Cópia do dia

D' O Jumento:

O MEU MANIFESTO ANTI-CAVACO

Bastariam os tique autoritários de Cavaco Silva ou aquela postura de salvador da Pátria para eu rejeitá-lo, o contacto com a história deste país levou a que tivesse alergia a este tipo de personagens. Mas há mias razões, muitas mais razões para rejeitar Cavaco Silva e ainda muitas mais para detestar o cavaquismo.

Cavaco o ministro das finanças competente que encaixa no imaginário ruralista da direita portuguesa? Mas não foi um Cavaco que quando foi ministro das finanças que revalorizou o escudo com objectivos eleitorais, obrigando o país a ir mais uma vez mendigar para a porta do FMI?

Cavaco o presidente que velaria pelo bom desempenho do governo? Mas não foi Cavaco que teve ministros com uma Manuela Ferreira Leite na Educação, Braga de Macedo (o do oásis) nas Finanças, o Borrego das anedotas de mau gosto no Ambiente, e muitos outros que só o tempo levou a que já não façam parte do anedotário?

Cavaco o homem que vela pelos interesses da Nação? Mas não foi Cavaco que governou em função das sondagens eleitorais, que inventou as corridas às inaugurações e os aumentos da pensões no fim dos mandatos?

Cavaco o candidato não partidário? Mas não foi com Cavaco que todos os que eram nomeados para cargos dirigentes na administração Pública era “convidados” a inscreverem-se no PSD, para depois participarem em mega-cerimónias de boas-vindas ao partido?

Cavaco está preocupado com a situação difícil do país? Mas quando abandono(u) o governo não deixou as finanças públicas num estado bem pior do que o actual, muito devido à nomeação do pior director-geral que passou pela DGCI? Mas a crise profunda que o país atravessa não resulta do seu modelo económico?

Cavaco quer ajudar o país? Mas não teve uma excelente oportunidade de o fazer apostando no ensino ou outros sectores como a investigação em vez de estoirar os fundos comunitários em cimento, alcatrão e automóveis de luxo para os que enriqueceram à sombra do seu poder?

Cavaco o homem honesto? Mas não foi com Cavaco que gente que nunca foi nada na vida se transformaram rapidamente em banqueiros? Não foi com o cavaquismo que a corrupção, fuga ao fisco e o enriquecimento rápido se tornaram fenómenos asfixiantes do desenvolvimento do país?

Cavaco o respeitador da democracia e da Constituição? Mas não era ele que designava todas as instituições por forças de bloqueio? Desde a Presidência da República ao Tribunal de Contas não eram todas forças de bloqueio?

Cavaco o estadista com conhecimento internacional? Mas alguém, além de Durão Barroso, o conhece depois de passar a IP5? Que se saiba na Europa só deverá ter uma leve ideia do ex primeiro-ministro português a pensionista Margareth Teatcher

Cavaco o candidato por imperativo de consciência? Também foi por imperativo de consciência que ajudou à derrota eleitoral de Fernando Nogueira e que derrubou o governo de Santana Lopes, para que não houvessem impecilhos no caminho da sua ambição presidencial?

Cavaco? Quem não o conhece que o compre…

Como bem assinalou o Manuel a Loja não tem candidato oficial. É antes um espaço plural vocacionado para o contraditório. Valha-nos isso. Eu, por mim, pessoalmente, não sei se vote em Manuel Alegre ou se não vote. Angústias...

Publicado por irreflexoes 10:54:00  

7 Comments:

  1. Anónimo said...
    Se conseguir explicar quais as qualidades de Manuel Alegre que o recomendam para esse cargo específico, nesta difícil conjuntura, força, faça um post a ver se nos convence...

    Dos outros candidatos, do PS, PCP e BE, de facto, nem vale a pena tentar.

    Quanto a Cavaco, como sempre, o que mais incomoda as mentes de "esquerda" é o estilo pessoal, a forma, a Maria Cavaco e outras minudências - a que também sou sensível, pela negativa.
    Nada disso altera o essencial. Cavaco, com a sua seriedade, experiência e sentido de Estado é o melhor candidato na presente conjuntura.

