OE/2006

O OE/2006 já foi apresentado e está aí para quem o quiser ver. Esquecido que está Luis Campos e Cunha (seria este o seu Orçamento, seria mesmo ?) uma boa parte das luminárias, deste país, rende-se, mais ou menos explicitamente, às intenções do Governo. O Expresso de hoje, num resumo assinado por Nicolau Santos, é mesmo o espelho de um certo bloco central, resignado...

[A proposta de OE/2006] merece a apreciação positiva, embora com reservas, do PSD, desde o porta-voz Miguel FrasquilhoO caminho proposto é globalmente positivo, mas levanta dúvidas»), até aos ex-ministros das Finanças, Manuela Ferreira Leiteum Orçamento com intenções que subscreveria, mas com medidas implícitas que desconheço») e Eduardo Catroga a proposta é globalmente positiva, mas poderia ser mais ambicioso na redução do peso da despesa pública») e acabando em Pacheco PereiraDuvido que, se o PSD estivesse no Governo, fosse capaz de ir mais longe que o PS nos cortes da despesa pública»). E ainda há um brinde: o Governo vai introduzir portagens nalgumas SCUT ainda em 2006, como o PSD tem reclamado. [Nicolau Santos/Expresso]

E no entanto, o OE/2006 sendo um passo, é uma oportunidade perdida, mais uma grande oportunidade perdida. No fundo, retoma a filosofia dos primeiros OEs de Ferreira Leite, no tempo de Barroso, onde, com mais ou menos habilidades, com maior ou menor sucesso, se tentou travar a derrapagem, mas sem medidas e reformas radicais que anulassem os problemas crónicos e estruturais. Temos só e apenas, um OE de remendos, aqui, ali e acolá. Não há um plano sério para resolver de vez o drama da segurança social, não há uma estratégia de médio prazo, coerente, sobre o que se pretende que seja a função pública, o ensino, a saúde, não há sequer, uma ideia, uma única ideia que seja, sobre qual deve ser no futuro o papel do Estado, que papeis deve cumprir directamente e de que papeis deve abdicar. , tão somente, o exercício contabílistico de tentar estancar a sangria, e tentar distribuir o mal pelas aldeias. É pois um Orçamento de gestão corrente. A dúvidas de Pacheco Pereira - «Duvido que, se o PSD estivesse no Governo, fosse capaz de ir mais longe que o PS nos cortes da despesa pública» é o espelho absoluto do estado a que isto chegou. Sem rasgo, sem imaginação, sem coragem (as espectativas andam tão baixas que fazer o óbvio e o absolutamente indispensável já é louvável) e sobretudo com um absoluto fatalismo e resignação.

Publicado por Manuel 15:43:00  

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