dogmas
uma história que se repete

Uma das coisas mais irritantes das, e nas, esquerdas era a colagem fanática e fundamentalista, pesassem todas as evidências, a um determinado modelo. Falhasse o que falhasse, o que contava era sempre o modelo e tudo o resto pequenos desvios de circunstância. A história demonstrou que era o modelo que estava simplesmente errado. Infelizmente, nestes tempos que se dizem do fim das ideologias, a história está-se a repetir... à direita. Com efeito, parece querer emergir por aí uma nova direita, dita de 'liberal', que só conhece o liberalismo dos livros, dos autores (con)sagrados, da teoria, uma nova 'direita' (onde há muitos nominalmente de esquerda) para quem o que conta são simplesmente as grandes linhas, as grandes teorias, os grandes planos, por oposição ao concreto, e ao real, ao contexto. Um exemplo patente deste deslumbramento ingénuo pelas regras abstractas do mercado (como se este fosse perfeito) é o recente plano de reestruturação do sector energético apresentado por Manuel Pinho. No papel setá (academicamente) brilhante, perfeito até. Fala de concorrência, de liberalização, até menciona os consumidores. Na prática é alta traição, um suícidio autêntico que vai entregar, de bandeja, um sector estratégico inteiro a Espanha, e a estrangeiros. Com grandes mais-valias, claro. E no entanto, andam por aí todos contentes, e felizes, a fingir que não sabem que é isto que vai acontecer. Como é, ao menos que se assuma publica e politicamente. por aí quem defenda que aos portugueses não interessa rigorosamente nada saber quem é o patrão da EDP, da Galp, da Iberdrola, ou da Endesa, já que todas elas e muitas outras possuem acções umas das outras e o mercado bolsista é dinâmico. Pois é. É só a diferença entre o dinheiro sair ou entrar do país... Para estes liberais a Pátria também não existe.

Publicado por Manuel 19:48:00  

15 Comments:

  1. Anónimo said...
    El problema ya está solucionado(según el papagaio nonó) por el viaje triunfal de Sócrates a la Libia de Gadafi.
    Anónimo said...
    El "culebrón" Gas Natural vs. Endesa es un Falcon Crest, Dallas y Dinastia a la española.
    Anónimo said...
    Aos portugueses não interessa rigorosamente nada saber quem é o patrão da EDP, da Galp, da Iberdrola, ou da Endesa, já que todas elas e muitas outras possuem acções umas das outras e o mercado bolsista é dinâmico.
    Ninguém garante que a fusão de três ou mais companhias portuguesas não acabe amanhã nas mãos de alemães, de japoneses ou de americanos, como na Alemanha, no Japão e nos Estado Unidos muitas empresas locais pertencem a accionistas de outros países.

    O que importa, isso sim, é garantir concorrência entre operadores, estejam eles nas mãos de quem estiverem.

    Nos Estados Unidos os habitantes do Oregon, do Maine ou do Tenesse não querem saber para nada se a electricidade que consomem está nas mãos da Enron, da General Electric ou da ATT. E também não querem saber para nada se o gás que consomem está nas mãos da Exxon, da Chevron ou da Canadian Oil&Gas.

    O que interessa é garantir boas práticas de concorrência. Por isso o plano de Manuel Pinho é saudado pelos economistas e pelos empresários como o melhor até agora concebido. Só o patriotismo bacoco e anti europeu do manuel limiano é que não.
    Anónimo said...
    Outro papagaio no milho....!
    Anónimo said...
    En Portugal se habla de alta traicion en relacion a Pinho, y en España, en relacion a Zapatero. ¡Alta tensión ibérica!
    Anónimo said...
    Neste infeliz país há muita gente que pensa que uma meia duzia de burocratas iluminados (ministros, ou ex-ministros, ou secretários de estado, ou o que for) sabem mais sobre o que interessa às empresas do que a assembleia geral dos accionistas que lá puseram seu dinheiro. São os mesmos que "acham" que o BCP ou o BES são bancos portugueses, porque tem a sede em Portugal, esquecendo que o capital pode estar todo em França ou na Alemanha ou em qualquer outro país da comunidade, e se calhar até está. Continuam a ver este país com os olhos de Salazar, e nem a revolução lhes mudou a mentalidade tacanha.
    Blitzkrieg said...
    Post interessante, mas faltam-lhe os argumentos que sustentem a tese. Vejo os liberais a aplaudir o "Plano Pinho" e a explicar as suas vantagens. Gostava de ler aqui as desvantagens explicadas. A bem da pluralidade de ideias...
    André Carvalho said...
    Convém não confundir a filosofia liberal com o liberalismo económico ou neo-liberalismo.

