Paixões de plástico

A empresa Select/Vedior, o primeiro grupo económico em Portugal, dedicado aos “recursos humanos” conta “ com um quadro permanente de 300 colaboradores qualificados em diversas áreas de especialização e coloca diariamente mais de 19.000 trabalhadores”.
A empresa que factura já uns bons milhões de euros nesse mercado português dos “recursos humanos”, de recrutamento e colocação de trabalhadores temporários e outsourcing, decidiu nesta quadra, dedicar-se à caridade.
Não à maneira cristã - que manda dar com uma mão de modo que a outra não veja, -mas com uma publicidade profusamente espalhada pela imprensa de referência.
Uma agência, cujo nome se esconde em letrinhas pequeninas, a dizer “broadway”, no canto superior direito, apanhou uma imagem simbólica da mensagem natalícia dos que se decidiram apaixonarem-se “pelas pessoas e as causas” e plastificou um conceito de causa social e humanitária, assim:
Nem sei que comentar, sobre a imagem supra. Por um lado, o lado "fake" e "kitsch" da representação dos "desfavorecidos", vai a par com a utilização da imagem de uma criança que, felizmente, nada deve ter a ver com tal cenário.
Por outro lado, esta representação da "caridadezinha", é reflexo de um tempo em que numa outra publicidade ( à TVCabo ) se aludia ao problema dos pais terem a obrigação de subscrever o dito canal por cabo, sob pena de verem os filhos olharem noutra direcção.
Estamos já muito longe dos setenta da "caridadezinha" cantada por José Barata-Moura; mais ainda da cançoneta da Filarmónica Fraude, sobre os "animais de estimação".
No entanto, estranhamente, a falsidade é a mesma: na imagem e na mensagem.

Publicado por josé 01:16:00  

3 Comments:

  1. Eric Blair said...
    Pois, no Pai-Natal há muito que não acreditio; mas em contrapartida cada vez tenho mais a certeza da existência do Lobo-Mau.
    Unknown said...
    Bom Ano
    Ljubljana said...
    O marketing da caridade é lastimável, mas não me espanta, principalmente neste tipo de empresas, especialistas em embalar e colocar um laçarote nas pessoas, embelezando-as, engalanando-as, artilhando-as de atributos atractivos para as empresas, querendo assim impingir (vender) a máscara pelo mascarado.

Post a Comment