O jornalismo de guerras
sábado, janeiro 20, 2007
Apesar dos esclarecimentos da ASJP e do debate que se produziu em alguns blogs, incluindo neste onde escrevo, o assunto da pequena Esmeralda continua a ser tratado pelo Público, com tratos de polé.
A jornalista Paula Torres de Carvalho, hoje, continua a desinformar, ao dizer depois do título capcioso “PGR chamou magistrado que defendeu prisão de pai adoptivo”, que “Distancia-se [ a posição do magistrado que na primeira instância defendeu a prisão preventiva do sargento ], por outro lado, da posição do representante máximo do MP no Tribunal Constitucional, que defendeu que, tendo em conta os superiores interesses da criança, o casal adoptante deveria ser ouvido no processo de regulação do poder paternal”.
Mal. Mal e mais uma vez, mal. Em primeiro lugar, já se disse, escreveu e repetiu que o processo em que o “sargento” foi preso, não tem a ver, nem é o mesmo que está no Tribunal Constitucional, onde os “superiores interesses da menor”, aqui, tem relevância fundamental e apenas relativa, naqueloutro criminal de apreciação do crime de sequestro.
Por outro lado, e mais grave, ninguém se admira de o processo de Regulação do Poder Paternal estar no Tribunal Constitucional, parado, há dois anos!
Seria bom saber se já tinha ou não, despacho do “representante máximo do MP no TC” e apurar quem é o responsável directo por este atraso incompreensível, não explicado e que causou evidentes prejuízos para o bom desenrolar deste caso.
Este assunto, porém, ou por ser tabu ou por ignorância pura e simples, é completamente ignorado.
Por seu lado, o Diário de Notícias, noticia na primeira página que “Decisão provoca guerra nas magistraturas”!
Carlos: não me apercebi de guerra alguma...o que me apercebi é que os jornalistas, muitas vezes não sabem o que escrevem e desinformam. E nunca assumem culpas ou responsabilidades por isso. Pedem-nas, antes, a quem julgam tê-las. É esse o poder do quarto poder?
Publicado por josé 21:03:00
José, a "guerra" nas magistraturas refere-se ao facto de haver juizes e procuradores disponíveis a assinarem um habeas corpus. o que não parece muit habitual. pra mim é inédito que os magistrados estejam disponíveis para assinar um pedido de habeas corpus que requer a libertação imediata de um cidadão condenado pelos tribunais. Por alguma razão é. Veja, meu caro amigo, a carta do desembargador Santos Carvalho, publicada há dias no Público.
Só uma dúvida: porque é que os autos do processo de adopção não são públicos? Logo o primeiro em que foi atribuída a paternidade.
O que está parado há 2 anos suponho que seja segredo.
Que alívio, a minha fé na humanidade voltou.
http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?id=113893&sid=12576
http://legalices.blogspot.com/
Nao li a f. Uma vez, numa caixa de comentários troquei umas impressões com a mesma. Fiquei a simpatizar com ela, por motivos que adivinho serem inexplicáveis.
Não quero, por isso, perder a simpatia.
Estou como o carteiro do anónimo: sou demasiado condescendente com determinadas coisas.
Talvez seja bom não confundir guerras de magistraturas (judicial v. MP) com guerras em que entram magistrados (num lado e noutro). Independentemente de não me parecer que mesmo esta fórmula seja a mais feliz.
Entretanto Gomez aduz um aditamento uma vez mais pertinente e em que ninguém tem pegado vale para o PGR e para o presidente do CSM (e seria bom que essa reflexão fosse integral independentemente da categoria).
Porque não dar o destaque a esta chamada na página principal da Grande Loja?
Quando tudo parece precipitar-se para o abismo eis que surge quem ainda consiga abanar consciências. Continue assim, caro José.