    Repito o comentário que deixei noutro post desta Loja:

    "No ponto em que estamos, sentido de Estado, seriedade e genuína busca do "bem comum", em democracia livre de poderes ocultos, são fundamentais. São a base, a "basezinha" de tudo o que falta. São também bens cada vez mais escassos.
    Talvez por isso, um velho esquerdista, com décadas de luta "anti-fascista" e em tempos anti-cavaquista convicto, me dizia recentemente: "se for preciso, vou colar cartazes para o Cavaco!".
    Cavaco é o homem do momento. É a única "desesperada esperança" que se apresenta nesta eleição e vai ganhar logo na primeira volta.".
    Arrebenta said...
    Repetição de "post"
    ("É a vida..")

    Que saudades daquele dia em que o dentinho Cavaco foi ao dentista, para ser desvitalizado no garrafão da Ponte

    O Mário Soares,
    rata velha,
    em vez de o pôr na rua, deixou-o cair de podre.
    Um Governo Osteoporótico.

    Na altura,
    o Peidas Lourido ainda só era Ministro
    (pai, já sou ministro!...)
    mandava dar porrada em toda a gente,
    uma espécie de miguelista da Lusitânia retardada.
    Portugal fazia maratonas de cadeiras de rodas com a Grécia,
    para ver qual ficava com a cauda da Europa,
    o Grande Timoneiro ia sempre pendurado no estribo,
    ao lado do ex-maoísta e neo-oportunista Durão Barroso,
    aquela m*erda,
    um dia,
    descarrilou nas contra-curvas do IP-5,
    a ESTRADA ASSASSINA,
    -- até a Maria ia para lá andar de trenó,
    nos dias de grande humidade
    "nunca senti nenhum perigo, havia só aquela emoção da montanha russa da Feira Popular, também só lá andei uma vez, ficava muito longe da Vivenda Mariani" --,
    já estamos na linha da frente,
    direita
    esquerda
    volver
    o PELOTÃO DA FRENTE,
    a patinar no Pulo do Lobo,
    o Soares raposão dava gargalhadas na Praia dos Tomates,
    o rei vai nu,
    "filho, os ossos do teu governo já só parecem uma filigrana...",
    as câmaras não largavam aquelas mandíbulas de retro-escavadora,
    ao cair dos noticiários,
    já só enfardava fatias de bolo-rei,
    era Natal o ano inteiro,
    -- mas só para alguns --
    NATAL, MAS SÓ PARA ALGUNS,
    "atão,
    professor,
    isto vai,
    ou não vai?..."
    Não sei,
    não leio jornais
    aliás,
    não leio mesmo nada.
    O desemprego galgava durão-socraticamente por ali acima,
    as gajas dos têxteis todas em casas de alterna,
    Setúbal na soleira da porta,
    a Agricultura vendida por tuta-e-meia por um labrego com ar de merceeiro
    -- varreu-se-me o nome --
    O Migâ Amâgàl a fantasmear empresas e a sacar fundos para a amigalhada,
    com a mulher fechada num gabinete do Ministério para fingir que não estava louca
    -- se for dada como louca, não me posso divorcair,
    isola, isola, isola!... -
    um outro,
    com ar de anémico,
    falava de reciclar os hemodializados,
    para aproveitar o alumínio,
    aliás,
    tudo o que metia sangue,
    neste Great Portuguese Disaster,
    acabava mal,
    ai dos hemo deste mundo,
    que morerrão contaminados,
    reciclados,
    porque a palavra de ordem era a de SACAR,
    mas saudavelmente:
    Santana tratava da Cultura
    e a Ferreira Leite da Educação,
    o Coelhinho dentolas era Secretário de Estado da Ignorância
    -- licenciaturas prâ quê???... ---
    THE GREAT PORTUGUESE DISASTER
    parecia o Grande Funil dos Analfabetos,
    a galope para o fundo do cóccix europeu,
    e o outra mascava bolo-rei;
    a Maria
    -- burra com'às casas --
    fazia tricot,
    uma mantinha para os dias de Inverno,
    que deus no-lo traga brando,
    -- roubada no avião, como rezava o Portas --
    (Grande voz nessa altura,
    VENHA ELE!...)
    Querida,
    para si,
    o Mundo é uma manta e um côdea,
    e o Taveira,
    por detrás,
    a enrabar,
    "--Srª Dª. Maria Cavaco Silva,
    que pensa das enrabadelas do arquitecto do Regime?...
    -- Eu não acredito nessas coisas;
    sexo,
    só para procriar,
    e a semente deixada em vaso próprio,
    e mesmo assim, com cautelinha,
    cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém...,
    mas deixe-me estar sossegada,
    que estou a ver um programinha do Carlos Cruz..."
    Era tudo tão bom nesta altura,





