Os argumentos contraditórios...

Durante a passada sexta-feira, o Rui Branco do Adufe, colocou um conjunto de posts, que visavam primeiro desmontar a alegada enorme teia de conspiração e cabala que, segundo ele, grassa pela blogoesfera e mormente por aqui. Por várias vezes lhe foi dito, que aquilo que estava em causa não era a idoniedade do INE, nem tão pouco dos técnicos, mas sim a contradição evidente que os resultados divulgados apresentavam. Mas, mesmo assim, a cabala está montada.

Rapidamente, um dos argumentos para justificar o decréscimo das importações, foi a antecipação de actos do consumo por parte das famílias, nomeadamente na aquisição de veículos automóveis. Ora, se o pedido de matrículas no primeiro semestre para automóveis ligeiros aumentou 8,7 %, como explicar que no mesmo período e segundo o INE, as importações de automóveis de passageiros tenham caído 3,4 % ? Uma incoerência, pois os stocks de automóveis novos não são assim tão elevados, e quem encomendou determinadas marcas em Junho, ainda não os recebeu, a menos que a venda de UMM´s tenha batido todos os recordes.

Tem razão o Rui Branco, quando diz que alinho num processo de intenções. Pois alinho, e esse processo é o da verdade.

Publicado por António Duarte 12:13:00  

12 Comments:

  1. Rui MCB said...
    Quanto à tua primeira parte do post sinceramente não sei se é para rir ou para chorar: quando por aqui se pediu a intervenção da Polícia Judiciaria para investigar uma fuga de informação, quando se afirmou que o INE tinha divulgado dados às 15 horas (quando SEMPRE o fez) para dar um jeitinho ao primeiro ministro que ia falar aos jornalista depois da implosão às 16, quando se dá cobro a afirmações como "Ou tivemos a maior multiplicação dos pães desde os tempos idos de Cristo, ou podemos estar perante a maior falsificação das nossas Contas Nacionais, desde que há memória." sou eu que invento "a enorme teia de conspiração e cabala"?!?!?

    Sinceramente não sei porque tomaste as dores destes posts de que aqui expus alguns excertos, pois de facto tu, António Duarte, não te terias de sentir responsável por eles. Uma vez que tomas as dores do que por aqui se fez, fico eu entendido.

    Quanto ao resto do post:
    finalmente uma excelente pergunta que aliás já tive oportunidade de partilhar por telefone com o "Manuel" ainda antes de ter percebido o que por aqui ia em termos de delírio conspirativo na passada sexta feira.

    E se eu te disser que não tenho resposta mesmo hoje com a nova informação chegada entretanto? E se eu te disser que essa mesma pergunta foi devidamente considerada. Se te disser que se tentou por todos os meios humanamente possíveis e no tempo disponível (respeitando o calendário para que não nos acusassem de estar a protelar um mau ou bom número para o governo, por exemplo) encontrar uma justificação (voltando a contactar empresas para confirmar stocks, por exemplo) entre outros? Pedindo que se confirmassem níveis de importações? Tentando descortinar o que poderia estar a acontecer de anormal. E se eu te disser que feitos todos esses esforços, os números finais que tinhamos continuavam a resistir a todas as dúvidas e a ser parecidos com os que descreveste? Como tratar esta incoerência? Em que número acreditar mais?

    Assumir que as importações estavam erradas? Se sim em quanto e com que base se até aqui os números das mesmas fontes se mostraram sempre razoáveis?

    Poderão as vendas estar empoladas? Se sim porque se até aqui estes números sempre se mostraram razoáveis?
    Assumir que se tratou exclusivamente de uma redução da variação de existências, onde é que havia existÊncias suficientes para comodar todo o consumo como perguntas?

    Naturalmente tomámos a decisão mais razoável peranto as restantes indicações directas e indirectas existentes (e é curioso ver que após a divulgação outros economistas encontraram justificações plausiveis para o que se poderá ter passado). No final os efeitos acabaram partilhados: uma parte do consumo foi a existências, outra a importações outra a produção nacional que deu alguns sinais de recuperar no 2º trimestre.

    Acredita se quiseres que esta mesma incoerência foi tida em conta no valor final divulgado. As incoerência com as restrições de tempo e de recolha existentes (algumas delas irresoluveis em qualquer país do mundo outras nem tanto) que temos de fazer o nosso trabalho e apresentar ao país o retrato mais fiel da economia a cada momento.

