Anjinhos em procissão

"Nunca tenho dúvidas e raramento me engano”- Cavaco Silva, algures, logo após ganhar as eleições que permitiram a formação do seu primeiro governo, em meados dos anos oitenta e a maioria absoluta, em 1987.

As biografias dos nossos políticos mais notórios, publicadas numa dúzia de páginas das revistas semanais, costuma ser florilégio de referências hagiográficas, pois todas contêm imagens serôdias de anjinhos de procissão, do tempo em que o Estado e a Igreja davam as mãos, em comunhão concordatária.
Aconteceu com Cavaco, Guterres e agora Sócrates que aparece na Tabu de Sábado, em 20 páginas resumidas e também sumidas de referências seguras, reveladoras do verdadeiro perfil do Primeiro que agora manda no Executivo.
A entrevista do género, a Cavaco Silva, feita na então Revista do Expresso dirigido por José António Saraiva, o mesmo director do SOL de agora, tem já 17 anos em cima e foi publicada em 20.10.1990, quando Cavaco tinha 51 anos. Sócrates tem agora 49.
A entrevista a Cavaco e artigo de fundo, está assinado por Felícia Cabrita e Fátima Maldonado( com Ricardo Costa). A de agora, da Tabu, tem a assinatura de Ana Sofia Fonseca com fotos de João Francisco Vilhena.
Que diferença tem o peso de quase 17 anos que passaram entre os dois momentos?
Em primeiro lugar, a evolução tecnológica. Em 1990, os computadores e as artes gráficas ainda não permitiam a facilidade de montar uma imagem como a que aqui fica. Não havia blogs, e a Internet não era realidade alargada a todos.
O estado do país, em 1990, anunciava bom tempo económico, por causa da chuva de fundos que nos chegaram da Europa e que uns poucos açambarcaram. Actualmente, anunciam-se tempos de seca prolongada. As causas remotas e ainda imediatas, do fenómeno que nos empobrece há vários anos, em contra-ciclo europeu, podem encontrar-se nas opções políticas destas duas figuras. Em vez da afirmação gratuita, fica a este propósito, a pergunta custosa: Cavaco (e os seus governos), soube aplicar os fundos europeus de modo correcto e como investimento produtivo, ou gastou em consumo supérfluo e errou os objectivos?
Em relação a Sócrates, as perguntas pertinentes, colocam-se na ordem do dia e partem das dúvidas em saber se o Primeiro sabe bem o que será preciso para endireitar o país. Por mim, não oferece nenhuma garantia e as dúvidas, expõem-se com clareza meridiana na entrevista de fundo que fica à superfície da realidade.
Ao contrário do que foi anunciado, em pancartas publicitárias, a entrevista não é a história da vida de Sócrates. É apenas uma operação de imagem, com relato de episódios simpáticos, em registo de puro spin, que o Sol patrocinou, porventura conscientemente e com interesse mútuo. Afinal, as vendas de jornais dependem destas coisas. O Diário de Notícias de hoje, Domingo, dirigido por um incrível Miguel Gaspar, amplifica o efeito com as páginas de abertura, numa suspeita operação alargada de OPV de imagem do nosso Primeiro.