    http://geracao-rasca.blogspot.com
    Anónimo said...
    Não confundir liberalismo económico com o domínio de mercado por oligopólios de grandes corporações. Defender o liberalismo é o contrário. É defender a concorrência livre, baixando as barreiras à entrada de novos operadores e impedindo práticas de domínio de mercado pelos grandes "players".
    Ora o sector energético - quer pela intensidade de capital que envolve, na produção e na rede, quer no licenciamento de operadores - tende a transformar-se num monopólio, em que os grandes dispoem de vantagens evidentes e as barreiras à entrada de novos operadores são elevadíssimas.
    Vemos que em Espanha se desenha um duopólio quase geometricamente traçado (com repartição dos activos e dos mercados entre o eventual grupo Gas Natural/Endesa e a Iberdrola). Entretanto, em Portugal opta-se por uma concorrência entre diversos players de muito menor dimensão.
    Qual acham que será o resultado no futuro mercado ibérico?
    Defendo o liberalismo económico. Mas o que se está a passar em Espanha é todo o contrário de um modelo liberal. Antes se pretende limitar a concorrência, assegurando que o mercado é repartido entre um grupo catalão e outro castelhano.
    Por isso, para Portugal não se trata de uma opção entre modelos mais ou menos liberais agora. Mas sim, olhando para o futuro, assegurar condições de concorrência no futuro mercado ibérico de electricidade. E, já agora porque Portugal não impõe como condição um mercado Europeu de electricidade? Seria ainda melhor do que restringir-nos ao espaço ibérico.
    Anónimo said...
    O anónimo das 8:58 diz que aos norte americanos não lhes interessa saber a que companhia compram, o que até pode ser verdade, mas sabem que são companhias norte americanas. Para despistar fala numa empresa com Canadian no nome, que até pode ser canadiana. No entanto as relações económicas entre o Canadá e os EUA, não tem nada a ver com as de Portugal e Espanha.
    Cada vez que vejo num jornal espanhol a página da meteorologia sinto que falta ali qualquer coisa.
    Anónimo said...
    tarik, são companhias com sede nos Estados Unidos, mas com accionistas árabes, chineses, japoneses, etc. Boa parte do capital social das empresas sediadas nos Estados Unidos, senão a maior parte do capital social, pertence a árabes, japoneses, canadianos, chineses, coreanos, alemães, venezuelanos (companhia petrolífera estatal), noruegueses (companhia petrolífera estatal)etc. O mesmo se passa na Europa. Mantêm-se os nomes mas os donos mudam todos os dias de mãos. E o povo nem sabe nada disso nem quer saber.
    Anónimo said...
    Deixemo-nos de fofoquices venenosas limianas que não interessam a ninguém nem sequer ao menino jesus e falemos do que interessa aos portugueses:

    UMA VISITA MUITO OPORTUNA

    Sócrates visitou a Líbia, acompanhado de alguns ministros económicos.

    Sabendo nós que somos importadores de petróleo e que os contratos de petróleo são feitos com antecedência e com incidência de médio ou longo prazo, fez muito bem o nosso primeiro ministro falar directamente com Kadaphi.

    Se Bush, Blair, Chirac e vários países ocidentais já normalizaram as suas relações diplomáticas com a Líbia, não é de estranhar que Portugal também o faça.

    Kadaphi, com os aumentos do preço do petróleo, está a abarrotar de dólares e de euros.

    A nossa actual política externa, que sempre se opôs à invasão do Iraque, tem todas as oportunidades para sermos bem recebidos no mundo árabe.

    Brevemente outra delegação portuguesa, com empresários, visitará de novo a Líbia. Não temos dúvidas de que os portugueses serão bem recebidos naquele país, como já o são em Marrocos, na Argélia, na Tunísia e noutros países árabes.

    Agora só temos de rezar para que Cavaco Silva não seja eleito presidente, não vá ele, se for eleito, por omissão e por um silêncio muito ruidoso durante a invasão do Iraque, estragar a excelente imagem que Portugal granjeou junto do mundo muçulmano através das posições políticas muito claras assumidas por Mário Soares, Freitas do Amaral e Sócrates durante a preparação da guerra no Iraque pelos amigos de Bush, isto é, por Durão Barroso e seu padrinho Cavaco Silva.

    Muito bem sr. PM Sócrates!
    Anónimo said...
    http://contundente.blogspot.com/2005/10/qual-reestruturao-energtica.html
    Sokal
    (Blog Contundente)
    Gabriel Silva said...
    Sim caro manuel, a pátria não existe, nem nunca existiu. Felizmente
    Pátria é um conceito com origem romântica, justificador de políticas restritivas, limitadoras da liberdade dos individuos.
    Anónimo said...
    Oferta da Gás Natural sobre Endesa vai afectar a competição em Espanha

    O sucesso da OPA da Gás Natural sobre a maior eléctrica de Espanha, Endesa, vai reduzir a competição no país, considera Jose Ignacio Perez Arriaga, professor universitário contratado pelo Governo para analisar a indústria energética espanhola.

    O sucesso da OPA da Gás Natural sobre a maior eléctrica de Espanha, Endesa, vai reduzir a competição no país, considera Jose Ignacio Perez Arriaga, professor universitário contratado pelo Governo para analisar a indústria energética espanhola.

    A Iberdrola acordou comprar 4,9 mil megawatts de capacidade de produção à rival Endesa, no âmbito do acordo celebrado com a Gas Natural caso a OPA seja bem sucedida.

    «O desaparecimento de um interveniente do mercado e a venda de activos a uma das maiores empresas do mercado são elementos negativos» para a competição, disse Arriaga citado pela Bloomberg.

    [in Jornal de Negócios]

Post a Comment