Sob o signo da realidade

«Durante anos acreditei que era possível pôr em prática uma política social de combate à pobreza e às desigualdades, a partir de partidos de centro-direita, como penso que era o CDS, via doutrina social da Igreja. Foi isso que mudou: ao fim de 20 anos, cheguei à conclusão de que não é possível fazer uma política audaciosa a partir de partidos centro-direita, pelas suas ligações umbilicais aos grandes interesses económicos. Esses partidos vivem financeiramente dos contributos dos grandes interesses económicos.»(Freitas do Amaral, entrevista ao suplemento "Unica" do Expresso), por via do blog Causa Nossa.
Este blog, será, declaradamente, um “think tank”! Tal afirmação, provém de fonte limpa: veio directamente de uma colaboradora desse blog, Maria Manuel Leitão Marques, e que tal o disse em entrevista à Visão desta semana(que a apresentou como mulher de Vital Moreira e actual responsável pelo programa de simplificação administrativo-governamental, crismado de “Simplex” , cuja ideia, aliás, seria da autoria do próprio ministro)!
“Think Tank”… imagine-se!
Ontem , no lançamento de um livro de Manuel Maria Carrilho, foram proferidas afirmações de gravidade inaudita e sem qualquer fundamentação concreta audível.
A imprensa desta manhã, dá conta dos ataques de Carrilho à comunicação social em geral, e a certos comentadores encartados em especial, vitimizando-se pela derrota sofrida nas eleições autárquicas.
A principal “verdade” de Carrilho no livro que publicou, é uma acusação concreta a António Cunha Vaz, responsável por uma agência de comunicação e que se teria apresentado àquele, como candidato para fazer a campanha para a Câmara de Lisboa. "Vinha oferecer-se para tratar de tudo, insistindo muito em dois pontos da sua oferta a recolha - obviamente ilícita - de fundos, e a compra de opinião". "Hoje tudo se compra, afiançou-me com ar espertalhão, antes de, perante a minha incomodidade face a tais propósitos, começar a amaciar os seus apregoados trunfos".
No lançamento do livro, Emídio Rangel apresentou o volume de pouco mais de duzentas páginas “Sob o Signo da Verdade
De acordo com o Diário Digital, Emídio Rangel, secundou Carrilho nas críticas violentas à comunicação social , dizendo que «há agências de comunicação social com jornalistas avençados das formas mais variadas para o serviço sujo, para silenciar e comprar estratégias comunicacionais, para fabricar heróis, construir imagens positivas ou para destruir a imagem de alguém».
«O mau jornalismo tem vindo a impor-se e a ganhar muitas batalhas ao bom jornalismo. No mundo da política, então, assume proporções alarmantes perante a indiferença do Estado, do Governo, da tutela dos jornalistas», acrescentou.
Emídio Rangel terá afirmado ainda que as agências de comunicação «tudo compram» e
que «estes jornalistas que se vendem e se prostituem na praça pública têm de ser banidos dos meios para salvaguarda daqueles que exercem bem a profissão».
Aqui fica um retrato do país político-social de Maio de 2006.

1.Do país em que um alto responsável político, actualmente ministro de um governo e que esteve inserido na política partidária durante anos a fio, fazendo parte do gotha de políticos que tudo acompanhou nesta III República, muda entretanto de orientação política e denuncia( que outro termo se pode utilizar- Insinua?!) que os partidos de centro direita vivem de esquemas que o desagradaram e justificaram a mudança de posição ” pelas suas ligações umbilicais aos grandes interesses económicos. Esses partidos vivem financeiramente dos contributos dos grandes interesses económicos.”
2. De um país em que uma responsável máxima por um serviço governamentam de ambiciosa inovação administrativa, declara que colaborou num “think tank” que é afinal…um blog como o “causa nossa”!!!
3. De um país em que um membro destacado de um partido político da área de poder real e efectivo, ( tanto que está no Governo), declara publicamente a existência de tentativas óbvias de corrupção a vários níveis, com destaque para a recolha ilegal de fundos e a manipulação da opinião pública através da pura e simples “compra” de opinião publicada.
Para confirmar estes esquemas, temos um especialista em comunicação e que lançou a SIC, tendo chegado quase a afirmar, em tempos, que a tv poderia fabricar um presidente…
Presumindo-se que sabe do que fala, confirmou o mais grave: “ há agências de comunicação social com jornalistas avençados das formas mais variadas para o serviço sujo, para silenciar e comprar estratégias comunicacionais, para fabricar heróis, construir imagens positivas ou para destruir a imagem de alguém”.

"Portugal, que futuro? "

Publicado por josé 12:03:00  

7 Comments:

  1. formiga bargante said...
    Meu caro josé

    O livro de carrilho é muito, mas mesmo muito mais do que um ataque pessoal a Cunha Vaz, ou, como muito bem refere, do que consta nos jornais, dos ataques a alguns comentadores encartados.

    Se tiver ocasião de lêr o livro, verá que aquilo que a comunicação social destaca é acessório, bom para encher primeiras páginas e outros destaques, mas nada tem a vêr com o essencial do livro: a falta de controlo democrático da classe jornalistica.
    Na apresentação do livro, ontem, e eu estive lá e ouvi, uma das críticas mais violentas de Emídio Rangel foi dirigida aos vários poderes/interesses que têm inviabilizado a constituição da ordem dos jornalistas. E sobre isso, e olhe que foi um dos ataques mais violentos de Rangel, a comunicação social nada refere.Coincidências, dirão alguns...

    Boa leitura
    josé said...
    Convido-o a escrever a sua recensão do livro.
    Pode ser mesmo aqui que publicarei na front page.

    Ou pode mandar por mail:

    jmvc@sapo.pt
    josé said...
    Ou num dos seus blogs que agora vi.

    Basta avisar e republicarei.
    formiga bargante said...
    Meu caro josé

    Agradeço o convite, mas não tenho capacidade para tal desafio.
    Tenho sempre bem presente que o sapateiro não deve subir para além das botas.

    De qualquer das formas, obrigado.
    maloud said...
    Pois é, Sniper. Mas talvez, se pudesse aproveitar a saída do livro do Carrilho, para discutir com alguma profundidade a comunicação social. A sua promiscuidade com interesses económicos pouco claros, a falta de transparência de jornalistas conceituados que nunca fazem a declaração de interesses, a impreparação cultural da maioria dos repórteres e jornalistas televisivos dizendo às vezes as coisas mais absurdas, sem se darem conta. Gostava que quem tem talento e percebe da matéria pegasse nisto, porque de certeza muitos de nós aproveitaríamos e perceberíamos melhor o que se vai passando.
    Quanto ao livro do Carrilho não contava lê-lo, porque a personagem não me atrai, mas os comentários da Formiga Bargante que vou lendo aqui e ali despertaram-me a curiosidade.
    zazie said...
    mas o que o post do José fala não é nada disto. O que mostra é a lata dos que denunciam que são os mesmos que corrompem! Essa é que é a verdadeira lata.

    A treta é que nunca se sabe onde acaba o político e começa o publicitário ou vice-versa. Pelos vistos a senhora Simplex sabe mas não deixou o lugar de think tank para ser simplex
    zazie said...
    a promiscuidade é tudo isto, ora!

Post a Comment