Em 20 de Fevereiro último, o Público, em artigo de Ricardo Dias Felner, adiantou um artigo ainda mais interessante, sobre o perfil do Primeiro. Titulou mesmo, sans blague aparente, “Na cabeça de Sócrates”, pretendendo explicar o modo de pensar e agir do Primeiro. “Empenhado”, “pragmático”, “não gosta de brincar com coisas sérias” ( Alberto Arons de Carvalho dixit), terá feito um mestrado de Gestão em 2004/2005, no ISCTE, em que tratou Huntington e Mintzberg ( “teve das notas mais altas”, António Robalo, professor dixit); “exigente”, "organizado e disciplinado" que cita Bernstein, a favor da social democracia, com a frase feita “ o reino da política é o reino do compromisso”.
Aprecia a competência e a lealdade. “É preparado, tem gosto pela acção política”, Medeiros Ferreira dixit que acrescenta ainda, “ Parece-me que ele tem uma mistura de frontalidade e de dissimulação que é uma boa mistura em termos políticos”.
Sobre a frontalidade, deve passar-se à frente, pois é de manifestação despicienda. Sobre a dissimulação, a única via de acesso a actos dissimulados, é a investigação da figura pública e a sindicância das suas acções públicas e particulares, com reflexos na coisa pública.
Terá algum interesse saber quem é o Primeiro Ministro que governa o país, com maioria absoluta e que tem concentrado em si mesmo, na sua pessoa política, uma fatia de poder já perigosamente alargada?
A ociosidade da resposta, convidaria a que este tipo de abordagens jornalísticas, deixasse um pouco de lado a aura hagiográfica e se centrasse um pouco mais na personalidade verdadeira e real do entrevistado, com a apreciação crítica das incongruências de quem tomou as rédeas de um poder, delegado pelo povo.
Porém, assim não acontece. Este tipo de artigos, alguns a rasar o plano da sabujice mais chã, contribui ainda mais para a mitificação dos governantes e para a ausência de críticas que se possam ouvir à sua acção política.
Com uma agravante de peso: passados quase 17 anos estamos pior, bem pior. O perfil de Felícia Cabrita vale em qualidade intrínseca e aproximação à realidade do então Primeiro Ministro, pelo menos o triplo do actual perfil da Tabu. Isso, para ficarmos pela retórica.
Centremo-nos num aspecto exemplar: as habilitações literárias e o aproveitamento escolar, em paralelo, de Cavaco e Sócrates.
O perfil de Cavaco é abundante em referências precisas e curiosidades demonstradas em pormenor. Datas, notas, curricula, são apresentados com garbo, pelo então Primeiro. O doutoramente, Ph.D. ,em York, na década de setenta, é um cartão de visita do então Primeiro, mesmo que desvalorizado por quem esteve na mesma altura em Oxford ou noutros lugares ainda mais prestigiados. No entanto, Cavaco tem orgulho no seu percurso académico e profissional, poucos duvidando da sua justeza e exemplo a seguir.
E Sócrates, a este propósito, o que diz, deixa dizer e apresenta como carta de recomendação? Pouco e muito mal, escondido e susceptível de revelar grandes suspeitas de outras vergonhas, indignas de quem assume um cargo público, quanto mais da categoria de chefe de um Governo de um país!
No entanto, é o contrário que se revela nestas abordagens hagiografadas dos entrevistados, em que se destaca sempre o mérito, para além do razoável e a desafiar a inteligência vulgar do leitor.
Tinha a certeza de que a engenharia não era o meu destino. É o mundo dos pormenores e eu tenho uma inteligência direccionada para o abstracto” – diz José Sócrates, em entrevista guiada, da revista Tabu..

