desesperados
terça-feira, outubro 11, 2005
Chega a ser comovente o calibre das críticas feitas, por alguns, a Cavaco Silva. Guterres só ganhou por causa dele, tivesse concorrido ele a terceiro mandato e não teriamos Guterres. Sócrates só teve a maioria absoluta porque Cavaco, mais uma vez, se recusou a aparecer numa foto ao lado do Dr. Lopes, tivesse aparecido, e já tudo seria diferente. Esqueçam o confronto político, esqueçam o debate de ideias, são argumentos destes o melhor que 'eles' arranjam, é disto que eles 'sabem' discutir. Com efeito, é díficil para os acólitos de Soares, e da esquerda em geral, conceber alguém com um sentido de Estado, e de missão, tais, que lhe permita abandonar, o poder, simplesmente, quando sentiu que o seu tempo, naquela função, tinha terminado. É-lhes díficil perceber que há quem tenha uma visão tal da política, e da maturidade dos eleitores, que implica deixar o seu partido de sempre entregue a si próprio, sem quaisquer tipo de interferências ou telecomandos, é-lhes de todo impossível perceber que o sentido de dever, à Pátria, pode ser superior à lealdade partidária, quando o que esteve em jogo foi a apresentação, pelo PSD nas últimas legislativas, de um inconsequente irresponsável chamado Pedro Santana Lopes como candidato a PM, que - pelos vistos - preferiam a Sócrates. À responsabilidade, ao desapego pelo poder, ao sentido de estado, chamam cinismo. Falam de valores, falam de princípios, mas não passam de gentinha desesperada capaz de tudo para alcançar os seus fins. De tudo, até de suspirarem, da extrema-esquerda ao Dr. Soares, himself, por uma candidatura do Dr. Portas.
Publicado por Manuel 15:19:00
Se cair, também, não é nada que leve os meus pais a deserdarem-me da vasta fortuna que me espera.
Antes ir por ai, meu caro, que partir para um culto da personalidade, para o endeusamento, para o messianismo que me parece que o anima, porventura em excesso.
Cavaco é apenas um homem, e um homem político. Governou o país mais de uma década. Era autoritário. Boa parte do país que somos hoje é obra dele. E de Guterres, sim, e do próprio Mário Soares, e de Pinto Balsemão, se quiserem, de todos os que tiveram responsabilidades governativas. Mas também de Anibal Cavaco Silva.
Foi também ele o Primeiro-Ministro responsável no tempo em que o Governo entendia que o acompanhamento de manifestações de estudantes do secundário, menores de idade, se devia fazer por polícia de intervenção.
Há coisas que não se esquecem e que nenhuma eloquência apaga.
É mais uma saladinha de polvo desta vez servido pelo capitalista, vendido à Prisa, Paes do Amaral...
Um, Soares, apresentou-se com um monólogo, sem direito a perguntas, apenas possiveis por parte de interlucutores priveligiados e selecionados a dedo, o outro, Cavaco, vai-se apresentar numa conferência de imprensa onde todos, sem excepção, do Diabo ao Avante, poderão perguntar o que bem entenderem, sem negociações prévias ou recurso a scripts pré concebidos...
Você acha que tem "sentido de estado" um indivíduo calculista, medroso, que só tem coragem de se apresentar a público, de responder a questões, se tiver as 'garantias' todas (julga ele...) ? Isso é "sentido de estado" e "sentido de missão"?!? Ora faça-me o favor!...
Anda por aí um sebastianismo encapotado.
Cavaco "deu à sola" quando percebeu que as contas gerais do estado estavam a começar a dar para o torto, e que ele não estava para estar com a maçada de as endireitar.
Cavaco "deu à sola" do partido não por respeito à "maturidade dos eleitores", mas porque não esteve para se maçar a meter a choldra do PSD na ordem.
Cavaco, até agora, não se tem dado ao trabalho de falar às massas ansiosas. Um artiguinho aqui, uns sopros acolá, uma ida a Londres para "botar discurso" à fina flor dos apoiantes (Londres sempre tem outro chique que não tem Lisboa ou o Poço de Boliqueime).
Agora que a "Múmia" vai começar a falar (aliás não tem outro remédio), é que nos vamos divertir, meu caro Manuel.
E só agora é que começa a campanha presidencial a sério.
Ou será que a Múmia vai continuar calada ?
Sá Carneiro, na altura a preparar a AD, criticou fortemente esse aumento. A AD ganhou a seguir as eleições e foi para o governo, com Cavaco Silva em ministro das Finanças. Não tardou muito e fez novo aumento dessas pensões, o que fez com que num só ano essas pensões tivessem aumentado cerca de 45%. Começou aqui o descalabro despesista do Estado.