    o dia começava pela manhã e acabava à noite,
    a hora era a mesma de Espanha,
    para se poder começar a especular e a dar golpadas na Bolsa mais cedo,
    ano terrível, de seca,
    mas com o sol a pôr-se grandiosamente nas dez horas do seu Verão prolongado,
    as vacas ainda não andavam loucas,
    e a própria sida levava seis meses a chegar ao sangue,
    tempo suficiente para escoar os lotes já comprados,
    o BCP surgia do nada e ainda não branqueava capitais,
    a Amália era viva,
    e viva aquela santa Lúcia que ainda tinha visto a Senhora;
    as gripes só constipavam as saloias, e NUNCA as galinhas,
    e as Amoreiras eram as Twin-Towers portuguesas,
    um pouco mais modestas,
    é certo,
    mas nós só governamos com o pilim de 3 orçamentos,
    o da Europa, o de Portugal, e o das Privatizações,
    construímos o Centro Cultural de Belém,
    um caixote,
    que custou dez anos antes,
    o dobro do que iria custar a obra-prima do Guggeheim de Bilbao,
    e íamos para a Guerra do Golfo na carcaça Gil Eanes,
    um velho porão,
    à Solnado,
    de transportar sacos de batatas;
    os Americanos,
    quando viram aquilo,
    puseram-no logo num porto de retaguarda,
    não fosse afundar-se e bloquear o Golfo,
    coisa boa,
    o Ministro da Defesa,
    sucessor do pedófilo Eurico de Melo,
    a reserva moral do P.S.D..,
    vice-rei do Norte,
    com primeira dama de honor o "Major" Valentim Loureiro,
    que distribuía,
    já não me lembro bem,
    se fogareiros se micro-ondas
    (pelo nível, suponho que fossem fogareiros),
    o Ministro da Defesa,
    sucessor do Vice-Rei dos Putos
    -- um borra-botas cujo nome se me varreu --,
    quando descobriu que aquilo era mesmo sucata,
    foi para o largo dos Açores,
    tentar enfiar-lhe o cavername no fundo do Mar,
    com munições do tempo do Gungunhana,
    aquela me*rda estoirou fora do previsto,
    era Sua Excelência aos berros,
    PREGO A FUNDO!...
    que ainda apanhamos com algum estilhaço nos cor*nos!...,
    e apanharam,
    e não foram poucos,
    a raiva popular todos os dias lhes dava com estilhaços nos co*rnos,
    eram ministros das finanças atrás de ministros das finanças,
    com as contas públicas no mais vergonhoso descalabro,
    E o Cadilhe,
    e a pirosa casa do Cadilhe, nas Amoreiras,
    e o Borges de Macedo,
    parecia um pelicano,
    com a queixada a arrastar,
    e a Ferreira Leite posta na rua,
    porque já nessa altura trocava os zeros todos,
    era o PAÍS DOS ZEROS,
    dos zeros do Catroga,
    dos zeros do Lá Féria,
    dos zeros da Beleza e dos irmanastros,
    da Beleza velha, que dava golpadas na secretaria do Ministério da Saúde,
    dos zeros da Dona Branca,
    dos zeros do Pedro Caldeira,
    dos zeros dos poemas de um labrego que era deputado, e fazia rimas à Manel Alegre,
    mas ainda mais pobre,
    dos zeros dos putos sacados pela noite à Casa Pia, para visitarem Ministros e Embaixadores,
    "-- Srª. Dª Maria Cavaco Silva, que pensa da Pedofilia?..."
    "-- Credo, que horror, graças a deus que essas coisas não "há-dem" haver nunca em Portugal!... Olhe, desculpe não lhe poder dar mais atenção, mas estou a ver este programa cultural do Sr. Nicolau Breyner..."
    Dos zeros e da pobreza,
    apesar dos 3 orçamentos,
    mas como poderia haver orçamentos que resistissem, com tanta mão a ROUBAR!...
    ERA SEMPRE NATAL, MAS SÓ PARA ALGUNS,
    Foi-se à urnas e levaram duas carimbadelas
    de seguida
    "NÃO!...",
    nas Legislativas,
    e "NÃO!..." no Cavaco para Presidente,
    coitado, pensava que se branqueava em dez semanas de DEZ ANOS de imundície, pilhagem e regresso à barbárie.
    Nem dez anos,
    nem cem anos, filho!...
    THE GREAT PORTUGUESES DISASTER!...
    Foram todos votar na fraca figura do Sampaio,
    eram os comunas todos,
    defronte do Altis,
    com carrancas do Cavacão a fazer ão-ão,
    "TIREM-ME DAQUI ESSES GIGANTONES!...",
    vociferou o cavaleiro da fraca figura,
    e lá foram,
    não fosse algum esclorosado de 2005 se lembrar de os ir buscar para restituir à vida,
    ou à paródia da vida.
    ó Peidas,
    telefona ao teu pai a dizer que já és ministro!...
    Pai,
    já sou ministro,
    deixe a bomba de gasolina,
    e arranque essa placa infame:
    em Boliqueime já não há fossa,
    nem poço,
    nem rasto de poço:
    agora há fonte...
    e que fonte:
    Uma vera fonte de detritos sólidos...
    Anónimo said...
    É uma pena que ninguém se lembre das famosas actuações de Manuel Alegre quando era ministro e de Mário Soares quando era primeiro ministro. Talvez nessa altura não vivessem em Portugal.
    Anónimo said...
    Recentemente Cavaco Silva disse para as TV's que estava estupefacto pelo que aconteceu com o regresso de Fátima Felgueiras. Que a justiça não estaria bem nesta fotografia...
    ESTOU ESTUPEFACTO!, disse ele, impante ao estilo do Superman.