Visto em modo de Tabu, o percurso académico de Sócrates, é apresentado como um sucesso da inteligência rara do actual Primeiro. São várias, as referências a essa inteligência esperta, no artigo, o que deveria, em conformidade, permitir que o Primeiro mostrasse orgulho as suas performances académicas. No entanto, tal não acontece, deixando a pairar dúvidas e suspeitas que alguns já procuraram aclarar, sem sucesso e sem que lhes seja dada atenção mediática, o que se revela também suspeito.
O amigo Valente que é presidente da Câmara da Guarda, até assegura: “Ele era muito inteligente, nunca precisava de estudar grande coisa…”
E assim, fica a saber-se que concluiu o bacharelato em data imprecisa, mas anterior a 1981. Nessa data, Sócrates “arranjara posto na Câmara [Covilhã], como engenheiro-técnico civil, apesar desse nunca ter sido o seu destino vocacional, segundo o mesmo reconhece.
O resto do destino académico do nosso Primeiro, é dado lapidarmente, numa singela frase: “Quase 20 anos depois, em Setembro de 1996, já com posto no Governo, completará a licenciatura na Universidade Independente com média de 14 valores”. E por aí fica, sem outros pormenores.

Sabe-se através do blog Do Portugal Profundo, já citado noutros blogs, que as desventuras recentes na Universidade Independente que licenciou José Sócrates em 1996, permitiram que voltasse à tona das suspeitas, o modo de obtenção desse cobiçado título académico que permite ao nosso Primeiro, anunciar nas páginas oficiais que tem a categoria profissional de Engenheiro. O reitor da UI disse ao jornal 24 Horas que Sócrates se licenciara em 1998, com 16 valores. Agora, no artigo da Tabu, quase como um pequeno tabu, aparece a data de 1996 e a nota de 14 valores. Será isto um mero lapso ou revelador de algo mais grave do que se aparenta?
Um dos implicados na contenda da Universidade, Amadeu Lima de Carvalho, apresentado como advogado, é renegado na respectiva qualificação profissional e título académico, pelo próprio reitor Arouca e apesar disso, o mesmo volta a afirmar que é tanto licenciado como Sócrates o é…
Em que ficamos? A suspeita que estas revelações levantam sobre a honra do Primeiro Ministro de Portugal, pode passar assim despercebida dos media em geral, ao ponto de ser num blog que se tenta a investigação que deveria ser assunto arrumado e já explicado, há muito, por exigência democrática? Isto não é assunto mais relevante do que um envelope com o número 9?

São estas diferenças que relevam entre ambos os artigos laudatórios, passados quase 17 anos de democracia.
Está melhor a nossa democracia, depois dos Fundos europeus que permitem que o nosso Primeiro possa ter um Mercedes em vez de um Citroen?
Estará melhor na qualidade jornalística? E na exigência ética publicamente assumida pelo público em geral?

Não me parece nada- antes pelo contrário. Então que andamos a fazer durante estes 17 anos? Em procissão de anjinhos?

Imagens: Expresso a Revista, de 20.10.1990 e Revista Tabu, do Sol de 10.3.2007 . Texto revisto em 12.3.07

Publicado por josé 18:34:00  

31 Comments:

  1. Folclore said...
    eheheh! eu cá tenho um Citroen, graças a Deus....
    Esse funcionário da CMC bem que nos lixa!
    Na independente? Com 14 valores? Licenciatura aos mais de 40? ... Deixem-me rir!!!
    james said...
    Lendo-se este postal fica-se com a sensação que o José acha que os jornalistas nos pretendem ludibriar com as habilitações literárias do 1.º Ministro. É isso?

    Acha que houve uma encomenda para branquear?

    Os Primeiros Ministros têm de ter o "mesmo" currículo académico que o de Cavaco Silva?

    De certa forma percebo onde quer chegar, mas permita-me que discorde da forma como compara aquilo que não pode ser comparado.
    Pode comparar a forma como se faz jornalismo desde há 17 anos a esta parte, mas comparar habilitações académicas entre Cavaco e Sócrates é enviesar a questão ou não será assim?

    Tb pode comparar o tamanho das asas dos anjos, mas ainda que diferentes será que um é mais anjo do que outro, ou o género mantém-se? Ou temos que voltar a Bizâncio?
    josé said...
    Ahahahah!
    hefastion:

    Acho que não percebeu alguma coisa.
    A comparação é sobre as entrevistas laudatórias e que são afinal, apenas o reflexo do puro spin governamental.

    Santana também teve direito a isso e lembro uma entrevista com uma fota compenetrada do então PM a ler um livro "sério". Não pude deixar de rir, porque tenho a certeza quase absoluta que o Santana não leu aquele livro e só aceitou a foto, por efeito de spin.

    Agora, sobre o assunto da Independente e das habilitações:

    Não acho que o jornal queira branquear seja o que for. Acho apenas que não fizeram o trabalho que se impõe a qualquer jornalista que se preze: indagar se corresponde à verdade, o facto afirmado oficialmente, quando já existem suspeitas de que possa ter existido algo de errado, tendo em atenção as discrepância já conhecidas e comunicadas pelos próprios e as suspeitas que a U.Independente só por si permite levantar, como é o caso das afirmações graves proferidas pelo reitor Arouca e pelo sócio da cooperativa Amadeu Lima de Carvalho.

