Uma chuchadeira

João Cravinho, com setenta anos, vai para administrador do BERD, o banco da União Europeia que faz pontes económicas com os países dda Europa central e oriental, com vista ao seu desenvolvimento.
Segundo o sítio do BERD, os administradores, ( directors) , assumem poderes delegados pelos governadores, geralmente os ministros de Finanças do país membro.
Por isso mesmo , João Cravinho vai co-administrar no BERD, em nome do ministro Teixeira dos Santos, .
O Expresso, acerca da notícia da sua nomeação, escreve que Cravinho disse que “nunca pediu nada a ninguém” e ainda que “já sei que vão dizer que me compraram”…

João Cravinho é uma figura non grata no seio do actual PS. Ao longo dos últimos anos, tem falado muito contra os esquemas de corrupção conhecidos e nunca admitidos. Tentou atacar a hidra durante o tempo em que foi ministro e em colaboração como o general Garcia dos Santos, na altura presidente da JAE. Falhou.
Tentou que o grupo parlamentar do seu partido aprovasse um pacote em forma de lei, para combater por essa via, o fenómeno. Falhou.
No início de 2006, declarou para quem o quis ouvir, que nunca concordou com a indemnização paga no caso Eurominas, por acordo com o Estado-Administração socialista de então, medidado por uma sociedade de advogados, formada por colegas do seu partido ( Vitalino Canas, entre outros).
Devido ao seu peso específico, no seio do PS, uma saída se afigurava possível e o método já era sobejamente conhecido noutros casos: uma “chupeta internacional”.
Foi isso que sucedeu a João Cravinho. Não pediu, mas aceitou. E não precisava, porque com setenta anos, já ninguém precisa de chucha.

Nota apócrifa: para além de pequenas alterações ao texto principal, onde se esclarece a intervenção da "sociedade de advogados", foi alterado o título do postal de "chuchialismo", para o que fica. Chuchadeira significa algo que João Cravinho percebe, pois o termo tinha uma consonância semântica, há alguns anos, próxima daquilo que não é muito sério. É o que penso, no caso, e gostava que João Cravinho não aceitasse o lugar que lhe propuseram. Tal como os mesmos quiseram fazer a outros e foram apanhados em escutas em que mencionavam expressamente a expressão " chupeta internacional". Enfim.

Publicado por josé 22:22:00  

5 Comments:

  1. zazie said...
    "com setenta anos, já ninguém precisa de chucha" mas ainda é capaz de gostar

    ";O))
    naoseiquenome usar said...
    E em que é que tal aceitação desta nomeação o afecta? Ou a Portugal? Ou mesmo ao PS?

    Porque não há-de aos 70 anos ir desempenhar um outro papel na vida e, eventualmente melhor que qualquer outro passível de ser nomeado?
    josé said...
    A mim, afecta nada. Ao PS, afecta: Cravinho foi até agora, uma voz incómoda, de dentro e por dentro do partido. Ele sabe muito bem onde está o campo minado da corrupção e já o disse em termos que os actuais dirigentes partidários não apreciaram por aí além.

    Sendo enviado para fora, necessariamente fica com poder de em intervenção reduzido.
    Tal como António Borges do PSD, ( que não tem sequer comparação porque fez uma carreira profissional sem ser à sombra de um partido), o facto de estar lá fora, retira-lhe poder de intervenção cá dentro.
    Por outro lado, não me obrigue a fazer um desenho sobre o que significa de facto esta nomeação. Ou então fiquemos com um esquisso: quem o nomeou? O governo PS. Chega.
    Qual o estilo de nomeação, de um engenheiro dedicado a causas da indústia e à política em modo partidário, para administrar um banco euripeu, em que o ministro das Finanças do país também terá sempre uma palavra a dizer?

    São estes os motivos que me levam também a altera o título do postal, para um mais realista e impressivo e que ao mesmo tempo, não tem conotações partidárias tão evidentes.
    rb said...
    JC disse que não assumiria o cargo sem antes deixar pronto para ser aprovado o pacote "anti-corrupção" que ele entende ser importante para o país.
    naoseiquenome usar said...
    Agradeço a explicação.
    Contudo, o José aponta-o no post não como falhado, mas como tendo sistematicamente falhado nos seus objectivos, pelo que, 70 por 70 anos,convenhamos que aqui ou lá o homem já deve ter direito ao seu descanso, mesmo que continue "dourado" e mesmo que se afaste um pouco do trabalho de denúncia, que, afinal, tem redundado em nada.
    De todo o modo, como diz RB, o próprio comprometeu-se a deixar o trabalho de casa pronto.
    Assim sendo, que gente mais nova, com vitalidade e vontade, sem quebrar, pegue no que ele deixar.

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