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terça-feira, agosto 08, 2006
A propósito da prosa abaixo, acerca da 'bondade' do MP versus as teses cabalísticas do dr. Pacheco uma breve nota - como regra geral, não vale a pena procurar em cabalas, conspirações, até no 'oculto', a explicação para factos que podem ser (muito) mais facilmente explicados de forma infinitamente mais simples. Por muito que custe o MP não é melhor que o País que temos, é também, e tão só, mais um espelho do país que temos, com mais maus que bons, ponto. Como tal não vale a pena esperar milagres, não vale a pena esbracejar com a Lei, com o passado, ou até com a coerência - as coisas são o que são, e estão à vista de todos. Os critérios de seleção do CEJ são aquilo que se sabe (sugiro uma olhada aos testes (e às notas) de cultura geral para se perceber a dimensão do drama) e pese o facto de ainda haver por aí uma série de almas piedosas e competentes, que as vai havendo, formadas noutros tempos, que ainda acreditam no Pai Natal, o facto é que um analfabeto funcional, que nunca foi ensinado a pensar e raciocionar, não passa a ser algo mais, quanto muito, que um básico funcionário/burocrata só pelo facto de doravante ser 'juíz' ou 'procurador'. Foi, e é sempre assim - sem ovos não há omoletes. Salvo honrosas excepções para as magistraturas, como para as polícias, vai o refugo, o que não arranjou nada para fazer noutro lado. É por isso que a investigação nunca leva a lado nenhum, porque o confronto não é leal/equilibrado, porque muito mais do que a falta de meios, são os recursos humanos que falham - ora os novos por manifesta falta de qualidade, ora os velhos porque pura e simplesmente desistiram e não estão para se chatear, porque 'não vale a pena', ora os rambos , porque acham que perdido por cem, perdido por mil, alinhando no valle tudo.
Aquilo que o dr. Pacheco não percebe é que o MP acaba de facto, e demasiadas vezes, a fazer política, não por acção, mas por omissão, o que está longe de ser a mesma coisa. Quanto ao caso do envelope 9 eu até concedo que muito do que se passou era dispensável - é ululantemente óbvio que, afundados em formalismos, muito boa gente do MP não percebeu, e continua sem perceber, não só o que se passou, como, mais importante, o contexto em que as coisas se passaram. São, mais uma vez espelho, do País - afinal, ainda hoje, o dr. Pacheco (que curiosamente não vi indignar-se acerca da 'habilidade' usada para 'apanhar' jornalistas no caso freeport) também não percebeu, nem dá sinais de querer perceber o âmbito da coisa.
Para o MP, como um todo, voltar a ser levado a sério não é preciso um clone do dr. Cunha Rodrigues a PGR - basta que passe a haver, no seu seio, um pouco, um mínimo, de humildade e autocrítica. Auto-crítica essa que mais tarde ou mais cedo vai ter que passar, sem dramas, e falsas demagogias, por uma avaliação dos quadros disponíveis, assim como medidas consequentes desta. Até lá, não passarão de sacos de boxe onde são descarregadas as frustações, alheias e do momento. Nem mais, nem menos.
Termino como um pequeno documentário, dedicado ao Procurador Rosário Teixeira... Bem vistas as coisas, está lá tudo.
Publicado por Manuel 11:55:00
Acho estranho que ninguém se tenha indignado com a recente decisão da resolução da Relação, na qual legaliza o facto de que um jornalista pode ter acesso aos nomes de detentores de números confidenciais (Compromisso da PT) publicá-los no Jornal.
Hoje são números de telefone, amanhã serão outro tipo de informações confidenciais, quiçá segredos de estado, que possam ser postos em jornal sem que os seus responsáveis sejam incomodados.