    Espanta-me que quase ninguém dê importância ao facto e desvalorize.

    Assim, pergunto-lhe:
    Se se viesse a comprovar que um primeiro ministro mentiu acerca das suas habilitações ( ponho a hipótese apenas para que ninguém diga que afirmo isso), que diria? Que interessa nada e que o importante é que saiba governar?
    Vai certamente convir que isso equivale à atitude daqueles que sabem que votam nas autárquicas em corruptos mas que náo se importam porque fazem obra...
    Folclore said...
    Ao menos, o Manuel Monteiro, ao tempo que parecia mal ser presidente de um partido sem ser DR (leia-se "lic"), fez 8 cadeiras em 2 meses na Católica!
    eheheh!

    "porca miséria" de política e de políticos.
    james said...
    »»»»Se se viesse a comprovar que um primeiro ministro mentiu acerca das suas habilitações ( ponho a hipótese apenas para que ninguém diga que afirmo isso), que diria?««««««


    Diria que isso seria de uma gravidade enorme.Com direito a "impeachment" e TUDO!
    Laranjada Ovarense said...
    É pá, e não se arranja ninguém para vir aqui a Ovar ver que amiguitos ele fez quando foi ministro das limpezas e das sucatas?
    Antonio said...
    Impeachment?...

    Não vou já tão longe. Embora compreendo quem entenda que votar num candidato que se tenha apresentado ao povo com determinadas habilitações, que se viesse a provar não as ter ou tendo-as obtida de forma ilegal ou irregular, obrigue à consequência da demissão.

    O que este caso demonstra, José, é uma enjoativa indignação selectiva dos media governamentalizados.
    zazie said...
    "Eu digo por uma universidade".

    Ora bem. Licenciatura pela farinha Amparo, não havia crise. O problema é se a coisa lhe saiu como brinde de outro amparo

    ":O.
    Folclore said...
    È um embuste.
    Mais um.
    Carlos Medina Ribeiro said...
    O Decreto-Lei cujo teor se pode ler em

    http://www.dre.pt/pdfgratisa5/1992/06/148A00.pdf (página 3), é muito claro acerca de quem pode (e quem não pode...) arrogar-se o título de "Engenheiro".

    Lendo o que lá está escrito, vê-se que a discussão acaba no dia em que alguém nos disser se Sócrates é (ou não) Membro da Ordem dos Engenheiros. E, se sim, que Nº tem - só por curiosidade.
    josé said...
    Caro Carlos Medina Ribeiro:

    O artigo 3º do D.L. que indicou é taxativo:

    "A atribuição do título, o seu uso e o exercício da profissão de engenheiro dependem de inscrição como membro efectivo da ORdem".

    Com base neste normativo, pode ser abusivo o uso do título de engenheiro, por alguém que nunca esteve inscrito na Ordem nem poderá estar.

    A ordem dos engenheiros, tem o poder de reconhecer as licenciaturas saídas de determinadas universidades como concedendo a faculdade de exercício de profissão, mediante inscrição prévia.

    Pode muito bem ser o caso, embora tal precise de esclarecimento oficial que já tarda e se faz tarde, apesar do spin infernal dos últimos dias.

    A situação, porém, é outra, ainda mais grave do que essa:
    é a da existência de dúvidas sérias e fundamentadas acerca da própria titularidade da licencicatura, e da respeoctiva obtenção na Universidade Independente.
    COmo as coisas estão, parece-me que se exigiria uma investigação independente e sem qualquer ligação ao governo directa ou indirectamente.
    Tipo Procurador Especial federal...

    No entanto, parece-me que ninguém quer levantar a lebre e esperam ardentemente que isto morra por si.