    Também recentemente o economista Miguel Beleza, do PSD e natural apoiante de Cavaco Siva, glosou o mesmo tema no programa "Prós e Contras" da RTP, com brejeirices de mau gosto sobre Fátima Felgueiras, a fugitiva da justiça portuguesa. Tão mau gosto que uma participante nesse debate, politóloga conhecida, lhe deu uma ripeirada bem dada.

    Mas esta gente tem fraca memória e vergonha nenhuma na cara.

    Leonor Beleza, a ex-ministra da saúde de Cavaco Silva, foi acusada pelo sistema judicial de homicídio (não voluntário) por negligência de 23 hemofílicos - formalmente ACUSADA, não suspeita - no famoso processo dos hemofílicos. Pois bem, esta senhora continuou a candidatar-se em eleições e a exercer funções políticas como deputada e até como Vice-Presidente da AR, enquanto o processo judicial corria o seu curso, com sucessivos recursos, alguns para o tribunal Constitucional, até que o processo prescreveu. Muitas vítimas hemofílicas ficaram sem direito a que se apurasse a verdade e se fizesse justiça.

    Manifestou Cavaco Silva publicamente alguma estupefacção com este escândalo da Justiça? É evidente e todos sabemos que não, bem antes pelo contrário, sempre deu apoio político e pessoal a Leonor Beleza.

    E Miguel Beleza, irmão de Leonor Beleza, gozou com o assunto na TV e mandou dichotes brejeiros sobre a sua irmã? Evidentemente que não, caladinho que nem um rato.

    E Zezé Beleza, irmão destes dois, lembram-se? Lembram-se de ele ter fugido da Justiça, lá pela Ásia, no âmbito do processo Costa Freire?

    Mostrou Cavaco Silva alguma estupefacção por Zezé Beleza, irmão da sua ex-ministra Leonor, andar fugido da Justiça? Evidentemente que não, pois a sua estupefacção é só para alturas politicamente oportunas, desde que atinjam os adversários políticos.

    E o irmão Miguel beleza, também gozou com a situação como gozou com o caso Fátima Felgueiras na TV? Claro que não, não convinha nada.

    E o filho de Leonor Beleza, apanhado pela PSP num grupo de traficantes de droga? Causou alguma hilariedade na TV ao tio Miguel Beleza?

    Alguma vez Cavaco Silva retirou a sua confiança política a Leonor Beleza, uma ACUSADA judicialmente que chegou a ser eleita deputada e Vice-Presidente da AR, estando ela acusada de 23 homicídios?
    Marques Mendes alguma vez propôs para que o PSD retirasse a confiança política a esta ex-ministra de Cavaco Silva?

