dogmas
uma história que se repete
segunda-feira, outubro 03, 2005
Uma das coisas mais irritantes das, e nas, esquerdas era a colagem fanática e fundamentalista, pesassem todas as evidências, a um determinado modelo. Falhasse o que falhasse, o que contava era sempre o modelo e tudo o resto pequenos desvios de circunstância. A história demonstrou que era o modelo que estava simplesmente errado. Infelizmente, nestes tempos que se dizem do fim das ideologias, a história está-se a repetir... à direita. Com efeito, parece querer emergir por aí uma nova direita, dita de 'liberal', que só conhece o liberalismo dos livros, dos autores (con)sagrados, da teoria, uma nova 'direita' (onde há muitos nominalmente de esquerda) para quem o que conta são simplesmente as grandes linhas, as grandes teorias, os grandes planos, por oposição ao concreto, e ao real, ao contexto. Um exemplo patente deste deslumbramento ingénuo pelas regras abstractas do mercado (como se este fosse perfeito) é o recente plano de reestruturação do sector energético apresentado por Manuel Pinho. No papel setá (academicamente) brilhante, perfeito até. Fala de concorrência, de liberalização, até menciona os consumidores. Na prática é alta traição, um suícidio autêntico que vai entregar, de bandeja, um sector estratégico inteiro a Espanha, e a estrangeiros. Com grandes mais-valias, claro. E no entanto, andam por aí todos contentes, e felizes, a fingir que não sabem que é isto que vai acontecer. Como é, ao menos que se assuma publica e politicamente. Há por aí quem defenda que aos portugueses não interessa rigorosamente nada saber quem é o patrão da EDP, da Galp, da Iberdrola, ou da Endesa, já que todas elas e muitas outras possuem acções umas das outras e o mercado bolsista é dinâmico. Pois é. É só a diferença entre o dinheiro sair ou entrar do país... Para estes liberais a Pátria também não existe.
Publicado por Manuel 19:48:00
Ninguém garante que a fusão de três ou mais companhias portuguesas não acabe amanhã nas mãos de alemães, de japoneses ou de americanos, como na Alemanha, no Japão e nos Estado Unidos muitas empresas locais pertencem a accionistas de outros países.
O que importa, isso sim, é garantir concorrência entre operadores, estejam eles nas mãos de quem estiverem.
Nos Estados Unidos os habitantes do Oregon, do Maine ou do Tenesse não querem saber para nada se a electricidade que consomem está nas mãos da Enron, da General Electric ou da ATT. E também não querem saber para nada se o gás que consomem está nas mãos da Exxon, da Chevron ou da Canadian Oil&Gas.
O que interessa é garantir boas práticas de concorrência. Por isso o plano de Manuel Pinho é saudado pelos economistas e pelos empresários como o melhor até agora concebido. Só o patriotismo bacoco e anti europeu do manuel limiano é que não.
http://geracao-rasca.blogspot.com
Ora o sector energético - quer pela intensidade de capital que envolve, na produção e na rede, quer no licenciamento de operadores - tende a transformar-se num monopólio, em que os grandes dispoem de vantagens evidentes e as barreiras à entrada de novos operadores são elevadíssimas.
Vemos que em Espanha se desenha um duopólio quase geometricamente traçado (com repartição dos activos e dos mercados entre o eventual grupo Gas Natural/Endesa e a Iberdrola). Entretanto, em Portugal opta-se por uma concorrência entre diversos players de muito menor dimensão.
Qual acham que será o resultado no futuro mercado ibérico?
Defendo o liberalismo económico. Mas o que se está a passar em Espanha é todo o contrário de um modelo liberal. Antes se pretende limitar a concorrência, assegurando que o mercado é repartido entre um grupo catalão e outro castelhano.
Por isso, para Portugal não se trata de uma opção entre modelos mais ou menos liberais agora. Mas sim, olhando para o futuro, assegurar condições de concorrência no futuro mercado ibérico de electricidade. E, já agora porque Portugal não impõe como condição um mercado Europeu de electricidade? Seria ainda melhor do que restringir-nos ao espaço ibérico.
Cada vez que vejo num jornal espanhol a página da meteorologia sinto que falta ali qualquer coisa.
UMA VISITA MUITO OPORTUNA
Sócrates visitou a Líbia, acompanhado de alguns ministros económicos.
Sabendo nós que somos importadores de petróleo e que os contratos de petróleo são feitos com antecedência e com incidência de médio ou longo prazo, fez muito bem o nosso primeiro ministro falar directamente com Kadaphi.
Se Bush, Blair, Chirac e vários países ocidentais já normalizaram as suas relações diplomáticas com a Líbia, não é de estranhar que Portugal também o faça.
Kadaphi, com os aumentos do preço do petróleo, está a abarrotar de dólares e de euros.
A nossa actual política externa, que sempre se opôs à invasão do Iraque, tem todas as oportunidades para sermos bem recebidos no mundo árabe.
Brevemente outra delegação portuguesa, com empresários, visitará de novo a Líbia. Não temos dúvidas de que os portugueses serão bem recebidos naquele país, como já o são em Marrocos, na Argélia, na Tunísia e noutros países árabes.
Agora só temos de rezar para que Cavaco Silva não seja eleito presidente, não vá ele, se for eleito, por omissão e por um silêncio muito ruidoso durante a invasão do Iraque, estragar a excelente imagem que Portugal granjeou junto do mundo muçulmano através das posições políticas muito claras assumidas por Mário Soares, Freitas do Amaral e Sócrates durante a preparação da guerra no Iraque pelos amigos de Bush, isto é, por Durão Barroso e seu padrinho Cavaco Silva.
Muito bem sr. PM Sócrates!
Sokal
(Blog Contundente)
Pátria é um conceito com origem romântica, justificador de políticas restritivas, limitadoras da liberdade dos individuos.
O sucesso da OPA da Gás Natural sobre a maior eléctrica de Espanha, Endesa, vai reduzir a competição no país, considera Jose Ignacio Perez Arriaga, professor universitário contratado pelo Governo para analisar a indústria energética espanhola.
O sucesso da OPA da Gás Natural sobre a maior eléctrica de Espanha, Endesa, vai reduzir a competição no país, considera Jose Ignacio Perez Arriaga, professor universitário contratado pelo Governo para analisar a indústria energética espanhola.
A Iberdrola acordou comprar 4,9 mil megawatts de capacidade de produção à rival Endesa, no âmbito do acordo celebrado com a Gas Natural caso a OPA seja bem sucedida.
«O desaparecimento de um interveniente do mercado e a venda de activos a uma das maiores empresas do mercado são elementos negativos» para a competição, disse Arriaga citado pela Bloomberg.
[in Jornal de Negócios]