    Naturalmente é muito mais estimulante acreditar em cabalas, julgar de cátedra e patrocinar com o selo da "verdade" todo o tipo de fel e disparate que alguém se divirta a verter. Como já aqui se disse noutros comentários, o que se faz no INE não é exactamente estimar o ciclo com base em dois ou três indicadores parcelares, o exercício tem um pouco mais de história (no duplo sentido) e tem sido por aí que temos conquistado credibilidade junto dos nossos pares em outros gabinetes de análise económica, pelo menos no que às contas nacionais trimestrais diz respeito. Tem sido por aí que temos conseguido enquadrar estas e outras "incoerências" que os números, sempre incompletos, sempre caprichosos por vezes nos oferecem.

    Dentro de menos de três meses, havendo recursos humanos para tal (e de momento não há) cá estaremos para, perante a informação actualizada e as eventuais incoerências da informação de então, mantermos a mesma linha e o mesmo trabalho, que é no fundo o nosso único garante de consiciência e técnico face às criticas que ora sopram da esquerda e da direita a cada momento.
    Manuel said...
    Rui,

    Em última instância quem está a legitimar absolutamente a tese da cabala és tu.

    Sendo - aparentemente - a única pessoa do INE a contextualizar e 'relativizar' os números do INE, dando-lhe a sua real dimensão (por oposição a outros, nem o Martelo ontem os questionou) porquê a inexistência de uma 'nota pedagógica' do INE a por água na fervura? O que está em causa não é a tua 'defesa', consistente e realista, dos números e dos métodos, o que está em causa é a valorização (política) dos mesmos, e alguma dessa 'valorização'/extrapolação/abuso acontece apenas e só porque não há - em termos oficiais - um esforço pedagógico do INE, para além do teu, em explicar o real significado e valor dos números apresentados, assim como das tais 'deficiências'.

    abraço

    M.
    Anónimo said...
    Estimado Rui,

    Esse comportamento tido como normal pelo INE está enquadrado com a legilsção nacional? Sim ou não? Se sim, duvido, se não, somos um país terceiro-mundista.

    Os números divulgados não merecem credibilidade dos agentes económicos e estes bem se esforçam para os entender. Claro que avançam algumas explicações para os tentar compreender, pois esse deve ser o primeiro acto que qualquer pessoa séria. Mas após análise às hipoteses colocadas, fica sempre mais por responder do que esclarecidos com algumas possíveis explicações.

    O Rui não consegue responder e poderá dizer que é por falta de pessoal ou o passado será lisongeiro para os técnicos do INE. Será mesmo?

    O que o Rui tem que admitir é que às dúvidas colocadas, seja ele por quem for, seja anónimo ou político encartado, merecia uma explicação, e pelo tom da sua resposta não existe. Pois claro que não existe. Culpa sua? Maus métodos de recolha estatística? "Comissários" no INE?

    Os dados publicados deviam ter alguma coerência entre si e não têm. Foram aqui postas algumas questões e dúvidas. Houve alguma resposta, de alguém, que a tenha dado de um modo coerente e lógico? Não.

    Digo e repito. "Ou tivemos a maior multiplicação dos pães desde os tempos idos de Cristo, ou podemos estar perante a maior falsificação das nossas Contas Nacionais, desde que há memória." Não abarca o António Duarte, mas abarca diversos agentes económicos crentes nesta tese. E não é de agora.

    Dirá que as a datas de emissão são previamente anunciadas. Pois são. Mas os dados tão bonitos foram utilizados pelos políticos para os seus números circenses. Saberiam eles que valia a pena fabricar aquele momento político? E desde quando o sabiam? Antes das reuniões que envolvem vários agentes fora do INE? Ou muito antes dessas reuniões?

    Também o Banco de Portugal teve os seus erros. Também era uma vaca sagrada em Portugal. E até essa vaca sagrada profanou-se. É o processo normal em democracia e onde existe uma sociedade civil atenta e desconfiada com o tipo de instituições que temos.

    Mas a respeito da seriedade dos funcionários do INE relembro-lhe um célebre episódio grotesco e rocambolesco. Lembra-se o Rui quando os sindicalistas do INE usaram as bases de dados do próprio INE para fazerem propganda sindicalista? Sim ou não?