    Parece-me no entanto que não vai morrer.
    Não será o PSD de Marques Mendes a fazer frente, porque Marques Mendes sabe muitíssimo bem o que se passou em Fafe com uma escola que lá foi fundada e que concedeu licenciaturas interessantes a ilustres nabos que nunca puderam licneciar-se em universidades e aí conseguiram o canudo.
    Foi no final dos oitenta e essa escola fantástica constitui o início do descalabro da credibilidade que o ensino superior ainda tinha.
    rb said...
    E porque raio é que o Sol e muita da nossa cs havia de fazer o frete ao Primeiro-Ministro se realmente houvesse alguma consistência nas suspeitas que um blog (este acima de qualquer suspeita, claro está) levantou?
    josé said...
    Ricardo:

    Já leu e analisou os factos? Só os factos apresentados.
    Leia e depois diga alguma coisa.

    O importante, parece-me ser isto: perante suspeitas, porque é que não se informa o público que questiona?

    Como se dizia dantes, perguntar não ofende, e muito menos no caso de uma figura pública com o poder do actual primeiro minstro.

    NOutro país qualquer, esta questão não seria tratada deste modo, parece-me.
    josé said...
    Concordo com a análise socrática.
    Guterres é responsável. malgré lui, de muitos dos males recentes que nos afligem. Azar nosso, sendo certo que o mais dramático é que o antigo Primeiro do PS, era pessoa bem formada em todos os níveis da educação.
    POr outro lado, era pessoa com competência mínima e de acordo com os standards mínimos que se exigem a um Primeiro.
    Guterres acompanhou a política nos anos setenta e oitenta. Teve tempo de fazer os Estados Gerais com 100 nomes de vulto e escolher os que lhe pareceram mais competentes.
    Escolheu Benavente, e Grilo para a Educação. Para as ideias fantásticas sobrou-lhe sempre uns Lelos, inteligências raras e de grande peso. Melhor, só mesmo o Seguro.

    No entanto, na hora da despedida, lembro que uma das esperanças, antes desta figura aparecer, era António Costa.

    Mesmo em cima da hora, falava-se ainda em José Lamego que não aceitou.

    O problema da escolha de Sócrates, quanto a mim, reflecto o actual PS: errático ideologicamente e desorientado nos princípios.
    Salgado Zenha não tinha lugar neste PS. António de Almeida Santos, sim.
    Porquê?
    Porque como terá dito Durão Barroso a Ana Gomes ( muito calada ultimamente et pour cause), os partidos são apenas um instrumento de conquista do poder.

    Neste contexto, o problema das habilitações literárias de Sócrates assumem tanta relevância quanto a mentirola de CLinton sobre o "I didn´t have sex with that girl". Toda a gente sabia que aquilo era treta, mas ainda assim o Procurador Starr, entalou-o bem e obrigou-o à confissão na borda do impeachment.
    Safou-se por pouco e por uma questão de meia tijela.
    O caso Sócrates pode ler-se num contexto parecido.
    A determinação da verdade do que se passou na obtenção da licenciatura, está agora no nível dos pormenores e datas.
    NInguém até agora afirmou que Sócrates aldrabou. O que se pergunta e julgo perceber pela leitura de quem levantou a lebre,
    é como se passaram as coisas. Simplesmente. Passar além disto, é abusivo e se alguém quiser accionar criminal ou civilmente pior isto, há obviamente denúncia caluniosa e reconvenção em cima.

    Ignorar isso, é não ligar a princípios...mesmo para os cínicos!
    rb said...
    José,

