...para bellum
sábado, setembro 03, 2005
No Expresso de hoje, um certo Vítor Ramalho cuja notoriedade, para mim, apenas advém de o ver sempre, sempre, ao lado de Mário Soares, assina um pequeno texto para-bélico, em que apela a “Tercer armas”.
A expressão soou-me a zumbido de mosca, antes de sair a asneira e fui ver, no dicionário, a expressão “tercer armas” não existe, porque a palavra certa para o verbo correcto é “terçar”. Sempre foi, aliás. Vindo de um étimo latino que se declina a partir de “tertio”.
Então, por que razão deixou o Expresso passar a aleivosia?! Para mostrar que um deputado não deveria passar além da chinela?! É escusado responder, para dizer que o roto se ri do esfarrapado e que “para-bélico” não existe…
Publicado por josé 16:02:00
4 Comments:
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Para-bélico, por exemplo, se não se encontrar em lado nenhum, pode passar a existir. O para-militar veio da mesma inspiração.
Viva a lingua portuguesa viva!!! :-)
Alface
Mas, armado em Sherlock de pacotilha, parece-me que se fosse da responsabilidade de algum compositor ( ainda existirá tal função na era da edição electrónica?) a palavra fatal, não se repetiria no corpo do artigo...e a verdade é que repete.
Logo, o putativo compositor não deve ser o alegado autor do pontapé soez na ortografia de "terçar".
Mas, na verdade nunca se sabe.
Por outro lado, pode haver quem pense que o erro é menor. Não é. Não é um mero lapsus calami.
Quem diz tercer com o sentido indicado, dá-nos uma indicação
segura de um handicap sério no manejo das armas linguísticas.
E isso para um político profissional é uma vergonha.
Quanto ao Manuel: suponho que ele próprio já tomou conta dos seus deslizes linguísticos na ortografia.
Ninguém é perfeito. E o Manuel, apesar disso, domina o raciocínio político como poucos.
E é anónimo...não procurando a ribalta da exposição, com nome feito e a condizer, para se alcandorar aos lugares do pódio da distribuição de prebendas. Isso a mim me parece, o que o desculpará na arte de bem escrever todo o texto.
Mas ele melhor que ninguém poderá explicar-se, claro.
Tão purista como é, repare lá no que escreveu...
Traumatisado não existe!
(Mais valia ter ficado calado, a catar as pulgas. É que um ignorante armado em doutor é do pior que pode haver)
Nem reparei no lapso que tenho seguramente como tal.
Mas há para mim, uma fronteira entre o domínio destes lapsos de escrita que são comuns e que ocorrem amiúde e o domínio da asneira grossa, linguística, semântica ou gramatical. Pontapés na gramática até gosto de dar se o efeito for garantido e moldar semioses interessantes.
Porém, pontapés involuntários, doem mais porque possuem mecanismo escondido que retarda a dor. Esta só aparece, quando o hematoma gramatical se torna visível.