"Curiosidade"
segunda-feira, janeiro 16, 2006
"Os 64 nomes que constam da listagem ontem revelada não pagam telefone. Esta situação é facilmente explicada, se tomarmos em conta que a Portugal Telecom tem um sistema informático que gera informação agregada por cliente e não por número da linha de rede. Nessa sua listagem de clientes, existe um ficheiro chamado “Estado” onde se encontram agregados todos os nomes de titulares de cargos públicos, ou de cidadãos que prestaram relevantes serviços à Nação e que, por decisão estatal, não pagam telefone. Estão nestas condições, por exemplo, Mário Soares, que possui três residências e não paga telefone em nenhuma delas. "
Uma questão lateral levantada pelo 24 Horas tem uma certa curiosidade. O facto de os políticos pedirem sacrifícios aos cidadãos quando eles próprios não dão o exemplo. Que legitimidade tem quem passa férias no Quénia ou se aleija em férias na neve para exigir os tais sacrifícios? Que legitimidade tem quem afirma ter os mesmos cuidados de saúde que os magistrados e é tratado com mordomias?
E um candidato presidencial, que diz pensar no povo, com os telefones de todas as suas casas pagos?
Assur
Publicado por Nino 19:32:00
4 Comments:
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*Considerações acerca dos sacrifícios*
COMO não podia deixar de ser, as férias de José Sócrates - ora no Quénia, ora nos Alpes Suíços -, prestam-se a dois géneros de comentários totalmente contraditórios:
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Por um lado, dir-se-á que «ele não é mais nem menos do que os outros portugueses todos e, se as paga do seu bolso (e com dinheiro que ganhou com o seu trabalho) ninguém tem nada com isso». E é a pura verdade.
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Por outro lado, também não faltará quem diga que, «estando o país a atravessar dificuldades, e sendo precisamente ele quem exige sacrifícios ao povo, deveria ser o primeiro a dar o exemplo de contenção». E é também a pura verdade.
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Então em que ficamos?
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O que sucede é que a realidade é multifacetada, pelo que ambas as argumentações têm lógica e são aceitáveis. Tudo depende, muito mais do que do posicionamento político de cada um, da sensibilidade para com as coisas da vida.
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E é precisamente esse aspecto da sensibilidade que me faz pensar nas pessoas que estão num restaurante a comer do bom e do melhor quando aparece um pedinte com fome.
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Claro que ela diz para si mesma que «não é mais nem menos do que os outros portugueses todos e, se paga a refeição do seu bolso (e com dinheiro que ganhou com o seu trabalho), ninguém tem nada com isso».
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E, mais uma vez, é a pura verdade. Só há um pequeno pormenor: é que o comensal deverá ser A ÚLTIMA PESSOA NO MUNDO a dizer ao pobre que «coma menos, pois uma boa dieta faz sempre bem»...
…que começam cedo, com o som do telefone e uma notícia escaldante sobre o destino próximo do Procurador. Para já, o dr. Souto Moura tinha encontro marcado com o dr. Sampaio, em Belém. Depois logo se veria – mas, como se podia imaginar, não se iria ver nada de muito bom. Nem tentei perceber porquê. As primeiras horas da manhã não são propriamente o meu forte. Limitai-me a marcar uma “equipa”, na esperança de que a ameaça implícita nesse inesperado encontro se diluísse, serenamente, com a abertura de mais um inquérito e os esclarecimentos da praxe. Sexta-feira também não é propriamente o meu forte. E a “crise da justiça”, firme no top das preocupações do regime, parece-me uma triste combinação de interesses obscuros e de entusiasmos volúveis. O país ora chora pela prescrição dos processos, ora clama, indignado, contra o “abuso” das escutas e a violação da privacidade. Não há meio termo: passa-se de um extremo ao outro, com igual empenho e determinação. Ainda há uns anos, o dr. António Costa florescia, no dialogante governo do eng. Guterres, como um herói da luta contra a corrupção. Agora, que as medidas deste herói deram frutos, deplora-se, com o mesmo entusiasmo, a “impunidade” do Ministério Público e os erros da sua actuação. Principalmente, se esta incidir sobre uma irrepreensível figura do Estado, com direito aos luxos da cidadania e aos favores da Comunicação Social. Aí tudo se torna mais fácil. E mais fácil de manipular. O dia de hoje mostrou, de forma exemplar, como é que a “crise da justiça” funciona em Portugal.
constança cunha sá (o-espectro)