Tabloidização geral
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
A capa do jornal basta como comentário a esta situação: a um jornalismo em formato tablóide, simplificado, simplório às vezes, nada melhor do que uma imagem a condizer... Apetecia responder: vejam nos bolsos da consciência; nos armários da ética jornalística;nas arrecadações da deontologia profissional! Mas não adiante, porque todos esses conceitos, soam a vazio quando se podem ler os factos, na versão do próprio jornal...
- "Como foi feita a busca"
a lei processual penal é muito directa e clara neste aspecto: não podem nem devem ser relatado actos processuais, nos termos em que o jornal o faz. A proibição decorre do artigo 86º nº 2 do C.P.P. Para além disso, o 24 Horas escreve que a diligência começou assim: "Isto é uma rusga!" Soa muito a cliché cinematográfio tirado de banda desenhada ("Isto é um assalto"...). O Público, noticia antes que afinal a diligência terá começado assim:..."Tirem as mãos dos teclados e desliguem os telefones"! Afinal, onde está a "verdade, verdade, verdade" a que se referia o director do jornal, como primeira preocupação do jornal, ontem no Clube de Jornalistas?! - "O que é esta investigação"
O jornal não sabe ainda exactamente o que é "esta investigação", por isso especula, inventa e desinforma. Ontem, na RTP2 o director do jornal disse que "a primeira coisa que um jornalista deve fazer num jornal é criticar a fonte- a informação interessa sempre a alguém". Precisamente, neste caso, interessa ao próprio jornal e por isso a fonte é a que está á vista. - "Crónicas dos suspeitos"
lê-se a crónica de um suspeito a contar que a polícia Judiciária foi a duas casas... - "Dezenas de opiniões"
para além de dúzia e meia de notáveis do comentarismo, com frases aparentemente truncadas, constam sete declarações de leitores e meia dúzia de anónimos... - "As vozes do 24 Horas"
Não são apenas as vozes, mas as imagens da diligência efectuada.
Isso, apesar de o jornal ter esclarecido os seus leitores que "No fim da operação, os magistrados fizeram questão de assinalar no auto de busca e apreensão que a recolha de imagens não foi autorizada por nenhum dos elementos da equipa de investigação e que a trasnsmissão dessas imagens pode implicar um crime de desobediência".
Hoje, o 24 Horas publica uma dúzia de fotos dessa diligência. A publicação dssas fotos, como é evidente, constituem a prova material de um crime de desobediência. É um crime previsto e punido no artº 348 do Código Penal Português, aprovado democraticamente. A pena aplicável é de prisão até um ano ou multa até 12o dias. A diligência efectuada pelas autoridades judiciária, destina-se a recolher provas indiciárias da prática de um crime. De outro ou outros. Um jornal, como qualquer outro lugar ou cidadão, só pelo facto de o serem, não estão acima da lei se a lei permitir uma determinada diligência e ela foi realizada de acordo com a lei.
O crime de desobediência é um crime contra a autoridade pública. A reportagem do 24 Horas de hoje é uma provocação a essa autoridade. Não é exagero escrevê-lo. Agora, das duas uma... ou prevalece o populismo e a justiça sumária, contra a entidade que detém a titularidade da investigação criminal em Portugal, ou o Estado de Direito é afirmado por quem tem o dever de o fazer.
Menos que isto, é tergiversar.
Publicado por josé 13:12:00
20 Comments:
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espera-se que descubram alguma coisa de relevante no jornal. É porque divulgar o crime, nao quer dizer que tenham cometido o crime, nem que nao tenha havido crime. Afinal o crime qual é? divulgar ou ter disquetes que podem ser dadas a quem pedir com coisas que nao deviam lá estar?
Vamos lá ver onde chegam os tomates do Ministério Público.
QUEM DEU A INFORMAÇAO AO 24 HORAS?
QUEM PEDIU A INFORMAÇÃO À PT?
