rescaldo

  • Antes de mais, há a notar e a condenar o tom de muitos dos eleitos a noite passada que veêm nos mandatos autárquicos alcançados e renovados uma espécie de alforria absoluta que os isenta e imuniza de toda e qualquer crítica até ao próximo acto eleitoral. A democracia não é isso, e o facto de terem legitimidade não os transforma numa nova espécie de vacas sagradas acima do escrutínio dos meros mortais que se dignam cortejar de quatro em quatro anos.
  • Depois da vitória - absoluta - de ontem, espera-se que Rui Rio assuma, na plenitude, as suas responsabilidades e seja o próximo presidente da Junta Metropolitana do Porto. Ninguém compreenderia que, mais uma vez, Valentim Loureiro fosse a face visível da segunda maior área metropolitana do País.
  • Avelino Ferreira Torres foi o único dos autarcas a braços com a justiça que saiu derrotado ontem, era - também - o único desses autarcas que não se recandidatava, era a primeira vez que se candidatava a Amarante, nem estava entrincheirado a defender o seu lugar. Um dado importante a ter em conta em muitas das análises que por aí se vão fazendo, e que explica muita coisa.
  • O PSD perdeu a Câmara Municipal de Baião. A maioria das pessoas não sabe sequer onde fica este concelho do interior do Porto, mas talvez se lembre da sua ex-presidente, Emília Silva, elevada aos holofotes da fama, em tempos, por um tal Marcelo Rebelo de Sousa que a promoveu a dirigente nacional do PSD, com vista a preencher quotas femininas. Por essa altura já era acusada de práticas 'criativas' em familia... Numa altura em que nas hostes laranja tanto se fala em Damasceno, para picar Marques Mendes, é oportuno recordar que os critérios de selecção vem de trás, bem de trás...

    Em Baião, a investigação prolonga-se há oito anos. Em 1997, a autarquia, presidida por Emília Silva, do PSD, lançou um Plano de Urbanização de 80 hectares na vila. Um ano depois, a área de expansão passou para 220 hectares. Nessa parcela, estavam terras das Reservas Agrícola e Ecológica Nacionais. Com a aprovação do plano, passaram a ser terrenos aptos para a construção. Entretanto, a PGR apurou que o marido da autarca adquirira, entre 1994 e 1998, «pelo menos 27 prédios rústicos e alguns prédios urbanos», cerca de 60 mil metros quadrados dos quais na zona abrangida pelo Plano de Urbanização. A IGAT concluiu, em 2001, pela existência de indícios de «comportamentos puníveis pela lei penal» e factos sob a alçada do Tribunal de Contas, como sejam nomeações para o quadro de pessoal, sem concurso, ou «progressão em carreiras verticais, sem concurso»; várias nulidades em despachos de licenciamento de obras; «facturas e ordens de pagamento» que «não correspondem a trabalhos efectivamente realizados»; uma obra, por ajuste directo, que aparece descrita, nas contas da Câmara, com três valores diferentes. Entre os responsáveis autárquicos e muitos agentes locais (empreiteiros, prestadores de serviços) somam-se as coincidências, na filiação laranja. [via Visão Online]


    Por uma vez, o voto popular antecipou-se à justiça...

Publicado por Manuel 14:34:00  

4 Comments:

  1. Anónimo said...
    Jorge Coelho, o PS e Sócrates perderam onde havia grande concentração de funcionários públicos, e ganharam posições onde essa concentração não existe.

    Se Carmona Rodrigues fosse apoiado pelo PS, perdia na mesma como perdeu Carrilho. Se Rui Rio fosse o candidato do PS no Porto, perdia na mesma como perdeu Francisco Assis. Se o Seara fosse o candidato do PS em Sintra perdia como perdeu João Soares. São concelhos onde residem muitos funcionários públicos dos regimes especiais e que foram penalizados pelas reformas de fundo do Sócrates.
    O PS, ainda que o partido mais votado nestas eleições, perdeu centenas de milhares de votos relativamente às legislativas de Fevereiro. A maioria dessas perdas foi no funcionalismo público. Isto é sinal de que agora as reformas de Sócrates são mesmo para valer.

    Nada de estranho aconteceu. Apenas o previsível para quem sabe o peso que o FP tem no país.

    Isso quer dizer que Sócrates vai no caminho da recuperação do país.
    josé said...
    Lido no blog Verbo Jurídico, num comentário de leitor(a):

    "Um quadro superior da GALP, admitido em 2002, saiu com uma indemnização de 290.000 euros, em 2004. Tinha entrado na GALP pela mão de António Mexia e saiu de lá para a REFER, quando Mexia passou a ser Ministro das O.P. e Transportes...

    O filho de Miguel Horta e Costa, recém licenciado, entrou para lá com 28 anos e a receber, desde logo, 6600 euros mensais.

    Freitas do Amaral foi consultor da empresa, entre 2003 e 2005, por 6350 euros/mês, além de gabinete e seguro de vida no valor de 70 meses de ordenado.

    Manuel Queiró, do PP, era administrador da área de imobiliário, 8.000 euros/mês.

    A contratação de um administrador espanhol passou por ser-lhe oferecido 15 anos de antiguidade (é o que receberá na hora da saída). Pagamento da casa e do colégio dos filhos, entre outras regalias.

    Guido Albuquerque, cunhado de Morais Sarmento, foi sacado da ESSO para a GALP.
    Custo: 17 anos de antiguidade, ordenado de 17.400 euros e seguro de vida igual a 70 meses de ordenado.

    Ferreira do Amaral, presidente do Conselho de Administração um cargo não executivo, era remunerado de forma simbólica: três mil euros por mês, pelas presenças.

    Mas, pouco depois da nomeação, passou a receber PPRs no valor de 10.000 euros, o que dá um ordenado "simbólico" de 13.000 euros...

    Outros exemplos avulsos:
    Um engenheiro agrónomo que foi trabalhar para a a área financeira a 10.000 euros por mês; a especialista em Finanças que foi para Marketing por 9.800 euros/mês...

    Neste momento, o presidente da Comissão executiva ganha 30.000 euros e os vogais 17.500.

    Com os novos aumentos, Murteira Nabo passa de 15.000 para 20.000 euros mensais.

    Esta dupla, encarregada de "assaltar" o contribuinte português de cada vez que se dirige a uma bomba de gasolina, funciona porque metade do preço de um litro de combustível vai para a empresa e, a outra metade, para o Governo”
    Anónimo said...
    Fico com a ideia que o papagaio nónó pôs agulha nova!
    Teófilo M. said...
    E não foi presa preventivamente, nem apareceu nos jornais... estranho!

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