a jardinização do 'contenente'

Passadas que estão as autárquicas, passada que está a fase 'contabilística' das vitórias e das derrotas, convinha olhar um pouco mais a fundo para o 'processo', parecendo já consensual que, ao contrário de 2000, não ocorreu, desta vez, nenhum voto massivo de protesto contra o governo, de intensidade tal que relegasse o caracter da escolha concreta, num município concreto, para segundo plano. Mesmo assim, edilidades houve que mudaram de mãos. E mudaram porque o poder em Portugal não se conquista, mas se perde, e os eleitores (exceptuando os casos crónicos de autarcas 'párias' recandidatos como independentes) cansados de uma determinada solução optam pela do partido 'seguinte'. Não é que a alternância seja má, mas é curioso verificar que as autarquias se perdem quase sempre ou por cansaço (dos eleitores para com determinada solução) ou manifesto descontentamente com a solução (re-)apresentada. Ora, fala-se muito do défice democrático na Madeira, e nos hábitos (muito) pouco democráticos do Sr. Alberto mas... no Contenente em quantos concelhos, em quantos partidos, há verdadeiro debate, verdadeira 'democracia' no seio do partido titular da autarquia ? Em quantas localidades há um verdadeiro exercício de cidadania ? Quantas concelhias partidárias tema coragem de despedir os 'seus' autarcas porque estes não cumprem as espectativas do eleitorado ? E quantas estruturas partidárias locais são independentes e não tuteladas (directa ou indirectamente) pelos autarcas (especialmente se no poder...) ? No passado fim de semana os portugueses não elegeram apenas presidentes de câmara, elegeram um sem-número de caciques locais, que se consideram imunes a toda e qualquer crítica, a todo e qualquer escrutínio, 'até' ao próximo acto eleitoral. Cultivam desde um Rui Rio, sim, Rui Rio, cada vez mais parecido com Luis Filipe Menezes, pese a muita 'maquilhagem', até Fátima Felgueiras, passando pelo inefável major Loureiro, sem esquecer o Raposo da Amadora, um discurso, e uma plataforma, comuns - a crítica à imprensa, o elogio da 'eficácia', e um insuportável culto... da personalidade. Lá na Madeira, Jardim ri-se, pudera. , afinal, são iguais...

Publicado por Manuel 17:09:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    Já que aqui se fala em Rui Rio, talvez tivesse sido bom alguém vir denunciar durante a campanha as negociatas que o senhor presidente se propunha fazer mal fosse reeleito. Não é ficarem agora todos admirados, como hoje ficou(?) o jornal Público, com a nomeação de Lino Ferreira para o pelouro do urbanismo.
    Este senhor, que esteve em Macau e por lá fez o que se sabe, foi subdirector regional e director regional de educação do norte durante 13 anos, sobrevivendo em governos PSD (de que se diz militante) e PS, sempre com a tutela da construção e equipamento das escolas, portanto ligações "próximas" aos empreiteiros. Também foi a este senhor Lino Ferreira que, no tempo em que foi secretário de estado, Manuel Castro Almeida entregou o programa de construção dos pavilhões desportivos, negócio muito oportuno para autarquias, empreiteiros e governos vários.
    Se já se sabia tudo isto, porque é que o PS esteve, e está, caladinho? Dizer Macau chega?
    Anónimo said...
    Comparar Rui Rio a Luis Filipe Menezes?!?!? Ao que se chega... Este "portuense" cheira demais a andrade. Deixem o melhor autarca do país trabalhar enquanto ele não se farta de aturar a escumalha e decide deixar o Porto nas mãos de um "Capachinho Vermelho" qualquer!

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