    É caso para todos nós ficarmos estupefactos com este descaramento de Cavaco Silva e de Miguel Beleza.

    Não que Leonor Beleza não fosse presumida inocente por toda a gente sensata, assim como o seu irmão Zézé, mas porque há gente política como Cavaco Silva, Miguel Beleza e Marques Mendes que tem uma lata do caraças! É mesmo de se ficar estupefacto com tal lata e descaramento!
    ...............................

    Para os curiosos deixo aqui uma página do website da APH, Associação Portuguesa de Hemofílicos.

    Os Ecos da Verdade II
    Data: 23 - 9 - 2003


    Comentários elaborados pela Associação Portuguesa dos Hemofílicos, em 23 de Setembro de 2003, face aos novos desenvolvimentos ocorridos no processo dos hemofílicos:

    Os arguidos são os únicos culpados da morte de 23 hemofílicos, dos 35 identificados na acusação e associados ao lote 81 05 36.

    Os outros 12 têm morte anunciada! Que triste verdade!

    Leonor Beleza enganou a opinião pública. Chegou a hora de se repor a verdade dos factos e do processo:

    Em 1998 a Relação de Lisboa proferiu um acórdão enviando estes arguidos para o Tribunal de Julgamento, com severas críticas sobre o teor do recurso e comportamento de Leonor Beleza.

    Diz o douto acórdão da RL, de 18/11/98, aquele que nunca foi cumprido:

    “A guerra é sem quartel. (...) A arguida (...) culmina as suas alegações com um bota a baixo, um salve-se quem puder descomposto, impensável e de muito baixo nível.

    Esta era uma boa oportunidade para os arguidos se livrarem deste processo “de vez”. Mas a realidade foi outra. Fizeram “marcha a trás”, arranjando à pressa e acompanhados do devido compadrio, um lote de inconstitucionalidades para entrarem no Tribunal Constitucional, ansiosamente esperando empatar o bom andamento do processo. Os Juízes Desembargadores da RL chegaram mesmo a afirmar que consideravam este caminho “impróprio e fora de tempo”. Impróprio porque o que estes arguidos quereriam e mereciam só o poderiam ter no Tribunal de Julgamento e fora de tempo porque só agora, ao fim de 4 anos após a acusação e em desespero de causa, é que se lembraram que, afinal, o processo até tinha algumas inconstitucionalidades...

    A mesma cena repetiu-se em 2001. A RL volta a manter a pronúncia do seu anterior acórdão de 19/11/98, sendo que os arguidos voltam a ignorar a RL, recorrendo, mais uma vez para o Tribunal Constitucional.

    Depois vem o cansaço e a saturação da RL que acolhe a ordem do TC e contrariamente ao que tinha afirmado em 1998 e em 2001, declara, sem convicção, que o processo prescreveu... (mas não de vez! Dizem as vítimas)

    O Supremo Tribunal de Justiça é agora chamado a intervir. O Ministério Público e as assistentes fazem andar o processo. Mas há quem não queira!

    Se os vários magistrados nestes autos têm louvado o trabalho de investigação do Ministério Público (MP), com que direito uma Senhora Magistrada do MP no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) vem derrubar o trabalho do MP, desacompanhando as vítimas como se estas se reduzissem a um qualquer preceito do Código do Processo Penal (CPP) comentado com duas ou três notas de trazer por casa.

    É este tipo de actuação da magistratura, felizmente isolada, que provoca a crítica destrutiva da comunidade à Justiça, certo sendo que esta Senhora Magistrada não pugnou por uma resposta à altura da posição que ocupa.

    E tanto assim é que o próprio acórdão do STJ nem sequer considerou a resposta daquela no relatório da sua decisão.

    As assistentes clamam:

    “Não compreendemos como é que os nossos maridos, filhos e pais são ignorados pelo TC e agora outra vez ignorados pelo STJ, uma vez que este também se recusa a conhecer do recurso, ou seja mataram-os duas vezes: a primeira vez 1986 e agora...”

    O TC só considerou relevante a 1ª morte ignorando as restantes (22). Assim, é como se os outros que morreram depois não fossem cidadãos com hemofilia.Para o TC estes 22 nunca existiram, era como se fosse só 1 doente com hemofilia tratado com este lote e não os 35 identificados na Acusação.

