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...é sempre um bom hábito.

Sobretudo para nos recordarmos que na nossa «Europa, Querida Europa» a liberdade de expressão é uma marca de água que nos faz sentir em casa. Convém que não nos esqueçamos dessa pequena diferença em relação a outras culturas.

«Europa nascida na Ásia profunda, ó filha do rei fenício Agenor
que Zeus entranhado no corpo de um touro
levou-te p'ra Creta cativo de amor

Europa é de Homero de helénicas formas
do forum romano e da cruz
de tantas nações
ariana e semita
ventre das descobertas
da luz

do diverso sistema
do modo diferente
da era da guerra
e agora da paz
és assim querida Europa

vem que eu te quero toda
do mar à montanha
vem que eu quero muito mais bela que o mar

vem vencendo cizânias
que os povos sem feudos
sempre se amaram brilhantes em todo o lugar

o teu chão não é traste
de meros mercados
de pauta aduaneira ou cifrão

é um terrunho de almas
uma ideia um desejo

de uma nova maneira
em fusão

desfazendo complexos de mapas cor-de-rosa
sem a má consciência no verso e na prosa

só por ti querida Europa

para que sejas tu mesma
a decidir o teu uso
para que sejas tu mesma ainda mais natural
não me toques o "beat" à americana
que esse já nós conhecemos na versão original

aguenta-te firme livre de imitações
espera só mais um pouco já vai
o que resta e o que sobra
aquela mesma saudade
toda a imaginação ainda mais

não sentes um vago
um suave cheiro a sardinhas
a algazarra nas ruas e o troar dos tambores?

somos nós querida Europa...»

«Europa, Querida Europa», Fausto Bordalo Dias
in «Para Além das Cordilheiras», 1987

Publicado por André 23:39:00  

1 Comment:

  1. Fernando Martins said...
    Grande Poeta e Grande cantor, infelizmente um pouco "maldito", mas um dos melhores de sempre...!

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