    Por acaso já li. De fio a pavio. Não sei bem a que factos se refere, José, mas, o blogger em causa diz que Sócrates não é suspeito de nada , assim como quem "toca e foge".
    Quanto a ostentar o grau de engenheiro sem estar inscrito na ordem, segundo me informaram, o que interessa é que não exerça. E, por exemplo, no blog do Sócrates, feito aquando das eleições, no seu currículo diz-se licenciado em engenharia. Adiante.
    Quanto às "suspeitas", estas sim gravíssimas, de que o PM tem uma falsa licenciatura, que factos é que existem nesse sentido?
    Por outro lado, seria suposto o PM vir a público dar esclarecimentos às dúvidas dum blogger "desconhecido" e de outros acólitos. Não seria, porventura, essa uma forma de alimentar uma polémica inexitente?
    E digo inexistente porque me parece
    incrível que não haja um jornal que investigue o assunto e o atire para as manchetes - se houvesse realmente matéria, digo eu. Ou será que o fim do Independente acabou com aquele jornalismo que nunca deixaria uma história destas passar.
    zazie said...
    Não seria, porventura, essa uma forma de alimentar uma polémica inexitente?

    Ah bom. Tudo depende de quem grita mais alto para uma coisa ser verdadeira ou falsa. Ou para cinicamente se dizer que nem importa.

    Estamos esclarecidos. E nem vou perguntar se a lógica é apenas esta por ser um comparsa. Dá para perceber que é assim para todos.

    Nunca se sabe o dia de amanhã. O melhor é não levantar a lebre a nada.

    Para o Ricardo não há matéria. Haverá cabala?
    zazie said...
    Como é que v.s costumam chamar a isto, era o "respeitinho" não era?

    E dantes abafavam-se complicações por causa do respeitinho, não era? Era tudo uma corja corrupta e, se não fosse o respeitinho da ditadura, até se podia parecer com o respeitinho da liberdade.

    Em menor escala, claro, porque a liberdade aumentou tudo, incluindo a quantidade de maralhal a quem se deve "respeitinho".
    zazie said...
    Este comentário foi removido pelo autor.
    zazie said...
    Perguntei pela cabala porque, pelas palavras do Ricardo Batista, reparei que já existe algum "ingrediente" para ela: o "blogger desconhecido", os "acólitos", e um "caso inexistente".
    rb said...
    Ó Zazie, é o próprio autor do blog que diz que o Sócrates não é suspeito de nada, não sou eu.

    E ainda não vi ninguém corroborar a tese do ABC, limitam-se a linkar. Também é o respeitinho?
    zazie said...
    Este comentário foi removido pelo autor.
    zazie said...
    curricula, estou com pressa.
    zazie said...
    Eu não falei do autor do blogue. Referia-me aos factos e curricala variados apresentados em entrevistas.

    Vá ao Google e escreva :José Sócrates licenciatura e vai a ver a quantidade de "bloggers desconhecidos" a falarem do mesmo, incluindo os jornalistas oficiosos.

    Quando uma pessoa é licenciada e tem mestrado, não costuma ser hábito escrever-se no curriculo a habilitação menor que teve, dando precisões acerca dessa, e depois completar-se, dizendo que acabou numa terra qualquer, sem especificar, do mesmo modo, a universidade.

    Não é verdade? Se isto tem sido feito, não se deve ao blogger. Ele não escreveu nada de novo. Estava já tudo escrito e dito, com autorização do próprio.

    Agora o que anda baralhado são as datas, mas aí, também não foi o "blogger desconhecido e seus acólitos" que as baralharam, pois não? foram os próprios responsáveis da instituição. Como já tinham sido os jornalistas responsáveis pelos retratos.
    ´
    Se fosse consigo e andasse para aí tanta gente a estropiar uma coisa tão simples como o seu curriculo, deixava? não emendava?
    zazie said...
    Ou dizia que era preciso haver escândalo e muitos jornais a fazerem barulho para v. esclarecer uma coisa tão simples, que por engano e desatenção sua, tinha andado a ser estropiada?
    Carlos Medina Ribeiro said...
    Diz Ricardo Batista que «...no blog do Sócrates, feito aquando das eleições, no seu currículo diz-se licenciado em engenharia...»

