Só, com Portugal
domingo, setembro 18, 2005
Os que "temiam" que Cavaco não se candidatasse ou que o fizesse apenas "empurrado" pelas sondagens, podem agora dormir descansados. Dentro de algumas semanas, como, aliás, sempre o disse, Cavaco formalizará a sua candidatura a Belém. Ao contrário do pífio "remake" de Mário Soares no final de Agosto, ao qual o país não prestou nenhuma atenção, a candidatura de Cavaco Silva constituirá o verdadeiro acto inaugural das presidenciais de 2006. É assim porque se sabe que, desta vez, são realistas as possibilidades de ele vir a ser o próximo PR. Toda a algazarra construída em torno do seu "silêncio" ou, pior, do seu "tabu", como eles dizem, não passa de uma mitomania gasta, destinada a tentar fazer o homem "aparecer" para massajar o ego aos adversários e a alguns "comentadores" mais excitados. Esta "pré-campanha" tem sido, nessa matéria, esclarecedora. Julgo não estar enganado quando pressinto que o país se inclina, de novo, para Cavaco Silva. Não por causa do "providencialismo" que lhe é atribuído maliciosamente pelo jacobinismo empoeirado de Mário Soares ou de Almeida Santos, ou pelo estatuto de "regedor ditatorial" que lhe é colado pelo PC e pelo BE. E muito menos, porque o argumento é rídiculo, por ser "professor de finanças". O "regime", se não se regenerar, afunda-se, mais tarde ou mais cedo, nas suas trapalhadas e na sua venalidade. Restaurar, com sensatez, a sua autoridade, sem pôr em causa a "natureza das coisas", é a tarefa mais nobre do próximo PR. Não é preciso ser "presidencialista" para achar que não é com magistraturas "monárquico-republicanas", requentadas com discursatas redondas e vazias, que "isto" lá vai. Cavaco não virá para a "desforra", como se insinua maliciosamente, e o país sabe-o. Sócrates tem um mandato claro que o obriga a ser mais clarividente do que tem sido. Ninguém mais do que Cavaco Silva aprecia a "estabilidade" para que se possa fazer alguma coisa. Mário Soares apenas quer a "estabilidade" - a dele - para não mudar nada e para embaraçar Sócrates quando este não respeitar o "cânone". Cavaco deverá transmitir solitariamente aos portugueses quais as razões políticas que o fazem ser, agora e de longe, o concidadão que, na chefia do Estado, melhores condições possui para prestigiar a democracia e honrar, com decência e um módico de equilíbrio, as instituições. Para isso não precisa de uma "corte". Basta-lhe estar só, com Portugal.
Publicado por João Gonçalves 16:28:00
14 Comments:
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a) Muito maior experiência de Mario Soares, em especial na cena internacional. Se for preciso abrir uma porta em qualquer lado em favor de Portugal, o peso de Soares é muito maior do que o de Cavaco Silva. Mesmo na direita europeia, pesa mais Soares do que Cavaco.
b) Soares tem experiência interna em matéria de crises e de como as ultrapassar. Foi em dois govermos presididos por ele, em 1977/78 e em 1983/85, que o FMI ajudou Portugal a ultrapassar duas graves crises financeiras do país. Cavaco, ao contrário, foi o perdulário nos anos dos seus governos que conduziu o país para o buraco em que estamos. Soares equilibrou as finanças públicas (com a ajuda de Vítor Constâncio, primeiro, e Hernani Lopes, depois), Cavaco desequilibrou-as, por não conseguir conter o apetite dos seus companheiros de partido. Os défices reais (sem receitas extraordinárias) dos anos da governação de Cavaco Silva são pavorosos e foram tão grandes ou superiores aos de hoje, da governação de Durão Barroso e de Santana Lopes.
c) Muitos apoiantes de Cavaco Silva julgam que se ele for eleito poderá encetar reformas do nosso sistema político e administrativo. Nada mais ilusório, pois quem tem poderes para tal, nos termos Constitucionais, é a Assembleia da República e o Governo e partido(s) que o apoia. Ora, o governo actual é do PS, que tem apoio maioritário na AR. Portanto, se o governo quiser encetar reformas profundas, terá em Mário Soares um interlocutor mais compreensivo do que em Cavaco Silva, pois este pertence a uma família política diferente da do executivo e que nunca esteve para aí virada.
d) O actual governo está a levar a cabo um conjunto de reformas de fundo importantes. Se Cavaco Silva for eleito, por pressão de lobies ligados aos partidos que o apoiam, poderá tender a ceder a essas pressões, acabando por boicotar a acção do governo e da maioria da Assemblea da República. Cavaco Silva, em vez de ser a solução, seria parte do problema. E não se diga que Cavaco Silva não é pessoa para se deixar pressionar porque o seu passado deixa antever isso mesmo. Não se deixará pressionar pela oposição nem por comentaristas agressivos, mas é-o pelos seus apaniguados mais espertos, como demonstra o lixo todo de corrupção que se desenvolveu ao longo dos seus mandatos como primeiro ministro, precisamente envolvendo altas figuras do seu partido. Alguém se esquece do que foi o Fundo Social Europeu, entregue a figuras gradas do PSD estrategicamente colocadas em certas empresas e organismos do Estado? Fez na altura Cavaco Silva alguma coisa para evitar essa corrupção? Soares sim, deu provas de combater a corrupção, tendo criado um Alto Comissariado para o efeito quando foi primeiro ministro pela primeira vez, chefiado por Costa Brás, o qual teve uma acção importante no combate à corrupção.