    Não é preciso dizer mais nada. E olhe que acredito na sua seriedade, mas julgo que é, ou um bocado ingénuo ou desatento.

    Cumprimentos para si, estimado Rui.
    Anónimo said...
    O aumento do consumo, embora algum provocado pela compra de bens duradouros, pode estar relacionado com o aumento de 7,3% de dormidas de turistas durante o primeiro semestre (e em especial durante o 2º trimestre), a maior parte dos quais são estrangeiros, segundo o INE. Mais turistas estrangeiros aumentam o consumo. Pode a facturação dos hoteleiros não ter subido, mas sim o consumo fora dos hoteis. O que um turista de viagens low cost poupa na viagem gasta-o no comércio local.
    Rui MCB said...
    Caro M,
    O INE divulgou a informação, esteve 100% disponível para responder a perguntas tecnicas sobre os dados apresentados, exercício que decorreu normalmente como sempre, como poderás constatar junto dos jornalistas da área económica ou dos membro do conselho superior de estatística. Se há coisa que o INE sempre teve nesta área da análise económica (pelo menos na última meia décad) foi não desprezar a sua responsabilidade pedagógica ao nível da exploração dos dados estatísticos.

    O INE ou qualquer outros INE do mundo não pode ter como regra andar a escrever notas pedagógicas sobre interpretações políticas passadas, presentes ou futuras. Sinceramente não perceço o que é que reclamas do INE. O que é que o INe deveria ter feito e não fez?
    Rui MCB said...
    Só para não ser mal interpretado: " a responsabilidade pedagógica ao nível da interpretação dos dados" do INE passa, por exemplo, por explicar a um jornalista a diferença entre uma variação em cadeia e uma variação homóloga, uma média e uma mediana, um comportamento ciclico/sazonal e a tendência ou ainda as diversas identidades das diferentes ópticas de contabilidade nacional, isto para referir alguns dos exemplos mais básicos.
    António Duarte said...
    Caro Rui

    Perguntas tu, o que deveria ter feito o INE que não fez ?

    Olha em primeiro lugar, devia explicar ao país, que os números que fez sair, nomeadamente as extrapolações lógicas que tal como eu, imensa gente já as fez, são inexplicáveis.

    Em segundo lugar, devia questionar-se ele próprio INE, quais os fundamentos que motivaram uma tão rápida migração para uma nova metodologia, que pelos vistos na primeira vez que sai cá para fora qualquer produto resultante dessa metodologia, ninguém no INE é capaz de explicar a razão de ser.

    Finalmente, não pode um instituto, seja ele qual for, ser questionado na sua credibilidade da forma que claramente o está a ser por aqui e não só ( ver o DN de hoje por exemplo), sem reagir. Ou será que por efectuar uma pequena nota explicativa, o INE perderia credibilidade. Bom se calhar sim, dado que se tem mostrado incapazes de explicar o óbvio. Os números não batem certo. Como tu próprio reconheces.
    Rui MCB said...
    Caro António,
    Desconfio que acreditas que a economia é uma ciência exacta... Das poucas coisa que tenho por óbvia ácerca dela é que não o é!

    Bom (um último esforço para terminar), sendo impossível identificar um erro (se fores capaz avisa, dizer que há números contraditórios é quase uma lei da economia), a explicação mais plausível está lá, no destaque e não me parece nem de longe, nem de perto, mal enquadrada por toda a restante informação económica recolhida. Se alguém quis embandeirar em arco com aqueles números fê-lo por sua própria conta e risco e aí a responsabilidade já não é do INE.

    Não ser normal (ou ser surpreendente face às expectativas) não é sinónimo de estar errado e neste trimestre houve mesmo acontecimentos atípicos que complicaram/explicaram (?) a avaliação da dimensão da estranheza que partilahs face a alguns dos números.
    Perante a antecipação do consumo via efeito do IVA (da qual também não estavas muito convencido há poucos dias, mas que agora pareces já aceitar preferindo pôr em causa as importações - uma melhor aposta, sem dúvida, até pela mudança metodológica que introduz sempre algum risco adicional) que dimensão dos efeitos "estranhos" no consumo/stock/mercado externo são razoáveis?