COM QUE FINALIDADE?
PORQUE É QUE A INFORMAÇÃO AINDA ESTAVA DISPONÍVEL NO PROCESSO?
Fale por si caro Atento. Quanto à maioria, aquilo que entra pelos olhos dentro é a tentativa de descredibilização do PGR e do MP. O caso do 24 Horas é óbvio. Porque irião então publicar uma notícia dessas? Para fazer crer que o MP anda atrás de altas figuras do país, "apanhá-las na rede". Enquanto que a explicação que foi dada pelo MP é muito plausível quanto aos números que apareceram juntamente com o de Paulo Pedroso.
O 24 Horas atingiu os seus objectivos, que era virar os políticos contra o PGR. Estes agora querem impedir escutas telefónicas e sendo assim casos como o de Valentim Loureiro nunca seriam apanhados. Você é que anda pouco atento em relação ao nível de corrupção que anda por aí e que o PGR tem posto a descoberto. Há alguns como o Atento que não querem ver isto, mas felizmente é muita pouca gente ao contrário do que disse.
A ira é má conselheira. Por isso, apareça por cá com um pseudónimo qualquer, se não quiser assumir o nome e depois falamos.
Até lá, é mais uma voz de burro: não chega o céu! Neste caso, ao diálogo construtivo.
Aliás faz-se questão de sublinhar de forma negativa o anonimato dos comentadores.
Estamos nos limites da esquizofrenia!
... não quer ver o quê? Então diga-me lá especificamente qual é a sua acusação, o que é que nós não queremos ver.
A explicação que José deu , foi dada também por outros do MP. E você pode não achar plausível mas eu garanto-lhe que a maioria deve acreditar que esse seja o procedimento normal da PT. Não querer acreditar nisso é que é indício de má fé. Assim como também é má fé falar pela boca dos outros em detrimento do PGR. Por isso não me admira que José não lhe responda.
Ai, tanta indigência mental...
Vá à fava.
Eu cá vou dormir.
Boa-noite.
Não leve à conta de desconsideração esta resposta tão tardia. Foi desatenção minha, mas se fizer o favor, fique então atento, agora:
"esta investigação pedida pel Smapaio"? COmo assim?
O MP tem obrigação de investigar todos os crimes que lhe são comunicados, sem cunhas, seja do Smapaio seja de quem for. Até este simples facto ficar bem compreendido, terei alguma dificuldade em continuar a fazer-me entender. Ainda está atento?!
Então, prossigamos:
COmo é que sabe o que se está mesmoa invesgigar? Pelas notícias do 24 Horas?! Então, vai mesmo ficar sem saber, porque o tablóide não informa bem; comunica coisas- algumas delas que lhe interessam.
A duração de uma investigação criminal dura o tempo que tem de durar . E não é o PR ou a AR ou o Governo ou um qualquer jornal de meia tijela que define estratégias, prazos, objectivos etc. Se estivesse mesmo atento ao que escrevi, teria lido a parte do Código Processo Penal que transcrevi e linkei. Está lá tudo ao alcance de um clic para quem saiba ler.
Se não soubermos como se faz investigação real, não poderemos criticar com razões de peso. Apenas pesarão as razões que a razão desconhece. Também serão válidas, mas não convencem. São os chamados argumentos afectivos. Como há quem não goste deste PGR, fogo nele e a quem o apoiar! Táctica maoista-leninista.
Quanto à capa do 24 Horas: também acho que é uma boa capa e com piada. Digna do Inimigo Público. Digna de um blog humorístico. Digna de quem não consegue levar-se a sério naquilo que faz...
Pelo menos, de acordo com o ficheiro que cegou à Sábado, havia lá numeros privados. Um dos meus números fixos estava lá, e nunca antes pertencera ao estado. Um jornalista de lá confirmou-me que havia mais números privados.
Depois, aquilo é um ficheiro de excel. Todos os números estão perfeitamente acessíveis.