lá como cá, cá como lá

Anda por aí muita gente 'animada' com o que se passa em França, uns nostálgicos do Maio de 68, outros entusiasmados porque já sonham com o regresso de algumas ideologias, outros ainda porque sim. Infelizmente, não há grandes motivos para festejos, duvido que haja soluções rápidas e o pior está muito provavelmente por vir. Durante anos, 'educaram-se' jovens para as estatísticas, criaram-se autênticas hordas de analfabetos funcionais, e a muitos deu-se até um canudo. Foi bonito enquanto o estado social funcionou, e se pôde viver à custa dos paizinhos, ou enquanto havia trabalho pouco qualificado (e ainda não deslocalizado). Com o tempo os jovenzinhos ficaram mais exigentes, já não era qualquer trabalho que lhes servia, ao mesmo tempo que os seus pais iam ficando desempregados ou reformados. Nunca houve qualquer esforço de integrar estes jovens, de minorias ou não, na sociedade, como nunca houve qualquer esforço de lhes mostrar que eram parte da sociedade. Já nasceram 'urbanos', e nunca souberam o quer era verdadeiramente uma família, conceito aliás 'demodé', desenraízados não tem nem cultura nem ideologia e, face à inacapacidade do 'estado' de lhes dar aquilo que davam por garantido, viram-se agora contra ele, já que se 'eles' não tem os outros também não devem ter. Um problema bicudo, que não se resolve do dia para a noite. , obviamente, não se passa nada, mas, não me admirava que um destes dias, ainda vissemos algumas luminárias justificar a Ota e o TGV com a necessidade precisamente de evitar o que se passa na França...

Publicado por Manuel 15:09:00  

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