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quarta-feira, fevereiro 08, 2006
...é sempre um bom hábito.
Sobretudo para nos recordarmos que na nossa «Europa, Querida Europa» a liberdade de expressão é uma marca de água que nos faz sentir em casa. Convém que não nos esqueçamos dessa pequena diferença em relação a outras culturas.
«Europa nascida na Ásia profunda, ó filha do rei fenício Agenor
que Zeus entranhado no corpo de um touro
levou-te p'ra Creta cativo de amor
Europa é de Homero de helénicas formas
do forum romano e da cruz
de tantas nações
ariana e semita
ventre das descobertas
da luz
do diverso sistema
do modo diferente
da era da guerra
e agora da paz
és assim querida Europa
vem que eu te quero toda
do mar à montanha
vem que eu quero muito mais bela que o mar
vem vencendo cizânias
que os povos sem feudos
sempre se amaram brilhantes em todo o lugar
o teu chão não é traste
de meros mercados
de pauta aduaneira ou cifrão
é um terrunho de almas
uma ideia um desejo
de uma nova maneira
em fusão
desfazendo complexos de mapas cor-de-rosa
sem a má consciência no verso e na prosa
só por ti querida Europa
para que sejas tu mesma
a decidir o teu uso
para que sejas tu mesma ainda mais natural
não me toques o "beat" à americana
que esse já nós conhecemos na versão original
aguenta-te firme livre de imitações
espera só mais um pouco já vai
o que resta e o que sobra
aquela mesma saudade
toda a imaginação ainda mais
não sentes um vago
um suave cheiro a sardinhas
a algazarra nas ruas e o troar dos tambores?
somos nós querida Europa...»
«Europa, Querida Europa», Fausto Bordalo Dias
in «Para Além das Cordilheiras», 1987
Publicado por André 23:39:00
1 Comment:
-
- Fernando Martins said...
8:47 da tarde, fevereiro 09, 2006Grande Poeta e Grande cantor, infelizmente um pouco "maldito", mas um dos melhores de sempre...!