assim e assado
sexta-feira, novembro 17, 2006
Hoje, o Público vale cada tostão que custa. Pelo Editorial sóbrio, sensato e pertinente de José Manuel Fernandes, e - sobretudo - pelo artigo da Constança Cunha e Sá, sobre as irresponsabilidades do Dr. Lopes e... e as responsabilidades do Dr. Durão. Obviamente, dois textos para caírem em saco roto. [já escrevemos aquilo, e muito mais, por estas bandas para aí um milhão de vezes...]
Já ontem, tivemos o Dr. Lopes na RTP/1 e o Prof. Cavaco na SIC. O primeiro esteve igual a si próprio, o segundo já não sei. Confesso que ao contrário de outros que nele votaram não fiquei particularmente afligido com a linha de raciocínio presidencial, as coisas são o que são e a política é o que é - por estas bandas - fiquei foi genuinamente assustado foi por Cavaco parecer acreditar, genuinamente, naquilo que estava a dizer...
Antes já tínhamos tido o lançamento do livro do Dr. Lopes. Dou de barato que fora o umbiguismo do autor a esmagadora maioria do que lá está é verdade, como dou de barato que, fora isso, a maioria do que estava no livro do Dr. Carrilho também não andaria muito longe da verdade. A diferença jaz, caro JPH, não na alegada humildade do Dr. Lopes, por oposição à arrogância de Carrilho. A diferença está noutro campo, bem diferente - Lopes, ao contrário de Carrilho assume-se como parte de um sistema, e de um meio, pequeno e fechado, cujas regras conhece e cuja existência não contesta, sistema esse, palaciano e florentino, onde alguma imprensa tem importância fundamental. Ora, essa assunção não resulta de nenhuma particular humildade mas de uma forma hábil de desarmar quem por acção e omissão contribuiu para o circo. Já com Carrilho essa relação 'simbiótica' com a imprensa nunca existiu, daí ser visto por esta como um peixe fora da água, absolutamente descartável, por oposição a Lopes, que - como ontem se viu - garante sempre bons momentos e melhores caixas. De resto, fica-se com a certeza que - por estas bandas - a democracia é nominal. É tudo entre umas poucas dúzias, políticos, jornalistas, 'financeiros', e afins, que tudo se trata e tudo se joga, o resto meras formalidades.
Assim, e voltando ao tal editorial de José Manuel Fernandes seria bom que houvesse, finalmente, um debate a sério sobre o sistema eleitoral e a reforma do sistema político/administrativo. Por muitas entrevistas delicodoces que Cavaco venha a dar a verdade é que muitos dos problemas são endémicos da actual topologia do sistema... Infelizmente, parece-me, que se vai usar o argumento da 'estabilidade' para evitar que esse debate, ao menos o debate, ocorra. Ora, por muita boa vontade que haja, e às vezes há, outras vezes não há, há reformas que são pura e simplesmente impossíveis, com as coisas como estão. A balbúrdia à volta da lei das finanças locais e regionais é uma amostra, uma ínfima amostra disso.
Publicado por Manuel 14:14:00
E já agora, que acha da figura que fez, e que parece querer continuar, "urso" ou "palhaço"?
É que por acaso antes de escrever o txt acima tive o cuidado de ler o que escrevi na altura e sabe que mais... os factos só vieram a confirmar o que na altura opinei.
E depois não há rigorosamente contradição nenhuma. Quanto ao Marcelo - é público que não morro de amores pelo artista, e já o era à época mas nada do escrevi é - lamento - contraditado substantivamente pelo Dr. Lopes. A grande nuance é que para ele (DL) tudo era normal (quando feito pelos dele) e cabalístico quando no sentido inverso, sendo que a habilidade era in versamente proporcional à lingua... Quanto às pressões que alegadamente nunca foram feitas sugiro a leitura atenta de uma certa entrevista dada pelo... dr. Lopes nas vésperas das últimas legislativas ao JN. Para quem souber ler está lá tudo.
E não, não me arrependo de ter ajudado a por fim ao circo! Os que lá estão agora até podem não ser muito melhores mas pelo menos não passo a vergonha de ter de reconhecer que são da minha área política. E sim, eu sei que teria sido mais fácil fazer como o Toninho Xavier e o Pacheco fizeram, no último flashback (na sic/n - vide DN do dia seguinte), até você... Lamento mas não sou cínico nem hipócrita, muito menos a esse ponto.
As coisas são o que são.