a diferença
sexta-feira, agosto 11, 2006
É nestas coisas que se vê como somos um país de absolutos apacóvios (das esquerdas aos auto-proclamados liberais). Cá, é tudo - GSM/UMTS/TV em sinal aberto - dado, ou quase, com escandalosas renovações administrativas de contratos de licença pelo meio. Lá fora não. Enquanto lá se embolsam um bons biliões de dólares, cá prescinde-se de encaixar umas boas centenas de milhões de €uros - afinal custa menos aumentar os impostos à plebe que comprar uma guerrazita com a PT, o Eng. Belmiro, o Dr. Balsemão ou a rapaziada da Média Capital... Uns podem, outros não - Portugal é assim.
Publicado por Manuel 12:50:00
11 Comments:
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Há países onde se fizeram leilões abertos, Alemanha, Estados Unidos, etc.
Outros, como a Finlândia que fizeram concursos de beleza, isto é, as licenças foram baratas e os que fizeram as propostas melhores para o país ganharam.
A meu ver, para um país como Portugal, é ceste o caminho correcto.
Num leilão o Estado poderia arrecadar uma fortuna mas a seguir perderia todo este dinheiro pois um leilão era a forma mais simples das grandes multinacionais arredaram as empresas portuguesas do concurso...
Se a atribuição das licenças de 3G tivesse sido por leilão o mais natural era a PT (ou a SONAE) não terem conseguido lá chegar e teriamos agora o mercado dominado pela Vodafone e por mais duas grandes empresas estrangeiras e a PT à beira da falência e a despedir pessoal...
Todo o lucro que o Estado poderia ter tido iria fora em subsídios de desemprego e em impostos que a PT e outras empresas deixariam de pagar...
Rewind, and do the math again. (Além do mais, mais dia menso dia a PT vai para mãos estrangeiras...)
P.S. O caso da Finlândia não conta - aquilo foi é uma forma elegante de 'financiar' a Nokia... Já na França, no UK, na Alemanha, (tudo tansos) houve o quê ?
Provavelmente a PT pagaria e, ou ficava descapitalizada ficando limitada em futuros investimentos e em investigação ou, o que era mais provavél, vendia a arma ao diabo (à Telefonica, por exemplo) associando-se a uma empresa estrangeira para ganhar a licença e, de caminho, perderia muita autonomia.
O drama de a PT ir ao fundo era muito simples, milhares de desempregados e diminuição drástica da independência e autonomia do país.
Ficariamos por cá com uma empresa de comunicações dirigida por um carrapatoso qualquer e dependente do que o Centro de dDecisão situado algures na Europa decidisse. O drama da FORD da Azambuja não serve de lição?
Claro que a empresa que ficasse com o negócio da PT criaria empregos, empregos de baixo nível e mal pagos e simultaneamente destruiria empregos de alto nível e bem pagos.
De caminho, como não há dupla tributação na União Europeia, pagaria o grosso dos impostos noutro país, Espanha, Holanda, ou Luxemburgo...
E assim lá se ía todo o dinheirinho ganho com o tal super leilão...
"Ou será que O Raio defende em nome do patrioteirismo que se tolere tudo ?"
Não sei o que é "patrioteirismo"... mas suponho que entendo.
Não, não defendo que se tolere tudo. Mas defendo que entre ser explorado por uma empresa portuguesa ou super-explorado por uma empresa estrangeira, do mal o menos, prefiro ser explorado pela empresa portuguesa. Ao menos sempre fica cá o dinheiro dos impostos.
"a mais escroque banca da €uropa"????
Mais de um terço da banca de cá é estrangeira.
Depois estas notícias de que a banca portuguesa é a mais cara são muito suspeitas e, pelo que sei de bancos noutros países duvido muito.
Qualquer pessoa que já tenha lidado com bancos ingleses, por exemplo, duvida mesmo muito destas notícias.
Ainda por cima esta de que os bancos portugueses são os mais caros vieram logo a seguir a um estudo que dava a banca portuguesa como a melhor da Europa.
Isto cheira-me muito a guerra de bancos estrangeiros para colocarem cá a pata, mais do que já está.
O caso da Finlândia conta sim senhor. Acredito que tenha sido uma forma de financiar a NOKIA. Mas, e depois? Não estou já farto de ver a Finlândia como exemplo e de ver os nossos políticos a chorarem por não termos cá uma NOKIA?
