um rumo

Ontem o Governo, socialista, anunciou mais uma onda de privatizações, da REN à TAP, com a expectativa de obter encaixes bastante razoáveis. Ao mesmo tempo, anunciou a intenção de manter a golden share na PT, algo que parece não incomodar o übber capitalista Belmiro. Àparte a esquerda ideológica ninguém se mostrou particularmente incomodado. Pois bem, a mim que não sou de esquerda, muito menos socialista, isto tudo incomoda-me, e desde há muito. Incomoda-me, porque nunca houve em Portugal uma política consistente de privatizações. Nunca. Basicamente, e porque, em abstracto, é mau o Estado intervir directamente na economia, privatiza-se casuísticamente, ao sabor dos ventos e marés, e em função das necessidades financeiras do momento. Um erro. Eu também quero um Estado leve, ágil e com o mínimo de intervenção directa na economia, mas gostava que houvesse um consenso alargado sobre qual o verdadeiro papel do Estado na economia, e de que forma. Que houvesse uma visão sobre o que é estratégico e o que não é, sobre o que é core-business e sobre o que é secundário, sobre o que tem a ver com a soberania e o que não tem. Infelizmente parece que por cá o kilo continua igual ao litro. Tolerar habilidades financeiras só porque se reconhece a necessidade de liquidez, por um lado, e por outro porque se é um 'liberal' é de uma irresposnsabilidade grosseira. Porque tem que haver um rumo, e não há. Ah, e quando é que se fala das 'águas de portugal' ?

Publicado por Manuel 13:23:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    Meu caro Manuel:Ou você nasceu ontem ou distraiu-se no caminho,pois enquanto o PS(aqui pouco pode o Eng. Socrates)continuar dominado pelos "ideais" estafados dos velhos "compagnon de route" o que acha que muda?
    AM said...
    "uma política consistente" ? Pois se não temos nenhuma para qualquer outra matéria, porque é que as privatizações haveriam de ser excepção?

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