'O estado do sítio'

O 'regresso' de António Ribeiro Ferreira, desta feita à blogosfera, parece que comoveu muitas alminhas. Ribeiro Ferreira é - sempre foi - um dos duros de Paulo Portas, de quem foi tropa de choque, e, por ter miolos, mete num saco muitos Delgados, num ápice. Dito isto vamos ao c(h)erne da questão. Puxando dos galões, Ribeiro Ferreira acha que agora os jornais fazem perfis sem sal e pimenta e sofrem de enormes amnésias, ao contrário do velho Independente, do 'seu' Independente, pelo que seria serviço público recuperar os arquivos deste, e as prosas sobre Soares e, sobretudo, a 'intifada' contra Cavaco. Bem vistas as coisas, eu também acho que é serviço público recordar 'esse' Independente, só que não pelas razões que Ribeiro Ferreira aventa. Aliás o Indy desse tempo, passado o romantismo inícial da fase MEC, é um mito construído à posteriori. O Independente nunca foi verdadeiramente anti-cavaquista, nem 'contra' o que quer que seja, limitou-se a ser uma espécie de 'ETAR' do regime vigente onde se ia lavando, fingindo, a roupa suja. Não por acaso as principais fontes do Indy, sabe-se hoje, eram não 'reformadores' mas sim os principais barões do regime, que usavam o Independente como proxy de causas nem sempre confessáveis. Convém recordar que aquele que 'agora' Ribeiro Ferreira considera como o 'abafador' do regime, Cunha Rodrigues, então PGR, era, à época, não só uma espécie herói, e virgem casta e pura, no seio do Indy, tratado reverencialmente, como também muito mais que isso. E sobretudo convém não esquecer que se hoje a imprensa anda asséptica e insossa isso se deve, em muito, ao Indy, que perseguiu, caluniou e queimou arbitrariamente, com razões e sem elas, mas 'nunca', 'nunca' , levou uma única causa até ao fim, ou sequer soube separar o trigo do joio. Pura e simplesmente, as pessoas cansaram-se. Cansaram-se, porque o Indy, em excesso atrás de excesso de verborreia, fazia é bluff.

Publicado por Manuel 16:45:00  

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