e) Cavaco Silva é um candidato que divide os portugueses, ao contrário do que querem fazer crer alguns dos seus apoiantes. Cavaco nunca terá boa imagem dentro do mundo do trabalho. Carvalho da Silva e Proença, os dois líderes mais representaivos das duas confederações sindicais estiveram presentes na apresentação da candidatura de Soares. Isto diz muito da simpatia que Soares goza no mundo do trabalho. E Cavaco Silva? Ora, estando o governo a proceder a reformas profundas, algumas manifestamente impopulares para certos sectores da população, na presidência da república quere-se alguém que tenha uma base social de apoio forte no mundo do trabalho. Neste contexto, é evidente que Soares e Sócrates congregam em ambos essa maior base social de apoio, o que tornará muito mais fácil fazer as refomas de que o país precisa. Por estas razões principais, as classes médias e uma certa tecnocracia do país, se forem inteligentes, votam em Mário Soares. Não que Cavaco Silva não seja de per si um homem inteligente e íntegro, mas está rodeado de sanguessugas corporativas que se degladiam entre elas para ver quem apanha o melhor bocado. Soares pode ter atrás de si poetas, pintores, artistas, escritores, gente de letras e de ciência que mal conhece a tabuada das finanças e da economia. Embora também tenha com ele ilustres economistas e gestores. Cavaco Silva tem à sua volta duas classes de gente: os revanchistas de antigamente e as sanguessugas insaciáveis. Na sua corte, pouco sobra para gente de bem. O resto, ou são eleitores indiferenciados ou gente que sonha com outro país que nunca existiu nem jamais existirá. Soares é o realismo político. Já deu provas disso como presidente da república e como combatente contra o descalabro das finanças públicas. Cavaco é um mito, que falhou mais rotundamente exactamente onde alguns julgam que ele é mais fiável - nas finanças públicas. E não sou eu que o digo, foi o ex-ministro de Cavaco Silva, Miguel Cadilhe.
Aliás a experiência de Soares na área da corrupção é de índole ainda mais prática: veja-se o affair Macau-Emáudio-Melância...
eu sou o anonimo das 5:51 PM, que defende Mário Soares para PR.
É só para lhe dizer que não faço parte da candidatura de Mário Soares, não tenho qualquer relação com Soares nem com o PS.
Apenas sou racional e cidadão comum. Inteligente, não bronco como alguns lojistas limianos.
É que parece-me que já li o "teu" texto em qualquer lado...
Aquela que ele disse que esteve numa manifestação na rua contra a guerra do Iraque vai levá-lo à vitória.
O povo tem memória e na campanha Soares vai perguntar muitas vezes a Cavaco onde estava nessa altura. Estaria com Durão Barroso, o delfim de Cavaco Silva? Estaria na cimeira dos Açores, com o seu delfim Durão Barroso? Fez Cavaco Silva alguma coisa para evitar o desastre de Bush e de Durão Barroso nos tempos que antecederam a guerra do Iraque?
Suponhamos que nessa altura Cavaco Silva era presidente da República. O que teria ele feito, iria receber Bush nos Açores e dar o aval de Portugal ao disparate que foi a guerra do Iraque? O que teríamos em troca desse apoio a Bush? Provavelmente o que tiveram Aznar e Blair, terrorismo em casa.
Perceberam, cavaquistas e portugueses em geral, o que está em jogo na próxima eleição? Querem terrorismo em casa por uma causa idiota que não nos diz respeito?
Cavaco Silva é coautor moral da idiotice de Durão Barroso ao apoiar Bush na guerra do Iraque, porque Durão Barroso era o seu delfim. Não venha agora Cavaco Silva fingir que se distancia da posição de Durão Barroso quanto à burrice da guerra do Iraque, porque os portugueses nada viram dele nessa altura e depois.
Os portugueses não gostam de múmias oportunistas e videirinhas. Gostam de Mário Soares, poque ele enfrenta os toiros quando todos fogem ou ficam calados.
Viva Mário Soares, um dos mais valentes dos portugueses! Viva Portugal!
Foi um aumento considerável. Sá Carneiro, na altura a preparar a AD, criticou fortemente esse aumento.
A AD ganhou a seguir as eleições e foi para o governo, com Cavaco Silva em ministro das Finanças.
Não tardou muito e fez novo aumento dessas pensões, o que fez com que num só ano essas pensões tivessem aumentado cerca de 45%.
