A abdução constipada
quinta-feira, julho 20, 2006
Sobre a morte de Mikey Spillane, autor de livritos com historietas policiais, Eduardo Prado Coelho, que confessadamente não lê blogs, assina hoje uma crónica-obituário no Público.
Refere ter aprendido algumas coisas, não esclarecendo se o foi com as leituras dos primeiros cem livros policiais, publicados na colecção Vampiro da Livros do Brasil, ou se os ensinamentos de que dá conta, derivam dos estudos intensivos da semiótica. Entre esses ensinamentos avulsos, há um, muito curioso:
“ Também aprendi ( sobretudo com Thomas Sebeok e também Umberto Eco) que o mecanismo lógico da abdução ( nem indução nem dedução) é o único que traz um verdadeiro conhecimento. A própria metáfora é uma forma de abdução. Mas serve, em livros policiais, para o detective demonstrar quem é o assassino, não tendo qualquer prova empírica nesse sentido.”
A abdução, apresentada pelos amadores do estudo dos signos e das semióticas, mesmo de bolso, pode simplisticamente, enunciar-se assim: Um determinado facto que nos surpreende, pede-nos uma explicação.
Por exemplo, alguém apodou uma determinada figura institucional, depois de determinadas ocorrências desagradáveis que envolveram o próprio apodador, de “gato constipado”.
Se o apodador tivesse uma razão pessoal, real, plausível, para se determinar ao ápodo, o facto de o mesmo ter sido produzido num escrito, seria natural e compreensível.
Donde, por este método particular que segundo o cronista é o único que traz um verdadeiro conhecimento, há razão para se suspeitar com suficiente grau de certeza que o apodador tinha efectivamente razões pessoais, desagradáveis, plausíveis, para o acto- e que são , apesar de tudo, desconhecidas.
Ecco! Elementar, caro Peirce.
Publicado por josé 12:45:00
You really can´t read, and your writing suffer from the same disease.
The chamber doesn´t do you any good, jack. Your obsessions betray you, everywhere you go.
To suffer or not to suffer- that is the question.
And, jack, you are an intransitive verb.
Servo croata ainda não,mas... latim, serve?!
Então aí vai, com os cumprimentos da Loja:
"accipere, quam facere, praestat injuriam".
A citação é de Cícero-e vem no fim dos dicionários...ahahahah!