    Se vier a ser identificado algum erro, seguramente não teremos qualquer problema em rever os dados, é também para isso que servem os próximos trimestres. Já agora, o que é um erro do INE para ti?
    Uma falha metodológica sê-lo-á seguramente, então e uma resposta errada de um dos maiores importadores/distribuidores de automóveis, será um erro do INE? Terá acontecido? Não faço ideia. Até ao momento não temos notícia.

    Enquanto consumidores internos da informação produzida no INE quem faz as contas trimestrais é o primeiro crítico da informação. Foi assegurado que a nova metodologia foi testada e aplicada em simultâneo com a anterior durante algum meses.

    O INE, via presidente, assumiu na semana passada a alteração metodológica numa conferência de imprensa onde esta foi explicada. Até ao momento não temos indícios de que haja erro grosseiro, por isso, esse não é argumento relevante para a análise. O 'se' está lá como pode estar em qualquer lado, mas não há prova nenhuma do erro.

    De qualquer forma só fazes bem em perguntar, mas não procedes bem em julgar sem provas. Dizer que só pode ser um erro é ignorar por completo o que é análise económica e qual pode ser o comportamento de uma economia. Quantas vezes os analistas económicos anteciparam à luz das mais diversas teorias as flutuações cambiais fortíssimas do dolar e do euro depois do surgimento deste último provando vezes sucesivas que estavam errados e concluindo que tinham que deitar os livros de teoria económica para o lixo? Uso um exemplo pop mais para outrém do que para ti porque sabes muito bem do que estou a falar.

    Quantas incoerências económica são aceitáveis quando uma economia estrebucha, sofre um choque fiscal, ou se prepara para recuperar ou afundar? Como fazer análise económica nessa conjuntura? Desiste-se para não ser surpreendente? Ou avança-se para a análise depois de se minimizar os riscos?
    Bem vindo ao fascinante mundo da análise económica!

    Fazes alguma ideia das limitações/deficiências da metodologia anterior de apuramento infra-anual do comércio externo?

    Pois houve motivos bem prementes (e assumidos publicamente - JOrnal de Negócios ou Diário Económico, já não me lembro - há vários meses pelo INE) para que decorresse uma alteração metodológica e uma maior aposta interna ao nível destas variáveis estatísticas. Ora aqui está uma razão de ser de alguém do INE, que tal?
    Convém pôr as coisas em perspectiva de vez em quando.

    Quanto à credibilidade do INE ter sido posta em causa, tenho que te informar que tenho melhor memória do que tu e isto na escala da contestação está próximo do zero e depois temos que relativizar a relevância da grande loje no grande esquema das coisas, não é verdade? Até hoje não vi ninguém por em causa a fiabilidade dos números (muito menos economistas da praça) e garanto-te que o INE está longe de ser uma vaca sagrada.
    Se as críticas públicas que apontas (além da grande loja) são o artigo de Fernando Valdez no DN estamos conversados. Qual foi a crítica dele? O uso da palavra "surpresa?"

    Um abraço, e até à próxima polémica.
    Anónimo said...
    sr. rui mcb,

    O António Duarte só está chateado porque os números do INE não fustigam este governo como ele desejaria. Se no poder estivesse agora um governo da simpatia do A. Duarte os números do INE seriam bestiais e muito correctos.

    Tão simples como isto. Bloguistas e analistas há muitos poucos, o resto são simpatizantes.
    António Duarte said...
    Ao último anónimo

    Só a falta de acompanhamento do que por aqui tenho escrito pode motivar um comentário desse conteudo, sugerindo que o meu descontentamento com os números do INE se devem a questões políticas.

    Redondamente enganado. E pode mesmo perguntar ao Rui MCB, o que por aqui escrevemos quando Barroso primeiro e Lopes depois estiveram no governo.
    Tonibler said...
    Caro Rui MCB,

    Tenho lido as suas justificações ao longo dos últimos dias e, honestamente, tudo isto é ridículo. Da sua justificações aquilo que se retira de imediato é que não vale a pena ter INE. Arranja-se uma folha de Excel onde uma menina de call center vai metendo os dados e, quando chegar o dia, faz forward para a imprensa.

    Tem toda a razão em dizer que o INE não é uma vaca sagrada. Aliás, ninguém colocaria em causa os números do INE se tivesse uma história razoável face aquilo que é o seu papel e, principalmente, aquilo que custa.

    Mas não creio que haja dolo na publicação dos números. Isso implicava uma sofisticação que o INE não tem.

