um filme, um retrato

Esta noite fui ao cinema, fui ver o 'match point' do Woody Allen. Gostei. Saí de lá siderado. Não que tenha ficado particularmente impressionado com a Scarlett, como outros, mas porque me tocou a identificação da assistência com o personagem principal (e que a matou). No fundo, ficaram todos aliviados, até bateram palmas (!) , quando perceberam que o inseguro e simpático personagem principal, um potencial vizinho do lado com quem seria agradável conversar, e que matou a sangue frio a amante, grávida, para não perder a segurança e o conforto de um casamento 'rico' se ia 'safar'. Finalmente percebi, e já não era sem tempo, a extraordinária complacência com que por cá se continuam a tratar Guterres e Barroso, dois absolutos irresponsáveis, para não dizer mais. Ao contrário do que dizia o primeiro entre a espada e a parede preferimos mesmo é fugir às responsabilidades, seja de que forma for. Ia ainda escrever sobre as inúmeras referências a Dostoyevski, e ao 'Crime e Castigo', ocorridas no filme, mas entretanto apercebi-me que já o tinha feito, involuntariamente, aqui.

Publicado por Manuel 02:27:00  

4 Comments:

  1. para mim said...
    Também bateram palmas na tua sessão?! disseram-me o mesmo sobre uma sessão na sexta-feira passada... Não quis acreditar. O tipo pobre safou-se e ficou com a gaja rica depois de ter morto a amante grávida... E, no fim, batem-lhe palmas?! Das duas uma, ou porque preceberam que o filme é alegoria aos tempos modernas onde a mentira descarada resulta (vidé Barroso com promessas pré-eleitorais, Bush e as armas no Iraque e até mesmo), ou então reviram-se no personagem e foram eles que também se safaram...
    moicano said...
    Não deviam ter contado o fim do filme. Há quem gostasse de ser surpreendido.
    para mim said...
    De certo mod, o "moicano" tem razão. Por outro lado, creio que ao já saber como vai acabar a história poderá assim apreciar detalhes da história que, de outra forma, teriam passado despercebidos ou apenas apercebidos num segundo visionamento...
    Anónimo said...
    Na "minha" sessão não houve palmas. Mas apeteceu-me dá-las. Não por causa do "safanço" do "herói" mas pela engenhosidade do argumento. História exemplar, parece-me. Quem não conhece gente importante que chegou lá com golpes semelhantes?

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