    Porque só a 1ª morte é que conta? Será porque era um ex-presidente da Direcção da APH??

    Mais recentemente, o STJ ao não querer conhecer o recurso das vítimas é como se os restantes doentes com hemofilia contaminados com o vírus da SIDA através do lote 81 05 36 nunca tivessem existido.

    Presentemente, este processo só anda ao emporrão das assistentes porque não será o TC ou o STJ que lhes vai calar a boca.

    E não nos venham dizer e escrever que são “dezoito anos de calvário” (Jornal Expresso de 26 de Julho de 2003)! Calvário só para alguns: as vítimas, que são obrigadas a esperar que seja feita Justiça, sem nada poder fazer. Os outros, os arguidos, já em 1998, podiam ter acabado o processo, acatando o acórdão da RL que os enviava para o Tribunal de Julgamento. Porque não foram? Afinal, quem tem medo deste Julgamento?

    Veja-se a resposta (abaixo) que este artigo mereceu por parte da APH e enviada por mail (fmadrinha@mail.expresso.pt) em 23 de Setembro de 2003.

    Num país onde todos falam de justiça, onde todos apontam o dedo à justiça, onde todos falam de processos mediáticos, da legislação, não haverá ninguém que queira falar do (bendito/maldito) processo dos hemofílicos que é vítima de uma das senhoras que tem poiso numa casa onde fazem leis? Será que ninguém vê isso?

    APH
    ................................

    Exmo. Senhor

    Fernando Madrinha

    V. Exa. assinou o artigo “Calvário” no jornal “Expresso” de 24/07/03, onde comenta sobre a actuação da Justiça no processo dos hemofílicos, em que Leonor Beleza, actual Vice-Presidente da Assembleia da República e Cabeça de Lista pelo Distrito de Portalegre, é arguida. A falta de informação de V. Exa. na matéria é óbvia e incompreensível, ressaltando a sua solidariedade num tema, que certamente não seria exposta se a informação, a existir, fosse fidedigna e correctamente analisada.

    O seu artigo parte do erro e comummente ataca o alvo mais fácil, o que não tem rosto, qual seja o sistema judicial português, esquecendo, como muitos esquecem, que nem sempre os magistrados são os reais responsáveis pelo tramitado moroso de um processo, culpas cabendo a outros operadores da Justiça que encharcam aquele de recursos, quantas vezes sem base que os sustente.

    Assim, o “Calvário” que V. Exa. menciona refere-se ao quê e a quem? À Sra. Arguida Leonor Beleza ou as vítimas desta?

    Os “dezoitos anos de espera” e “vida em suspenso” que V. Exa. menciona, referem-se a que processo, a quem e ao quê? É que a acusação no processo dos hemofílicos remonta a Dezembro de 1994, há ainda hemofílicos que têm a vida em suspenso e quase todos os que foram identificados na acusação já morreram (23 de 35).

    O Sr. jornalista desconhece a acusação e as várias pronúncias que a Justiça fez recair sobre Leonor Beleza, certo sendo ainda, que o tratamento jornalístico de uma decisão judicial não é jurídico. Como pode, assim, o Sr. jornalista propor-se lembrar o que não sabe ou não entende e, não obstante isso, pretender informar o público?

    O Sr. jornalista parte de premissas erradas e ignora o conceito de dolo eventual, sendo certo que se o conhecesse nunca afirmaria que Leonor Beleza foi acusada de agir com consciência e intenção deliberada e muito menos afirmaria que aquela foi acusada por uma questão formal. O tipo de culpa que é imputado a Leonor Beleza – dolo eventual – está longe de ser a consciência e intenção que o Sr. jornalista invoca, não lhe ficando nada bem escrever sobre o que não sabe, criticando a Justiça talqualmente o comum português que se compraz no escárnio e maldizer..

