o rei vai nu e a omerta


La ópera italiana se arruina
El Gobierno de Berlusconi recorta las ayudas a los teatros líricos, que sufren pérdidas millonarias
Artistas caros, programaciones irracionales, subvenciones insuficientes y escasez de público han llevado a las instituciones operísticas italianas, que se cuentan entre las más prestigiosas del mundo, a una crisis sin precedentes. Las deudas se han acumulado en los últimos ejercicios y la temporada de 2006 se inicia estos días bajo malos presagios. La Scala de Milán, que alza el telón el próximo miércoles con nuevo superintendente y nuevo director artístico tras las convulsiones que forzaron en abril la dimisión del maestro Riccardo Muti, constituye el caso más grave de una crisis que afecta a casi todos los teatros. En cinco años las pérdidas han sido millonarias y el Gobierno prevé reducir progresivamente las subvenciones.

Esta notícia foi publicada e retirada do El Pais de 4 de Dezembro último. Sendo certo que a situação em Itália resulta muito do fenómeno Berlusconi e do seu atavismo perante a ideia que o desenvolvimento das faculdades artísticas da população é da mais alta importância, sendo mesmo um facto crucial no processo de criação de riqueza (Marshall), é também verdade que o fenómeno acontece, não só por culpa de Berlusconi, mas também porque os agentes culturais se puseram a jeito. Em Portugal, como é costume, continua a tapar-se o sol com a peneira há já muito tempo e é certo que mais dia, menos dia o fenómeno italiano nos vai bater à porta. Dada a facilidade dos fundos comunitários, continua-se a construir equipamentos culturais, sem que, no entanto, se comprometa os agente envolvidos na sua sustentabilidade, muitos deles tem ódio à ideia do que isso possa significar e tão pouco existe uma qualquer ideia de avaliação e impacto dos projectos. As redes de programação continuam a ser um conceito indeterminado. Os programas de formação e captação de públicos esgotam-se no encher as salas até ao gargalo à custa de arrebanhar alunos de escolas, como se daí resultasse para os próprios algum proveito e prazer. O pressuposto que o espectáculo deve resultar na sua simbiose com o público é considerado uma heresia e um crime de lesa majestade, continuando a fazer-se e apresentar-se coisas que só interessam aos ditos criadores e, por deferência, aos familiares e amigos próximos. E não me venham com o paleio que este discurso pressupõe um propósito de avaliação da perfomance ao vivo unicamente pelo ganho financeiro alcançado, que não é disso que se trata, nem tal é verdade. Por isso, não pode continuar a verificar-se que o contexto das subvenções públicas leve de forma sistemática a que seja maximizada a utilidade dos agentes culturais em vez do próprio público (A. Peacock) sendo que, no final e ao seguir-se este caminho, serão as boas práticas culturais que vão acabar por ser as principais prejudicadas, por causa de uma espécie de omerta que existe à volta do meio e que impede que se diga com todas as letras que o rei vai nu. Recado dado e depois não digam que não foram avisados.


Publicado por contra-baixo 00:29:00  

1 Comment:

  1. formiga bargante said...
    Meu caro contra-baixo

    O seu texto só peca por genérico, não chamando "os nomes aos bois", e o tempo exige que agora se diga frontalmente quem, como e como resolver.

    Para não ir mais alto, começemos pela Ministra da Cultura:
    1 - Permite situações de escândalo como no Museu do Chiado, no Instituto Português de Museus, no Centro Cultural de Belém, no Instituto das Artes (já chegaram os convites aos motoristas?) entre muitas outras situações.

    A Rede Nacional de Bibliotecas Públicas é o exemplo acabado da demissão do governo central (também, com esta Ministra...).
    Os Presidentes de Câmara, na sua imensa maioria, gerem os 139 bibliotecas já construidas como gerem os interesses ligados ao futebol: em função das "suas clientelas" e dos seus interesses pessoais. Questione-se José Afonso Furtado, responsável pelo arranque desta rede, nas aparições públicas que efectua, e preparem-se para levar um abundante stock de lenços. É de chorar ...

    As redes de programação práticamente não existem, dado que isso iria colidir com os pequenos interesses dos pequenos programadores que pensam pequeno tendo em vista também as suas pequenas clientelas.

    E só iremos assitir a algum tipo de "convulsão pública" quando faltar o dinheiro para pagar aos "dedicados curators, programadores, conselheiros" e outros artistas da bola, quero dizer da cultura.

    Enquanto a falta não chegar aos bolsos de toda esta cambada de inúteis que se arrastam por centenas e centenas de lugares com maior ou menor visibilidade, mas sempre com bolsas ávidas de euricos, esteja descançado que nada irá acontecer.

    Se o Benfica o Porto ou o Sporting tivessem que cumprir os regulamentos e descer de divisão por dívidas ao fisco, aí sim, havia levantamento popular.

    Agora a cultura, meu caro, é "um luxo para burgueses e esquerdistas de caviar" !

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