Mas, como o preço do petróleo entretanto tinha subido muito, de 12$/barril, para perto de 40$/barril, e como Sá Carneiro faleceu no acidente de Camarate, e era depois Pinto Balsemão o primeiro ministro, Cavaco Silva, prevendo mau tempo no canal para a economia mundial e portuguesa abandonou o barco da AD e recusou ser ministro do governo de Balsemão. Este ficou amuado e com o tempo se veria que nunca lhe perdoou este abandono do barco em pleno naufrágio.
A AD, esfrangalhada por lutas intestinas e pela crise económica que levou o país à beira da bancarrota, acaba por perder as eleições em 1983 e dá lugar a um governo de salvação nacional presidido por Mário Soares, com Mota Pinto em vice-primeio ministro. Foi o governo do bloco central.
Mário Soares teve de recorrer ao FMI para resolver a situação, com a ajuda do seu ministro das Finanças, Hernani Lopes. Em 1985 as contas públicas estavam recuperadas e o caso deu brado nos meios financeiros internacionais. Portugal passou a ser um exemplo de bom aluno do FMI.
Mas esta recuperação das finanças públicas custou popularidade a Mário Soares e ao PS, que na altura fez outra grande reforma, a do arrendamento, matéria tabú para os governos anteriores. E o PSD, com Cavaco Silva, sobe ao poder.
Iniciava-se na altura a recuperação da economia mundial depois do choque do petróleo de 1980/81, com a descida forte do preço do petróleo. Cavaco Silva, bem infomado sobre os ciclos económicos, viu que teria um período de vacas gordas para fazer figuraço, até porque Portugal se preparava para entrar na CEE e iria receber chorudos fundos comunitários.
Cavaco Silva passou então a governar com três Orçamentos, o geral do Estado, o dos fundos comunitários e o das privatizações da banca, seguros, etc.
Foi um fartar vilanagem, dinheiro a rodos para distribuir pela clientela, incluindo centenas de milhares de funcionários públicos. O despesismo estatal no seu melhor! Fez obras, sim senhor, incluindo o CCB, que era para custar 6 milhões de contos e custou 40 milhões, segundo se disse na época. O rigor cavaquista no seu melhor!
Anos depois vem a guerra do Golfo, com implicações económicas fortes a nível internacional, e Cavaco Silva, prevendo período de vacas magras e já com ele em andamento, resolveu abandonar o barco e parar de governar e entregou o testemunho ao seu ex-ministro Nogueira. Este perdeu as eleições para Guterres e em 1996 iniciava-se a recuperação da economia mundial. Foi um bom período para Guterres, que continuou o despesismo de Cavaco Silva, já que este último tinha deixado o campo minado por sistemas automáticos de aumento da despesa pública, o MONSTRO cavaquista de que viria a falar Miguel Cadilhe, além de milhares de contratados a recibos verdes no aparelho do Estado, que Guterres teve de integrar nos quadros do Estado para não ter de mandar para a rua gente que há anos não fazia outra coisa senão trabalhar para e dentro do aparelho de Estado.
Foi este o percurso do despesista Cavaco Silva, o que como ministro das finanças da AD aumentou num ano, pela segunda vez, milhares de pensionistas, e o que, como primeiro ministro, aumentou a despesa pública de tal ordem que os défices públicos da sua governação, se limpos das receitas extraordinárias, subiram tanto (chegou a 9% do PIB) que o actual défice das contas públicas é apenas mais um no oceano despesista inventado por Cavaco Silva nos longínquos tempos da AD e continuado nos tempos em que foi primeiro ministro, depois da recuperação heroica dos tempos de Mário Soares e Hernani Lopes, nos anos 1983-85.
É neste despesista disfarçado de rigor que devemos votar para PR? Desculpem, se quiserem propor Hernani Lopes para PR, podem contar com o meu voto. Mas como ele não aparece a candidatar-se a PR, vou votar em quem o ajudou a salvar Portugal da bancarrota provocada pela AD de Cavaco Silva. E esse alguém é Mário Soares.
Estes os factos. E eu voto em factos, não em mitos e miragens. Mário Soares tem um brilhante CV em controlo da despesa pública (governos de 1977/78 e 1983-85). Cavaco Silva tem um brilhante CV no descalabro das contas públicas.
Qualquer economista, se intelectualmente honesto e conhecer um pouco da nossa História recente, rejeita liminarmente este embuste chamado Cavaco Silva. Se ele for presidente da República, como pode ele pregar moralidade económico-financeira quando ele foi e é ainda o pai do MONSTRO? Monstro que agora Sócrates se esforça por abater com as reformas profundas que está a fazer.
Para os mais novos aqui fica a radiografia do embuste chamado Cavaco Silva.