É que as NOKIAS não aparecem por obra e graça do Espírito Santo. aparecem porque houve quem teve iniciativa e porque houve políticos de visão que apoiaram por todas as formas ao seu alcance essa iniciativa.
Um abraço
O estudo que qualificou a banca como a melhor fazia-o numa óptica, que não a da qualidade/preço dos serviços, mas tão somente dos lucros obtidos...
Quanto à questão da PT você tem a certeza que sabe do que está a falar ? Tem mesmo ? é que ao comparar 'utilities' com uma fábrica (indústria) de calhambeques entrou por caminhos um bocado sinuosos...
Para terminar, convém recordar que a PT já é de... quem a Telefónica quiser (não por acaso o Sr. Villalonga - no exílio - é 'tecnicamente' consultor do BES) estando para ver qual o verdadeiro papel do Santander no meio disto tudo, sendo que ao contrário do que você insinua a estratégia adoptada ao invés de proteger os nacionais antes os tornou (espere pelo fim da novela) muito mais vulneráveis porque apeticíveis a ataques exógenos.
As coisas são o que são.
O exemplo que o Raio dá, os leilões de beleza na Finlandia, foram uma das causas dos baixos preços das chamadas no país (as mais baixas da UE-15, nao sei se em termos absolutos ou relativos). O que o Raio nao notou foi que existe(ia) um mercado extremamente competitivo com facilidade de entrada, novos jogadores a entrar e subitamente a mudar de maos e com os principais grupos a verem-se forçados a comprar e ou lançar "marcas B". Infelizmenre, está em curso no pais a consolidação do mercado e parece-me que no futuro isso se vai refletir nos preços.
PS: Nao digo que seja impossivel que a Nokia tenha influenciado a politica do governo mas parece-me muito mais crivel que tenha havido negociação com os operadores estabelecidos (a cobertura de todo o territorio é custoso e no norte nao da nada), até porque ambos tem participação estatal... Para a Nokia 1 milhao de aparelhos (o diferencial, no maximo) ao longo de 5 anos sao amendoins, como dizem os ingleses.
Mais, se a Nokia tivesse realmente força para "ditar" lei, há muito que seria possivel comprar telemoveis com assinatura (apenas desde a primavera deste ano). Os telemoveis dos finlandeses sao dos mais antigos e basicos entre os ocidentais e só agora os modelos mais avançados se popularizam.
No fundo, no fundo, ninguém contrariou o que eu disse.
Excepto numa coisa:
"O estudo que qualificou a banca como a melhor fazia-o numa óptica, que não a da qualidade/preço dos serviços, mas tão somente dos lucros obtidos..."
O que até é falso, o estudo era orientado para a qualidade do serviço.
Quanto aos "estudos" que dão os bancos portugueses como os mais caros, quero só sublinhar de que um estudo deste tipo é muito difícil de fazer porque os bancos são diferentes. A banca portuguesa é a mais automatizada da Europa (e provavelmente do Mundo) e assim podem existir tarefas que são caras nos bancos portugueses porque existem alternativas automáticas mais baratas e o preço é uma forma de obrigar as pessoas a irem para as alternativas automáticas e mais baratas.
Em resumo, até pode ser que a banca portuguesa seja cara, o que eu digo é que é muito difícil definir isto e não é por uma lista de custo de serviços que se chega lá.
Quanto aos leilões o que se vê é que se o Estado deixa a economia andar sozinha os grandes devoram os pequenos. Naturalmente um estado responsável perante os seus eleitores tenta conduzi-la.
E o que é também óbvio é que o vender qualquer tipo de licença o mais caro possível de nenhuma forma significa que o Estado ganhe dinheiro... até pode perder...
Um abraço
Recordo o ido ano 2001 em que ainda não havia tecnologia UMTS alguma e as licenças já tinham sido vendidas. Lucraram os estados que as atribuiram, lucraram na mesma os operadores que anunciaram serviços futuros.
E os fabricantes para lucrarem também acabaram por despedir milhares de colaboradores (o que provocou o contra-ciclo).
Duvido que algum desses desempregados se tivesse sentido melhor se soubesse que a dita licença havia sido leiloada ou que estava em "mãos nacionais".
peço desculpa pela gralha.
No fundo, no fundo, ninguém contrariou o que eu disse."
Shall we'll call it a draw?