    Contrariamente ao que o Sr. jornalista escreveu no seu artigo, as delongas processuais no processo dos hemofílicos, ocorreram por exclusiva culpa da arguida Leonor Beleza, mãe e outros arguidos, que invadiram o processo com recursos – alguns duvidosos -, aos quais a Acusação teve obrigatoriamente que responder.
    Efectivamente não foi o Ministério Público nem as assistentes que recorreram inicialmente para a Relação de Lisboa ou que pediram aclarações de acórdãos ou que, em virtude do decidido por aquela instância superior, obrigaram o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) a ouvir cerca de oitenta testemunhas abonatórias em fase de Instrução e a juntar aos autos o processo crime austríaco. O TIC prescindiria da audição daquelas e da junção deste porque considerando a informação que já possuía era irrelevante perder tempo com semelhantes diligências. Verificou-se que o TIC tinha razão porque não só as testemunhas referiram que nada sabiam do caso, algumas como o Presidente do Futebol Clube do Porto afirmaram mesmo não conhecer Leonor Beleza, como o processo austríaco acabou por não ser sequer trabalhado por Leonor Beleza dado conter análises positivas ao vírus da Sida, relativas ao produto que matou os hemofílicos, as quais tinham sido feitas antes da exportação do mesmo para o nosso País, mais se encontrando ali um certificado de exportação com data anterior às mesmas análises.

    O que está, portanto, em causa é a intervenção processual dos arguidos encabeçados por Leonor Beleza.

    Por outro lado, o Sr. jornalista desconhece que a defesa só invocou a prescrição três anos após a data em que segundo aquela esta ocorrera. Igualmente desconhece que, segundo o que foi publicado, foi Leonor Beleza quem inflamou os seus co-arguidos com a prescrição, pedindo-lhes que fossem eles a invocar a prescrição, considerando que ela – Leonor Beleza – não podia fazê-lo por ser uma figura pública.

    Todavia, não precisava o Sr. jornalista de se maçar com tanta análise sobre o que a prescrição causa sobre os arguidos, pois é ou não verdade que quem se diz inocente e alegadamente não teme o julgamento, se apresenta ao tribunal para ser julgado, depois de ser acusado e pronunciado? Mas não foi isso que Leonor Beleza fez, pois escondeu-se no Tribunal Constitucional, tribunal político, cujas decisões segundo os juízes que votaram vencidos, provocaram brechas no edifício jurídico-penal.

    Por conseguinte,

    Se a arguida em causa não quisesse a prescrição pura e simplesmente não se escondia nela, não recorria para o Tribunal Constitucional e submetia-se a julgamento. Ou seja, após a decisão de pronúncia apresentava-se a julgamento, o que não teve a coragem de fazer.

    O Sr. jornalista desconhece que esses recursos que atrasaram o processo são justamente aqueles que Leonor Beleza fez para o Tribunal Constitucional, a este requerendo interpretações normativas que, depois de aplicadas pelos tribunais judiciais, conduzissem à prescrição.

    Finalmente o Sr. jornalista desconhece que o processo ainda não transitou em julgado e nessa medida, pelo menos, formalmente, não pode falar de um processo como se este estivesse arquivado. Manda a ética que o Sr. jornalista se informe fidedignamente, o que neste caso implicava também ter consultado a Associação Portuguesa dos Hemofílicos. Isso não fez o Sr. jornalista, o que é de lamentar, pois como convirá, aquela Associação tem em sua posse documentação e saber tão vasto que fazem tremer de indignação qualquer jornalista, depois de investigar a verdade dos factos.

    Por conseguinte, decida o Sr. jornalista o que quer fazer: pretende manter o artigo que escreveu, que é errado e injusto ou investigar imparcialmente a verdade material da situação para posteriormente se render ao meã culpa, com que indubitavelmente se confrontará?

    Verá, para além disso, quão falsa, hipócrita e manipuladora é Leonor Beleza, perfil, de resto, que não será desconhecido de certos notáveis que preferem manter-se no silêncio e pactuar com o seu actual cargo de Vice-Presidente da Assembleia da República e até a aceitam a fazer apelos –pasme-se – à Justiça, por causa de prisões preventivas e escutas telefónicas, deixando de lado o comportamento processual e moral de pessoas como ela, fugitiva da Justiça de forma não escandalosamente óbvia.

    Será que a Justiça é ainda culpada de tudo ou será que há outros bem mais culpados que aquela, pelo silêncio com que se pronunciam sobre a situação ou pelo discurso viciado na versão da culpada?

    Para já uma coisa é certa: tivesse Leonor Beleza sido posta em prisão preventiva e a mesma não teria brincado aos recursos no Tribunal Constitucional.

