se reconhece explicitamente que foi esse o pretexto e o mote que levou à investigação...
P.S. 2. O João Gonçalves ontem escreveu isto. As coisas são o que são pelo que seria bom, para todos, que de facto Sócrates estivesse, por uma vez, 'à altura'.
Publicado por Manuel 12:47:00