Os duelos mais prováveis

Em novo capítulo da corrida eleitoral norte-americana para 2008, vamos mostrar alguns dos duelos já antecipados pelas sondagens, a fim de detectarmos quais são os candidatos mais fortes.

No próximo texto, ainda durante este mês de Dezembro, arrancaremos com as biografias personalizadas dos candidatos mais prováveis para 2008 – e começaremos com Barack Obama, senador pelo Illinois, um negro de 45 anos que pode vir a ser a grande surpresa da próxima corrida à Casa Branca.

Como poderemos perceber pelos dados que abaixo apresentamos, é relativamente seguro afirmar que o senador John McCain, do Arizona, e Rudy Giuliani, antigo mayor de Nova Iorque, são os dois políticos mais bem colocados para vencerem as presidenciais de Novembro de 2008.

A disputa das primárias do Partido Republicano deverá, por isso, ser dominada por estes dois nomes e é muito provável que dessa disputa saia o próximo Presidente dos EUA.

Mas atenção: do lado democrata há dois candidatos muito fortes que poderão vir a crescer consideravelmente nos meses que se seguem e que, por enquanto, se apresentam com números muito interessantes – os senadores Hillary Clinton, de Nova Iorque, e Barack Obama, do Illinois.

Em qualquer dos casos, tratam-se de candidatos que fornecerão um factor de novidade à alta política americana: nunca uma mulher ou um negro chegaram a merecer a investidura de um dos dois grandes partidos, embora já tenha havido candidatos às primárias com resultados minimamente relevantes (em 2000, Elisabeth Dole, senadora pela Carolina do Norte, foi terceira nas primárias do Partido Republicano, perdendo para Bush e McCain; negros como Jesse Jackson, Al Sharpton ou Carol Mosely Braun, todos do Partido Democrata, já se apresentaram às primárias, nunca passando de percentagens com apenas um dígito).

Neste momento, o que os números nos mostram é o seguinte: mesmo com uma Administração Bush em queda livre, os dois melhores candidatos republicanos têm tudo para vencer os possíveis oponentes democratas, desde que façam uma campanha de clara demarcação da (péssima) herança dos últimos oito anos. E tendo em conta os perfis de McCain e Rudy, ambos muito diferentes de Bush, é quase certo que o futuro candidato republicano assuma uma posição mais centrista, virada para o Mundo e de menor carga ideológica.

Mas nomes como Hillary, Obama, ou mesmo Al Gore, poderão sonhar com uma viragem – desde que consigam fazer passar a mensagem de que uma nova América, a tal «América boa» de que tantos têm saudades, após dois mandatos do pior Presidente americano desde Hoover, só poderá ser concretizada com um Presidente democrata. Não será fácil fazer vingar esta ideia, dado que uma viragem de 180 graus na Casa Branca faria levantar demasiadas dúvidas no que se refere à segurança interna e às frentes bélicas em que os americanos estão inseridos, e parte do eleitorado pode assustar-se com tantas mudanças. Mas é uma hipótese a ter em conta, até porque as diferenças nos confrontos directos entre os quatro candidatos com mais hipóteses (McCain, Rudy, Hillary, Obama) são relativamente reduzidas.

Vamos, então, aos números:

McCain e Giuliani ganham todos os duelos, Hillary é a democrata que perde por menos com os dois favoritos; a desvantagem dos democratas é amenizada pelo facto de vencerem todos os outros combates analisados em que não intervenham Rudy ou o senador do Arizona:

McCain 48-Hillary 44
McCain 48-Gore 41
McCain 53-Kerry 36
McCain 47-Obama 39
McCain 47-Edwards 43
McCain 49-Vilsack 32
-----------
Giuliani 48-Hillary 43
Giuliani 51-Kerry 37
Giuliani 47-Gore 41
Giuliani 48-Obama 39
Giuliani 50-Edwards 41
-----------
Obama 48-Romney 33
Obama 50-Huckabee 31
Obama 48-Gingrich 38
--------
Hillary 48-Romney 40
Hillary 50-Gingrich 41
------------
Edwards 52-Romney 36
Edwards 51-Huckabee 32
------------
Gore 48-Romney 39
Gore 52-Huckabee 33
Gore 52-Gingrich 36
----------------
Kerry 47-Gingrich 38
Kerry 50-Romney 41
-----------------
Vilsack 39-Romney 35

Nos barómetros mensais sobre as primárias, confirma-se uma sólida vantagem de Hillary no lado democrata, acentuando-se, também, a ideia de que Barack Obama se destaca como segundo classificado e Al Gore como terceiro. Falta saber se Barack se assumirá, mais à frente, como o grande opositor de Hillary numa luta a dois para a investidura democrata, ou se a senadora por Nova Iorque conseguirá manter todos os seus opositores a uma distância de segurança de perto de 20 pontos percentuais, como parecem sugerir alguns estudos.