Começou aqui o descalabro despesista do Estado. Mas, como o preço do petróleo entretanto tinha subido muito, de 12$/barril, para perto de 40$/barril, e como Sá Carneiro faleceu no acidente de Camarate, e era depois Pinto Balsemão o primeiro ministro, Cavaco Silva, prevendo mau tempo no canal para a economia mundial e portuguesa abandonou o barco da AD e recusou ser ministro do governo de Balsemão. Este ficou amuado e com o tempo se veria que nunca lhe perdoou este abandono do barco em pleno naufrágio.
A AD, esfrangalhada por lutas intestinas e pela crise económica que levou o país à beira da bancarrota, acaba por perder as eleições em 1983 e dá lugar a um governo de salvação nacional presidido por Mário Soares, com Mota Pinto em vice-primeio ministro.
Foi o governo do bloco central. Mário Soares teve de recorrer ao FMI para resolver a situação, com a ajuda do seu ministro das Finanças, Hernani Lopes. Em 1985 as contas públicas estavam recuperadas e o caso deu brado nos meios financeiros internacionais. Portugal passou a ser um exemplo de bom aluno do FMI. Mas esta recuperação das finanças públicas custou popularidade a Mário Soares e ao PS, que na altura fez outra grande reforma, a do arrendamento, matéria tabú para os governos anteriores.
E o PSD, com Cavaco Silva, sobe ao poder.Iniciava-se na altura a recuperação da economia mundial depois do choque do petróleo de 1980/81, com a descida forte do preço do petróleo. Cavaco Silva, bem infomado sobre os ciclos económicos, viu que teria um período de vacas gordas para fazer figuraço, até porque Portugal se preparava para entrar na CEE e iria receber chorudos fundos comunitários. Cavaco Silva passou então a governar com três Orçamentos, o geral do Estado, o dos fundos comunitários e o das privatizações da banca, seguros, etc.
Foi um fartar vilanagem, dinheiro a rodos para distribuir pela clientela, incluindo centenas de milhares de funcionários públicos. O despesismo estatal no seu melhor! Fez obras, sim senhor, incluindo o CCB, que era para custar 6 milhões de contos e custou 40 milhões, segundo se disse na época. O rigor cavaquista no seu melhor!
Anos depois vem a guerra do Golfo, com implicações económicas fortes a nível internacional, e Cavaco Silva, prevendo período de vacas magras e já com ele em andamento, resolveu abandonar o barco e parar de governar e entregou o testemunho ao seu ex-ministro Nogueira.
Este perdeu as eleições para Guterres e em 1996 iniciava-se a recuperação da economia mundial. Foi um bom período para Guterres, que continuou o despesismo de Cavaco Silva, já que este último tinha deixado o campo minado por sistemas automáticos de aumento da despesa pública, o MONSTRO cavaquista de que viria a falar Miguel Cadilhe, além de milhares de contratados a recibos verdes no aparelho do Estado, que Guterres teve de integrar nos quadros do Estado para não ter de mandar para a rua gente que há anos não fazia outra coisa senão trabalhar para e dentro do aparelho de Estado. Foi este o percurso do despesista Cavaco Silva, o que como ministro das finanças da AD aumentou num ano, pela segunda vez, milhares de pensionistas, e o que, como primeiro ministro, aumentou a despesa pública de tal ordem que os défices públicos da sua governação, se limpos das receitas extraordinárias, subiram tanto (chegou a 9% do PIB) que o actual défice das contas públicas é apenas mais um no oceano despesista inventado por Cavaco Silva nos longínquos tempos da AD e continuado nos tempos em que foi primeiro ministro, depois da recuperação heroica dos tempos de Mário Soares e Hernani Lopes, nos anos 1983-85.
É neste despesista disfarçado de rigor que devemos votar para PR? Desculpem, se quiserem propor Hernani Lopes para PR, podem contar com o meu voto. Mas como ele não aparece a candidatar-se a PR, vou votar em quem o ajudou a salvar Portugal da bancarrota provocada pela AD de Cavaco Silva. E esse alguém é Mário Soares. Estes os factos. E eu voto em factos, não em mitos e miragens. Mário Soares tem um brilhante CV em controlo da despesa pública (governos de 1977/78 e 1983-85). Cavaco Silva tem um brilhante CV no descalabro das contas públicas.Qualquer economista, se intelectualmente honesto e conhecer um pouco da nossa História recente, rejeita liminarmente este embuste chamado Cavaco Silva.
Se ele for presidente da República, como pode ele pregar moralidade económico-financeira quando ele foi e é ainda o pai do MONSTRO? Monstro que agora Sócrates se esforça por abater com as reformas profundas que está a fazer.
Para os mais novos aqui fica a radiografia do embuste chamado Cavaco Silva.
Asseguro-lhe que é bastante pior...
Lamento não poder ser mais especifica, mas é que vivemos num país de mafiosos e é muito arriscado dizer verdades quando não se é anónimo...
Ainda bem que estás atentento - o patrão vai estar reconhecido...
Nonó: Muda o texto.