Emigrantes da quarta dimensão
sábado, outubro 08, 2005
(Carta a J.C.)
Dá-me uma ajuda, ó médico das almas
Para escolher em que combate combater
Quem condeno eu à vida
Quem condeno eu à morte
Que me podes tu dizer
Encostado à árvore do tempo
Folhas mortas, folhas vivas, estações
Nada disto faz sentido
E o sentido do sentido não paga as refeições
Este torpor só tem uma solução
Sejamos deuses, é meter as mãos à obra
E no fazendo acontecendo
Deixar ir o coração
Que é o que nos sobra
Ao fazer-se o mundo nas de si próprio
Ser avó é uma alegria atravessada
Dá para rir e p’ra chorar
Não temos nada com isso
E nada não é nada
Disseste um dia que tudo vale a pena
Tornar as almas mais pequenas é que não
Vamos sobre as duas patas
Juntar as partes da antena
Espalhadas pelo chão
Fecha a porta que vem frio lá de fora
Diz o coxo ao despernado, e eu aqui
Fui à procura de mim
Encontrei-me mesmo agora
E ainda não fugi
O tempo corre entre pívias e manhas
E tudo fica cada vez mais como está
Mas ao correr desta pena
Não fico à espera que venhas
Eu já sou o que virá
José Mário Branco
Publicado por contra-baixo 15:37:00
4 Comments:
-
- Anónimo said...
9:21 da tarde, outubro 08, 2005Papagaio nonó se fue en buena hora....!- Anónimo said...
10:38 da tarde, outubro 08, 2005Where is papagaio nonó?- Anónimo said...
11:16 da tarde, outubro 08, 2005O papagaio - que nem é socialista nem tão pouco votou no PS - como é um muito responsável cidadão, está em periodo de reflexão para as eleições autárquicas de amanhã.- Anónimo said...
11:25 da tarde, outubro 08, 2005A semana passada, Paul Auster. Esta semana, José Mário Branco. Alguém está mesmo muito perdido
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