3 erros de palmatória

  • Mário Soares contínua a eleger Cavaco como o inimigo principal. A razão formal é simples, não atacar os 'irmãos' tresmalhados à esquerda, e a substancial, cristalina. Soares sabe que o ataque a Cavaco é a única coisa 'causa' que (remotamene) pode unir toda a esquerda, e julga que se reduzir a pré-campanha a uma discurso maniqueísta sobre Cavaco terá mais sucesso, já que se vê como a melhor 'antítese'. Asneira. Em primeiro lugar, está por demonstrar que muito do eleitorado de esquerda que não se revê potencialmente em Cavaco, mas que com os anos aprendeu a respeitá-lo, adira a uma onda simplesmente anti-cavaquista onde a única e verdadeira proposta, é a não eleição de Cavaco. Em segundo lugar, se por absurdo a tese de que basta que o próximo PR não se chamasse Cavaco 'colasse' era preciso que fosse absolutamente óbvio para as 'esquerdas' que Soares era o mais posicionado para a implementar, o que manifestamente não é assim tão líquido. Por outro lado ainda, ao centrar-se em Cavaco, Soares, mais do que desgastar este, está é a fazer objectivamente o jogo de Alegre. A Alegre o romântico, o D. Quixote, o poeta, é assim que é visto, interessa tudo menos um debate fracticida puro e duro sobre 'ideias', à esquerda. A ironia é que seria nesse embate que Soares, que já f0i o absoluto ''animal político', teria talvez hipóteses de mostrar que é o mais posicionado para acabar as presidenciais em segundo.
  • Almas respeitáveis postulam que o PSD errou ao votar contra o OE/2006. Deveria, quanto muito, abster-se. Citam como prova, da bondade das suas afirmações, as piruetas de Miguel Frasquilho. Ora, sendo verdade que a performance de Frasquilho foi lamentável, e é-o quase sempre, também não é menos verdade que o actual grupo parlamentar do PSD é absolutamente indigente e sobre a composição deste não podem ser imputadas culpas à actual direcção do PSD. Dito isto, o problema não está no voto contra, que se impunha, mas no facto de não se conhecer qual a orientação concreta em matéria de política económica e financeira do PSD. Não há um rosto, um documento, para além de Marques Mendes, que dê a cara por uma linha de rumo, que extravaze o simples lugar comum ou o elementar bom-senso, e isso é dramático. Como também é absolutamente dramático que se diga, pese o passado recente, que "qualquer pessoa minimamente esclarecida e de boa-fé concede que este OE não seria muito diferente de um elaborado por um ministro das Finanças social-democrata". Se de facto estamos condenados a que seja assim, se o PSD é mesmo incapaz de fazer melhor e diferente, e sendo o OE a trave mestra da política de qualquer governo, então o melhor será mesmo começar repensar a lógica da existência do próprio PSD...
  • O PSD também quer explicações sobre os subsídios à Fundação Mário Soares. A parte fácil é dizer que isso, agora, num contexto de pré-campanha presidencial, com Soares candidato, é um erro, demonstrador da mais óbvia insensibilidade política. Mais díficil é perceber as causas do mesmo. Ou temos almas tão ingénuas que com dúvidas sinceras sobre a bondade dos subsídios não perceberam que este não era o tempo adequado para levantar o problema, ou, em alternativa, temos gente tão cínica que acha que ao levantar o problema até está a fazer é um favor ao Dr. Soares (e a Cavaco) promovendo-o a inimigo principal, por alternativa ao 'poético' Manuel Alegre... Seja qual for a explicação um erro, grosseiro.

Publicado por Manuel 13:39:00  

3 Comments:

  1. AM said...
    Caro Manuel

    Um erro de palmatória (como os que, diariamente repete):

    1º "...muito do eleitorado de esquerda que não se revê potencialmente em Cavaco, mas que com os anos aprendeu a respeitá-lo..."
    Ainda estou para conhcer alguém do eleitorado de "esquerda" que respeite cavaco, O manuel conhece algum? Quem?

    Mas faz bem em ir insistindo, ao menos anda(m) consolado(s)

    AMNM
    xatoo said...
    amanhã vou ao mercado a Setúbal e espero apanhar um carapau
    no minimo,,,tão bom como este,,,
    António Viriato said...
    Afinal, o Mr Emptiness, que agora «comanda» a UE, também contribuiu generosamente para a Fundação Soares. Não há desconchavo nenhum em que ele ou o seu sucessor, no Partido e no Governo, não apareçam arrolados.Por estas e por outras, o PSD caiu nas ruas da amargura, mas não eles, que sairam largamente premiados. Triste sina, a dos Social-Democratas portugueses, que só lhes saem luminárias destas à frente do Partido e, o que é pior, depois, à frente do País. Não admira que este tenha ficado tão escalavrado.Veremos como sairá,como reagirá à gestão «socrática». Para culminar o imbróglio, só faltaria eleger D. Soares... Deus se amerceie de nós outros, benignos lusitanos desta pátria quase milenar. ( Pensamento lúgubre, em noite de S. Martinho )

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