Razões da revolta urbana em França



Bidonville des Portugais à Champigny, années 60
Photos BLONCOURT


Os portugueses nunca incendiaram viaturas, escolas e pessoas em França porque sempre viveram em residências confortáveis, tiveram acesso aos melhores empregos e desfrutaram do apoio da segurança social.

Publicado por Nino 11:12:00  

14 Comments:

  1. ... said...
    O seu texto é redutor e as suas imagens exageradas.
    Será mesmo esta a sua opinião?
    josé said...
    Mesmo que seja redutor, o texto e a ideia que transmite merece muita atenção.

    O problema que está á vista, não se resolve com ideias feitas, ainda por cima, algumas delas erradas.
    A cultura de cada povo e de cada grupo deve merecer atenção.
    A aculturação também.
    Aos sociólogos pede-se explicação para este fenómenos, mas se estes a vão buscar exclusivamente ao ideário marxista, pode muito bem acontecer que falhem o espectro das causas reais.
    Numa palavra: o debate pode estar armadilhado!

    Haja quem esclareça e este texto e imagens, não sendo politicamente correcto mertece toda a atenção, quanto a mim,
    ... said...
    Caro José,
    O seu comentário já é mais profundo.
    Que todos os que lerem o post tenham a sua clarividência e capacidade de análise.
    Cumprimentos.
    Pedro Soares Lourenço said...
    Eu acho que é mais "avançador" que redutor.
    ... said...
    São opiniões.
    É como a questão do copo que tem água até meio, uns dizem que está meio cheio, os outros que está meio vazio.
    Flumfi said...
    Gosto muito do teu blog. Queres uma ajuda para as tuas prendas de natal? Visita Flumfi Productions.
    Teófilo M. said...
    Querer comparar a realidade dos anos sessenta com a do século XXI, ou é brincadeira de criança ou falta de conhecimento.
    josé said...
    Nalgumas partes do Magrehb ou da Turquia, ainda se vive mais lá atrás: na Idade Média!

    Logo...
    timshel said...
    ninno

    esqueces que existe uma diferença entre a primeira geração e a segunda geração de emigrantes

    é por isso que é tão importante, no caso de emigrações massivas da ordem dos vários milhões (sobretudo quando elas apresentam características culturais muito diferenstes das do "estado receptro") , os "estados receptores" organizarem-se com tempo de modo a que a segunda geração não se marginalize de "um modo ácido"

    vês vários modelos na Europa a esse respeito: a França é o piorzinho

    quanto a este post: é simples demagogia muito baratinha
    n/d said...
    Não este post não é demagogia, mas antes uma forma muito directa e crua de dizer verdades que custa aceitar.
    A origem do problema não está em questões económicas ou de desigualdade. Está na cultura e na diefrença de mentalidades. E estas é que são preocupantes porque não se vai lá com leis e subsídios.
    Este post é só uma forma muito mais subtil de o dizer.
    Quem não gosta da verdade, que faça como os franceses: "antes errado com Sartre do que certo com Aron!"
    António Viriato said...
    O texto é conciso e cheio de siso. Exprime, no essencial, as diferenças de comportamento e de atitude cultural entre as comunidades de imigrantes em França. Os Portugueses dos anos 60 vinham de uma sociedade antiquada, bastante carenciada, mas eram de base cultural cristã, como os Franceses seus anfitriões. Com estas novas comunidades, de base cultural muito diversa da sociedade de acolhimento, ainda por cima de de 2ª e 3ª gerações, sem o receio de serem expulsas, por terem adquirido a nacionalidade francesa, todo o comportamento mudou.Acresce que foram educadas no ressentimento, na raiva e na ingratidão, sem espírito de sacrifício, contando com a cobertura sistemática de intelectuais franceses complexados, que em tudo as desculpam e as justificam. O resultado de todo este caldo cultural, preparado por bem-pensantes criaturas, com forte predominância das habituées da elegante Rive Gauche, do intelectualíssimo Quartier Latin, e das esplanadas de Saint Germain- des-Près, da grande predilecção do revolucionário Sartre,está agora à vista de todos. Quem reconduzirá estes «novos franceses» ao caminho da convivência democrática ?
    Luís Bonifácio said...
    Nem sequer é necessário citar o exemplo dos Portugueses. O Exemplo dos Chineses ainda é melhor?
    Os filhos deles têm nomes Portugueses, frequentam a escola (Com bom aproveitamento) e ....

    Preservam a sua cultura, a sua lingua e as suas tradições e não incomaodam ninguém!