    E, embora seja louvável a lealdade, não me parece que o Rui tenha o nível do INE e deveria, talvez, deixar de defender o que é indefensável.
    Kuchembuck said...
    Caro Rui,

    Como referia ontem Maria Manuela Morgado, a fraqueza profissional e política, protegida por sistemas jurídicos onde a liberdade de expressão se tornou perigosamente condicionada, representa o último atentado ao espírito cívico que poucos tendem, teimosamente, prosseguir.

    Assiste-me, como a qualquer cidadão que digne essa mesma condição, o direito de questionar resultados produzidos por Instituições Públicas com poder de influência directa sobre os agentes que definem o universo macroeconómico.

    Ainda para mais, quando a missão do Instituto em questão, resume-se no seguinte:

    “O Instituto Nacional de Estatística (INE) tem como missão produzir e divulgar informação estatística oficial de qualidade, promovendo a coordenação, o desenvolvimento e a divulgação da actividade estatística nacional. A informação tornou-se um produto fundamental na vida dos cidadãos, na actividade das empresas, no funcionamento dos Estados. A informação estatística, em especial, é hoje uma forma de conhecimento necessária à assunção de uma cidadania plena, imprescindível na tomada das decisões que fazem surgir e progredir as empresas, essencial ao enquadramento das políticas com que se governam as nações.”

    Homepage INE


    As suas intervenções apenas reforçam as conclusões a que diversos cidadãos propuseram evidenciar. Erros, variados, têm sido produzidos por entidades e personalidades cuja responsabilidade não deveria permitir. Banco de Portugal, Ministério das Finanças e agora, a provar-se ainda, mas com uma forte probabilidade, o INE.

    Quando se escuda em argumentação causística de natureza piedosa, está implicitamente a assumir os factos que a todos nos preocupam. Que o INE questionou internamente a validade dos números (palavras suas) que contrariam toda a lógica que a racionalidade e o bom-senso permitem deduzir. E que não obstante essa situação, decidiu em última acção, publicar os mesmos, refugiando-se na falibilidade de terceiros ou em correções futuras, sem nunca referenciar esta situação. Rui, lastimo dizer-lhe, mas não é esse comportamento que se espera de uma Instituição credível. E muito menos, que seja esse o argumento possível para quem tem incluída na sua missão, não apenas a produção de dados, mas a coordenação e divulgação da mesma.

    Estou seguro que concordará que o INE, pelas funções nobres que desempenha, deveria analisar a divulgação e o evidente aproveitamento político dos números que o INE divulgou. Ainda mais, tendo em posse tantos outros dados que sugerem o papel conjuntural destas conclusões, assumindo a veracidade dos dados agora publicados. Não será necessário recordar os números publicados na nota informativa sobre comércio externo internacional, publicada na véspera deste relatório a que nos propomos analisar.


    Rui, não sou filiado em nenhum partido político. E com a frontalidade que a seriedade destas discussões exige, confidencio-lhe que a racionalidade económica e o bom-senso que tento imprimir aos passos que dou nesta vida, me aproximam de um modelo governativo com pressupostos de natureza económica, sem dúvida, mais à direita. Mas essa é uma interpretação que me assiste em matéria económica, uma convicção que não é refém de interesses ou jogos de poder. Não pretendo igualmente evidenciar movimentos “Cabalísticos”, como o Manuel comentava irónicamente, na sua simpática referência. Não Rui, a verdadeira ironia de tudo isto, é a simplicidade das motivações. A verdade é que eu, e tantos outros, estamos cansados de ver o estado das cousas a que este país se prestou, leia bem Rui, nos últimos 5 anos. E preocupado Rui. Quando leio a sua defesa, fico deveras preocupado. E deixo-lhe mais este parágrafo, ousando um último conselho e mais uma vez citando o INE.

    “Tudo isto é possível graças à actividade de um corpo de profissionais competentes, com elevado sentido de missão e regidos por valores de eficiência, inovação, qualidade, orientação para o cliente, respeito pelos fornecedores de informação primária, independência, credibilidade, relevância e confidencialidade.”

    Talvez o conceito de confidencialidade não lhe tenha sido caro quando decidiu imputar qualquer responsabilidade ao seus fornecedores de dados. Reveja esse conceito também.

    Cumprimentos

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