Edwards e Kerry mantêm-se com níveis muito próximos dos de Gore, mas fica a ideia de que mesmo que, destas três possibilidades, só avance um deles, dificilmente esse candidato conseguirá conferir alternativa ao favoritismo de Hillary, ou mesmo à estrela positiva de Barack. Ainda que seja um vaticínio algo precoce, lançamos, desde já, o palpite: no lado democrata, quando chegar a hora da verdade (talvez depois do Verão de 2007), o grande duelo será mesmo entre Hillary Clinton e Barack Obama. Vejamos:

1.ª Hillary Clinton 37
2.º Barack Obama 15
3.º Al Gore 14
4.º John Edwards 9
5.º John Kerry 7
6.º Wesley Clarck 2
7.º Bill Richardson 2
8.º Joe Biden 2
9.º Evan Bayh 1
10.º Tom Vilsack 1
Outros+não sabe+não responde 10
nota: Mark Warner e Russ Feingold foram retirados das hipóteses, dado que já garantiram que não vão concorrer
(Polling Report)

-- Hillary 29
-- Obama 22
-- Gore 13
-- Edwards 10
-- Kerry 4
(Rasmussen Reports)

No campo republicano, e tal como já referimos acima, tudo aponta para um duelo McCain-Giuliani. Se os dois avançarem, é quase inevitável que se torne numa luta a dois, sobretudo se Condi Rice cumprir a promessa (feita com todas as letras, e claramente, num talk show televisivo há poucos dias) de que não irá concorrer a Presidente em 2008 – o desastre de popularidade da segunda Administração Bush, da qual Condoleeza faz parte e será a herdeira política nas próximas presidenciais a isso a condena, neste momento.

Giuliani parece ganhar um ligeiro avanço sobre McCain, o que é um pouco inesperado: o senador do Arizona é mais político do que Rudy, que aparece muito bem colocado para conquistar a Casa Branca em 2008, mas tem estado afastado de cargos executivos desde que abandonou a câmara de Nova Iorque.

McCain é um político muito bem preparado e, com o crescer da campanha, deve melhorar ainda mais as suas hipóteses, na corrida republicana. Tem contra si a idade (72 anos em 2008), mas reúne um conjunto de ingredientes que o tornam um candidato muito interessante para esta fase da vida americana: é muito experiente; é culto, sem fugir das questões da «vida real» (contrastando, por exemplo, com a intelectualidade demasiado «europeia» de Kerry ou Gore, que terão sido penalizados pelo eleitorado em 2000 e 2004 ao apresentarem-se como estando excessivamente acima do nível cultural dos americanos, facto que acabou por ter efeitos contraproducentes); é um antigo combatente, o que na política americana é sempre um trunfo (transmite a ideia de ter ‘servido a Nação’), mas não se mostra um belicista, tendo já apresentado muitas reservas com as posições da Administração Bush sobre o Iraque (embora, nesta fase, defenda um aumento de efectivos, de modo a que assegure uma retirada digna do Iraque).

Vejamos os últimos números do campo republicano:

-- Rudi Giuliani 29
-- John McCain 24
-- Newt Gingrich 13
-- Mitt Romney 6
-- Sam Brownback 2
-- George Pataki 2
-- Tommy Thompson 2
-- Duncan Hunter 2
-- Outros+não sabe+não responde 23
Nota: Condoleeza Rice não entra nas contas dado que já garantiu que não vai concorrer, apesar de existirem ainda algumas dúvidas quanto a essa posição; Bill Frist e George Allen também já anunciaram que não se vão candidatar
(Polling Report)

-- Giuliani 31
-- McCain 22
-- Gingrich 14
(Rasmussen Reports)

Publicado por André 03:27:00  

0 Comments:

Post a Comment