    Assim, queira o Sr. jornalista esclarecer-se e esclarecer quem o lê, que a Associação Portuguesa dos Hemofílicos o apoiará com toda a documentação e saber que infelizmente o público está longe de conhecer. Caso persista na sua solidariedade sui generis, saiba o Sr. jornalista que os hemofílicos não foram infectados com sangue contaminado mas com derivados plasmáticos que dão pelo nome de Concentrados de Factor VIII. Apenas um pormenor. Mais um em que o Sr. jornalista falhou.

    APH
    josé said...
    Caro Arrebenta:

    O comentário fino até que está bem tirado. Mas assim, em profusão, torna-se comentário a concorrer com nonós que não tardam muito aparecem por aí a enxamear as caixas com o habitual e divertido " deixemo-nos de fofoquices limianas..."
    Quanto ao Cavaco, não gosto da pessoa política.
    Não conheço a pessoa em si mesma, nem me interessa.
    COmo pessoa política, tem algum interesse o discurso que ontem fez.
    Pareceu-me o discurso do senso comum que pugna verbalmente pela estabilidade goverantiva e que assegura longa vida aos governos que virão.
    Não serve de muito se os governos que virão forem contrários à lógica de economista enunciada.
    O discurso de Cavaco, ontem, parecia o discurso de quem vao concorrer à chefia de um governo e não para presidente da República.

    Sendo este cargo, como é, de representação do Estado e de garantia pelo funcionamento das instituições democráticas, pergunta-se:

    Que conhecimentos tem este Cavaco de 2005, do funcionamento de certas instituições como são as que não dependem de conhecimentos económicos ou universitários?

    Cavaco saberá como funcionam as Forças Armadas? E terá ideias concretas e precisas sobre isso?
    Duvido muito.
    Saberá como funciona o sistema de justiça que temos e qual o papel institucional reservado à magistratura judicial e do MP?
    Duvido muito, muito.
    Saberá o que é preciso para devolver a todos os portugueses o orgulho em ser português?!
    Aí, duvido muito, muito, muito!
    Aliás, até nem duvido: tenho a certeza que não sabe!

    E era isso que eu gostaria mais que ele soubesse.
    Mas um pessegueiro não pode dar nêsperas, para não citar o intelectual que falava na lagartixa...
    josé said...
    Eu não disse que não demorava nada?!!

    Que cromo! Safa!
    Anónimo said...
    Grande discurso e grande bofetada nos seus críticos mais jovens, o de Mário Soares na apresentação da sua candidatura, um espírito jovem com 81 anos.

    Aquela que ele lembrou que esteve numa manifestação na rua contra a guerra do Iraque vai levá-lo à vitória.

    O povo tem memória e na campanha Soares vai perguntar muitas vezes a Cavaco onde estava nessa altura. Estaria com Durão Barroso, o delfim de Cavaco Silva? Estaria na cimeira dos Açores, com o seu delfim Durão Barroso? Fez Cavaco Silva alguma coisa para evitar o desastre de Bush e de Durão Barroso nos tempos que antecederam a guerra do Iraque?

    Suponhamos que nessa altura Cavaco Silva era presidente da República. O que teria ele feito, iria receber Bush nos Açores e dar o aval de Portugal ao disparate que foi a guerra do Iraque? O que teríamos em troca desse apoio a Bush? Provavelmente o que tiveram Aznar e Blair, terrorismo em casa.

    Perceberam, cavaquistas e portugueses em geral, o que está em jogo na próxima eleição? Querem terrorismo em casa por uma causa idiota que não nos diz respeito?

    Cavaco Silva é autor moral da idiotice de Durão Barroso ao apoiar Bush na guerra do Iraque, porque Durão Barroso era o seu delfim. Não venha agora fingir que se distancia da posição de Durão Barroso quanto à guerra do Iraque, porque os portugueses nada viram dele nessa altura e depois.

    Os portugueses não gostam de múmias oportunistas e videirinhas. Gostam de Mário Soares, poque ele enfrenta os toiros quando muitos fogem ou ficam calados.

    Quem quer paz e não se quer candidatar a levar com uma bomba islãmica na cabeça vota Mário Soares. Quem se quiser arriscar a outro destino, vota num oportunista qualquer que fica calado quando um filho deita gasolina na casa que ameaça arder.

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