Ballets
segunda-feira, outubro 23, 2006
- Vossa Excelência leu nos nomes que constam da informação?
- Li - Respondeu , imperturbável.
- Desculpe , eu sei que não é da minha conta, mas Vossa Excelência não acha que estamos a ir longe de mais? Há aqui nomes que são referências do regime, gentre importante , poderosa. Não sei, senhor inspector!
O inspector Josué decidiu olhá-lo de frente.
-Está com medo?
-É muito perigoso, senhor doutor, e eu só tenho este emprego.Não sei fazer mais nada! - balbuciou, nervoso.
Fechou a caneta e olhou distraído para a janela. A pergunta colheu Afonso de surpresa.
- Tem filhos, Afonso?
-Desculpe, não percebi...
-Perguntei-lhe se tem filhos!
-Não , por acaso não - gaguejou.
- É pena . Talvez compreendesse melhor porque é que não podemos ficar de braços cruzados! - De repente as palavras tornaram-se metálicas - Quero descobrir tudo. Homens , mulheres, crianças. Quero aí preto no branco, quem dorme com mulheres, quem se deita com as miúdas, quanto pagam, onde o fazem e, sobretudo, perceber!...
-Afonso estava desorientado.
-Perceber?!...
-Perceber o prazer que alguém pode ter em prostituir crianças. Crianças, agente Afonso. Não lhe causa repugnância?
-Sim, claro.
-Então cumpra o seu dever.
Felícia Cabrita e Francisco Moita Flores, Ballet Rose, pescado no blog de José Maria Martins
Publicado por Carlos 16:52:00
1 Comment:
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- Bart Simpson said...
1:44 da manhã, outubro 25, 2006será que a vida se repete...?