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sábado, fevereiro 18, 2006
O Expresso explica que um sócio da empresa Bragaparques tentou subornar um vereador da câmara de Lisboa. Quarenta mil contos era o preço do silêncio de José Sá Fernandes (que denunciou a tentativa de corrupção à PJ) sobre a compra dos terrenos da Feira Popular à câmara municipal de Lisboa. Esta mesma empresa, especializada em construir parques de estacionamento nas principais câmaras do País, já tinha feito um negócio ruinoso para o Estado no Hospital de S. João. A história é simples: em troca do arranjo do parque de estacionamento do hospital, o pagamento de 50 mil contos em material hospitalar, uma renda de 750 contos mensais e uma percentagem de futuras receitas a BragaParques recebeu (do hospital) terrenos para construir um hotel, um centro comercial e um parque subterrâneo.
O problema é que uma das administrações do Hospital de S. João decidiu renegociar o contrato. O Hospital comprometeu-se a pagar à Braga Parques uma percentagem do dinheiro recebido dos utilizadores do seu parque à superfície em troca de mais obras de beneficiação do dito (essas obras já eram o objecto central do contrato original). Resumindo: em alguns meses, o Hospital passa a dever mais de 100 mil contos de rendas à empresa a quem já tinha cedido, ao preço da uva mijona, os seus terrenos . Quando Isabel Ramos, nomeada pelo governo PSD, chega à presidência do Hospital de S. João opõe-se ao pagamento desta dívida. É demitida pelo mesmo ministro que a nomeara. Luís Filipe Pereira de seu nome.
No caso do Metro do Porto, escrito pelo meu amigo Luís Rosa, no Expresso de hoje, a pouca vergonha é do mesmo género. Entre 2000 e 2003, o conselho de administração, liderado pelo arguido do apito dourado, Valentim Loureiro, deu prémios de trabalho ao presidente da empresa de capitais público e aos seus dois administradores executivos. O bando dos três recebeu 650 mil euros de prémios de produtividade apesar da empresa ter apresentado semrpe resultados negativos. O Luís escreve que em 2004 chegaram a 38 milhões de euros de défice. E explica ainda mais: Oliveira Marques e os dois administradores executivos ganhavam salários de 140 mil euros e de 110 mil euros anuais. Os prémios anuais correspondem a nove salários mensais. Os presidentes de câmara que integravam o conselho de administração (os autarcas Valentim Loureiro, Rui Rio, Narciso Miranda e Mário Almeida) ficavam-se pelos 50 mil euros brutos anuais de compensação pelo trabalho na empresa, que, entre outras obras primas de gestão, conseguiu construir uma ponte por 33 milhões de euros quando era suposto que esta custasse apenas 14 milhões de euros. Foi entregue com três anos de atraso.
Melhor ainda, sabem o que é que o governo faz quando o jornalista lhe pede acesso ao relatório da IGF sobre a Metro do Porto? Primeiro, diz que não entrega. Depois, quando a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativo ordena que o jornalista tenha acesso ao relatório, entrega uma versão parcial. Justificação de Teixeira dos Santos: "Prevenir a violação de sã concorrência, proteger a privacidade dos negócios e evitar difusão prejudicial à empresa do Metro Porto". Termino esta nojeira toda com uma recomendação ao PGR: continue a fazer rusgas nos jornais. Está no bom caminho.
Francisco Trigo de Abreu
Publicado por Manuel 15:54:00
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