Fantasmas

Vasco Pulido Valente, em entrevista, hoje ao DN, a propósito do lançamento do seu novo livro “Um herói português- Henrique Paiva Couceiro”:

DN- Os conceitos de esquerda e direita ainda têm razão de ser?
VPV- Sim. Há um papel na promoção da igualdade social que o Estado nunca deve abandonar. Isto é um ponto de vista da esquerda. O “Estado mínimo” é um ponto de vista da direita. Não sou partidário do Estado mínimo.

Apetecia-me dizer: nem eu! Mas isso é completamente irrelevante para as irrelevâncias que alinho a seguir.

Se a distinção entre esquerda e direita se fizer desse modo, acho que a linha divisória foi recuando, recuando, de há uns anos para cá.
E então, vejamos: quem é o partido de direita, em Portugal?
Fácil de responder, seguindo esse critério: não há!
E o de esquerda?
Fácil também: o PCP de Jerónimo e Cunhal, que Deus tenha no lugar merecido.
Mas então, se não há partido no lugar da direita e o da esquerda está tomado, como se podem classificar os partidos do nosso espectro político?
Espectros?!
Ou antes, fantasmas ideológicos?

Publicado por josé 22:05:00  

4 Comments:

  1. james said...
    Continuo a achar sem fundamento pertinente as constantes alusões e repetições a VPV, um homem deveras delirante e que me parece nunca poder ser levado a sério.
    António Viriato said...
    Há muito que o espectro político português se atrofiou, numa coisa amorfa, indistinta, central, que se refugia nuns lugares-comuns que repete, incessantemente, naquele linguajar economês que criou raízes : a competitividade - sempre dos outros e dos pequenos ; a modernização tecnológica, que nunca se enxerga e se pretende iludir com a pressão descendente dos salários, vista como a panaceia da Economia lusa; a legislação laboral, tida como demasiado rígida, quando há cada vez mais gente com vínculos precários, sem garantias de continuidade no emprego, cainda na precariedade social, sem direitos e sem dignidade; a Constituição da República, igualmente arvorada, de vez em quando em óbice à modernidade nacional, etc., etc. Ou seja, na maior parte, meros pretextos de propaganda : inanidades, preconceitos, subterfúgios, fantasias, que escondem os verdadeiros problemas : incompetência, nepotismo, corrupção, incapacidade de liderar pelo exemplo, ausência de sentimento patriótico e consequente servilismo ou docilidade a interesses estrangeiros, tudo características dominantes das nossas ditas elites socio-políticas, dirigentes empresariais, etc., que nos têm desgovernado colectivamente, mas se encontram quase todas elas bem governadas, acumulando empregos, administrações, reformas e demais representações que assegurem mordomias, privilégios e altos rendimentos. O País, esse, coitado lá vai vivendo como pode ou como Deus quer, mergulhado em mar de futebol, agora de cobertura democrática altamente patrocinada. Que futuro estaremos criando para as gerações seguintes ?
    zazie said...
    há quem chame a isso liberalismo e eu não gosto pelo mesmo motivo.

    O mesmo se passa com os impostos. Ele também os defende pela mesma razão
    Bayushiseni said...
    Na verdade, Caro José:

    Parece-me que tudo se resume a isto: corrupção e desistência.

    Os corruptos não têm ideologias nenhumas, servem-se delas para se mascararem. Destroem por dentro. E uma vez que aqueles que ainda acreditam insistem em desistir, dão corda larga aos corruptos para fazerem o que querem.

    É verdade que existe uma crise de valores ideológicos no ocidente, mas em Portugal o que existe é uma crise de corrupção e de gente que não tem força para travar a corrupção.

    Corrupto e desistentes é o que é e o VPV devia ter era vergonha.

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