'O Crime da Ponte de Thor'1

Um destes dias perguntaram-me se Rodrigues Maximiano fazia parte do rol dos colaboradores deste blog. Perplexo, quis saber do motivo de tão peregrina teoria e logo me explicaram que tinha a ver com a 'agenda' - tem-se por aqui dado muito destaque a um assunto 'menor' - o 'desleixo' a que António Costa votou a IGAI (Inspeção Geral da Administração Interna - antiga coutada de Maximiano), e - por isso - tal interesse no IGAI não poderia ser nunca inocente. Afinal, porquê perder tempo , e cartuchos, com um caso tão menor a não ser que houvessem interesses directos na questão? A dúvida, colocada com a maior das bonomias e as melhores das intenções, não deixa contudo de ser sintomática. É o reflexo de uma certa visão do mundo e das coisas. Quando se sobe, quando se tem a possibilidade de ver (ou julgar que se vê) o filme todo é de bom tom só perder tempo com os grandes assuntos, as grandes causas. O que passa a contar é a visão macroscópica e generalista, a alta altitude. Os detalhes passam a ser isso mesmo, meros detalhes, que não podem estorvar nunca o panorama geral. E no entanto os detalhes existem, e andam por aí. Existem e persistem, incómodos. É a diferença entre ter uma agenda ou seguir a agenda. São, no fundo, duas visões do mundo, distintas. Uma, vê as temáticas como livros de uma enorme biblioteca, o que conta, é ter muitos, e saber os títulos, e os autores, e 'por alto', quanto muito, uma ou outra coisa dos temas, outra, a minha, não despreza uma enorme biblioteca, não depreza muitos livros, mas devora-os, um de cada vez, até à última linha, ao último caracter. São também duas visões muito diferentes de ver o País, um país onde o diabo, está sempre nos detalhes.

1 O Crime da Ponte de Thor, Sir Arthur Conan Dyle.

Publicado por Manuel 16:06:00  

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