Um país em festa por Medeiros Ferreira

Medeiros Ferreira, definitivamente entrou em colapso

Se há coisa que Portugal nos últimos anos realizou e não deveria ter organizado só pelo simples facto de não possuirmos capacidade financeira para tal, foram precisamente esses eventos grandiosos. Valha-nos ao menos a honra de os termos organizado quase sem mácula.

Comecemos pela Expo 98. Além do investimento público da época, das vagas de imigração motivadas pela necessidade de construção, e de um aquecimento do consumo motivado por uma aparente solidez guterrista que veio mais tarde a verificar-se não existir. A Expo 98 revelou-se num local apenas para se obterem mais valias imobiliárias brutais. Benefícios para o país, enquanto economia, foram certamente poucos. Da Expo, que quase todos visitamos, sobra muito pouco.

Passamos para o Euro 2004. O único benefício visível para a Economia foi o facto de os clubes de futebol que devem ao fisco, possuírem hoje estádios novos, financiados pelo Estado, mas que vá se lá saber, não conseguem ter em média metade da lotação. A parte invisível, o enorme custo da dívida que as autarquias suportam e cujo tribunal de contas proibiu de se endividarem nos próximos 20 anos. Irrelevante para Medeiros Ferreira.

Do exemplo grego, da quase falência das contas públicas por se ter metido na organização de uns jogos olímpicos, pouco ou nada interessa.

Tudo é simples para Medeiros Ferreira. Até o facto das empresas industriais não serem competitivas externamente e sofrerem a concorrência das empresas estrangeiras em Portugal. Pois, tivessem muitas delas aproveitado de outra forma a torneira dos fundos comunitários, e hoje outro galo cantaria. Foram-se os anéis e ficaram os bmw´s e as vivendas no Algarve.

Estava convencido que a solução para Portugal passaria por uma reformas a sério na administração pública. Por uma dinamização do sector exportador, por um aposta em actividades terciárias de qualidade, por uma valente reforma na segurança social e na educação, por uma correcta política de investimento público. Mas estou enganado.

De qualquer forma, parabéns. É enternecedor ver, que para Medeiros Ferreira, o que interessa é a festa, mesmo se depois da festa, nos faltar dinheiro para apanhar as canas. É certo que ele será um sério apoiante a uma eventual candidatura de Portugal à organização dos jogos olímpicos. Parabéns.

Publicado por António Duarte 17:15:00  

5 Comments:

  1. Anónimo said...
    Como o tacho do homem está em risco há que azoratar o pessoal!
    Anónimo said...
    Antes de mais acho que o notável colectivo devia ler o meu artigo no DN de 6 de Julho de 2004, o estudo coordenado pelo catedrático Vítor Martins do ISEG, e o último relatório anual do Banco de Portugal p77.Ou ainda estão no ciclo da canela?Passem à frente.O regime ainda não está para caír.E quando isso acontecer não se sabe para que lado será.Tenham calma.
    Tonibler said...
    Se o notável catedrático Vitor Martins e o relatório anual vêm dizer que o estoirar de dinheiro em disparates é bom, mas vale fechar o ISEG e o Banco de Portugal. Sempre são menos umas centenas de funcionários públicos!

    Acho que o formulário do IRS deveria ter logo no topo uma opção para o contribuinte fazer a pergunta 'Não é para disparates, não?' para ser respondido um a um pelo primeiro-ministro.
    Anónimo said...
    A candidatura do MS é também uma visão
    do Medeiros Ferreira.
    A falta de visão é o denominador comum.
    Anónimo said...
    Essa do "notável", dispenso. Sou apenas do colectivo e muito preocupado com a "faina" que vai ocupando os tachos todos...

    Daqui a uns anos não vai ser o JMF que me vai pagar a reforma porque entretanto vão-se abarbatando!

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