    Mas, para um assunto destes, talvez seja melhor ver o que consta no «Portal do Governo» (http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Primeiro_Ministro/Biografia/), onde encontramos, logo nas primeiras linhas: «Engenheiro Civil»
    rb said...
    Carlos Medina Ribeiro,

    Francamente, não sei se um licenciado em engenharia não pode ostentar o título de engenheiro no seu curriculo no caso de não estar inscrito na Ordem. Segundo me dizem, não pode é exercer e ele não exerce. De qualquer forma, no meio do resto, esse parece-me um pormenor de somenos importância.
    rb said...
    Zazie,

    Sabemos bem como a blogosfera é useira e vezeira em levantar boatos e a melhor maneira de lidar com boatos é ignorá-los. Aliás, não é a 1.ª vez e não será a última, de certo, que Sócrates é envolvido em boatos. Na campanha foi o que se viu.

    Continuo sem perceber como é que os "factos" são assim tão "evidentes" e não há um jornalista que pegue nisto. São todos muito servis.

    É verdade que (alguma) blogosfera está apaixonada por este assunto e daí?
    zazie said...
    Sabemos bem como a blogosfera é useira e vezeira em levantar boatos e a melhor maneira de lidar com boatos é ignorá-los.

    1- está-se a referir àqueles boatos em que também foi englobado na catelgoria de difamador e caluniador, tal como eu fui?

    Se não é disso, não percebo.

    2- Diga-me só uma coisa: para qualquer profissão ou emprego a que uma pessoa se candidate, não lhe é pedido um curriculo?

    3- Costuma-se fazer curricula académicos com estas características indefinidas? Tipo: "bacharel nesta escola no ano x e depois acabou a licenciatura em Lisboa".

    4- Imagina alguém a entrar em qualquer empresa com um papel escrito desta forma?

    5- Os curricula, escritos de forma precisa, não costumam ser confirmados, sempre que uma pessoa os apresenta?

    6- Por último: em alguma parte do mundo civilizado, se diria que pedir um curriculo escrito como deve ser, de forma precisa é algo que só pode vir de desconfianças mal intencionadas, porque os curricula das pessoas não se fizeram para serem certificados e quem disser o contrário está a lançar boatos?

    Olhe: se v. acha que isto é assim, então experimente a ver se conseguia ir mais longe que cavar batatas
    josé said...
    Acho muito interessante que um blog que se intitula Impertinências, escreva que neste blog se tenha entrado por "veredas" que aquele blogger aparentemente recusa.

    Mas que veredas, caro impertinente?
    A das dúvidas que a entrevista ao SOl avolumou?
    Mas, se assim for, como se pode então escrever no mesmo blog, "a verdade é que ficam umas dúvidas que o tom geral da entrevista só avoluma"?!

    Aqui, escreveu-se porventura algo diferente?
    Carlos Medina Ribeiro said...
    O «Portal do Governo» já corrigiu:

    Onde, até há pouco, constava «Engenheiro Civil», lê-se agora «Licenciado em engenharia civil».

    Está a melhorar.

    NOTA: Dantes, era costume indicar-se mais qualquer coisa, como
    «IST» ou «UP», na medida em que a qualidade do ensino variava de estabelecimento para estabelecimento de ensino.

    A partir de 1970 (com a redução da duração do curso de 6 anos para 5 1/2 e depois para 5; com a redução do estágio de 4 meses para 3 e sua abolição em seguida), as empresas começaram a dar grande importância ao ano de formatura.
    Assim, os cartões de visita dos engenheiros mais antigos indicavam, frequentemente, algo como:

    Eng. Electrotécnico /IST-1968
    josé said...
    Na revista Tabu de hoje, aparece uma entrevista com o grande humorista brasileiro MIllôr Fernandes, de 83 anos.

    Habituei-me a ler e ver os cartoons de Millôr desde antes de 25 de Abril.

    Na entrevista, Millôr dá conta de algumas perplexidades, como sejam as de Kennedy ter feito o que lhe apetecia com as mulheres e bastou a Clinton o pequeno problema com a estagiária, para tudo ficar em causa.

    O estranho caso da licenciatura do Primeiro, tem um pouco a ver com isso: parece que toda a gente desliga do assunto. Se fosse com outro...

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