    Quando um árabe francês da 3ª geração se chama Abdul ou Moahmed isso é sinal que ele rejeita a integração e não que a sociedade não o integra.
    Norma said...
    O autor do post chama a atenção para o "mito da pobreza" que é sempre utilizado para explicar a violência. Pois bem: para quem o acha "redutor", nesse caso dos levantes em Paris eu me pergunto por que a "pobreza" dos jovens da periferia (que aliás são sustentados pelo seguro social francês) não impediu que usassem INTERNET e CELULARES para a organização dos ataques, nem que fizessem uma fábrica clandestina de bombas em um de seus "territórios"? Pelo jeito, os jovens revoltosos de Paris são tão pobres quanto os criminosos das favelas daqui do Rio de Janeiro - que têm um arsenal de fazer inveja à polícia. O discurso politicamente correto é a cegueira de quem se deixa levar pelo "totalitarismo da vítima" - conceito de René Girard, um dos autores mais abalizados da contemporaneidade para falar da violência.
    josé said...
    Norma:

    O ponto de vista que se retira das fotos publicadas e do texto anexo às mesmas, só é compreensível por quem viveu e conheceu a realidade dos anos sessenta em Portugal.
    Melhor: só é inteiramente compreensível para quem souber como viviam as pessoas que emigraram de Portugal nesses anos, para França e o que foram fazer para lá.
    A meu ver, que conheci essa realidade pois nasci numa aldeia em que o fenómeno também se verificou e julgo poder tornar extensível de modo a formar uma petite téorie, a mon insu, quem emigrou de Portugal para a Paris da década de sessenta, por cá trabalhava por conta de outrém, nas mais diversas atividades: pedreiros ( que não eram livres, eram mesmo só pedreiros); carpinteiros; mecânicos; electricistas; empregados fabris. Essencialmente, actividades dedicadas à construção civil ou outras indiferenciadas, incluindo pequenos "caixeiros" como dantes se chamavam aos empregados de comércio.
    Foram sózinhos, ou em grupo. A "salto", e isto quer dizer, sem passaporte e com riscos de prisão, reais e palpáveis.
    Floresciam então os "engajadores" e os "passadores" que se reciclaram depois no contrabando raiano ou viraram taxistas refastelados.
    Por cá, em Portugal, cada notícia de abalo em grupo dava inquérito da Pide, com indagação directa e imediata junto do presidente da Junta de freguesia, para saber como foi possível e quem ajudou.Isto era real e foi presenciado por mim.

    Assim, os portugueses que abalavam estavm habituados por cá a uma vida de muito poucos privilégios.
    Trabalhavam num horário das 8 às 18, com uma hora e meia para almoço; trabalho ao Sábado ( a semana inglesa só surgiu nos anos setenta). Regalias sociais mínimas, se tanto. Assistência social reduzida e sem SMN ou vislumbre de apoio social digno desse nome.
    Havia Casas do Povo, que se foram construindo, com médico e enfermagem para atender os casos da aldeia. Funcionava bem. Os médicos ainda eram Joões Semana e as pessoas adoeciam menos e morriam mais.
    O salário era de miséria porque o PIB começava só então a crescer nas casas dos 5, 6%, mas a distribuição começava primeiro pela meia dúzia de famílias que agora mandam outra vez.
    O SOusa Tavares era da oposição e o filho, agora, é da família dos Salgados, Ricardos e Manuéis por ligações de casamentos e que então eram os tenentes das tais famílias.

    Os emigrantes, na Paris dos anos sessenta, não iam experimentar condições de vida concretas, mais duras do que já aqui experimentavam no dia a dia.
    As casas deles, por cá, eram tugúrios sem aquecimento que não o das lareiras a lenha; não tinham luz eléctrica numa boa parte dos casos e se tinham poupavam na conta; água corrente era uma miragem, pois vinha dos poços particulares e das fontes públicas. Os motores Rabor e Efacec qie tiravam a água dos poços, só se massificaram na produção anos mais tarde e foi por isso que um Narciso Miranda que experimentou bem este modo de viver e sabe muito bem como é, foi para a fábrica da Via Norte, trabalhar como operário qualificado.

    A comida também era pobre de variedades, mas rica em proteínas e sabores. Aí, provavelmente, os emigrantes perderam umas coisas e ganharam outras. Em vez do caldo de couves pela manhã, acompanhado a tijela de vinho, começaram a ganhar outros hábitos mais refinados, como o gosto pelo brie e pela baguette.
    O que encontraram em França, não foram residências HLM, pois era isso que eles iam para lá construir.
    Não encontraram quase nada e tiveram que se desenrascar em bidonvilles e em apartamentos baratos de de subúrbio, aos montes, como agora acontece com os imigrantes de leste, numa escala mais suave.

    Assim, o que tinham de útil e podiam dar e vender, era a força de trabalho. E nisso, foram melhores do que muitos. Tinham vontade, pois por cá também trabalhavam e por isso não viram novidade alguma, a não ser nos melhores salários e nas melhores condições de vida nos locais de trabalho.
    E tinham algo que era comum a todos: vinham de uma mesma civilização que ia à missa ao Domingo e obedecia a valores comuns pregados em comunidade.
    Franceses e portugueses, nisso, entendiam-se e só os separava a pobreza de uns em contraste com a afluência dos outros.
    Mas isso não é novidade, pois há disso em todo o lado e por cá também havia- como continua a haver.

    Assim, o paralelo que as fotos fazem entre a emigração portuguesa dos anos sessenta e os problemas actuais, têm um enquadramento e permitem perceber todo um mundo de diferença e também porque é que os portugueses se integraram e prosperaram e estes desgraçados árabes vegetam no isolamento social.
    Não há milagres na sociedade e tudo tem explicação.

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