O Ministro que sabia de menos....
quarta-feira, setembro 21, 2005
Manuel Pinho, questionado - ontem pela SIC - sobre o impacto do aumento dos preços do petróleo na economia portuguesa, respondeu de forma atónita e surpreendente.
A subida dos preços apanhou de surpresa os governos de toda a Europa
Bom, talvez Manuel Pinho não se tenha apercebido, mas desde 2003, que entre a falência da petrolífera Yukos, o assassinato de 5 engenheiros num complexo petro químico na Arábia Saudita, a queda do regime de Saddam Hussein e posterior guerra civil foram acontecimentos aos quais o mercado costuma reagir subindo os preços de transacção. Ao mesmo tempo, não é segredo que a China e a Índia exercem hoje uma pressão enorme na procura de combustível.
Em qualquer mercado, é o equilíbrio entre a procura e a oferta que gera o preço. E no petróleo, só agora a OPEC começa a reagir aumentando a quota de produção diária. Em 2 anos todos os sinais e acontecimentos, seguiam numa dupla direcção: Diminuição da Oferta e Aumento Exponencial da Procura. Não há segredos nem surpresas.
O que ele, ministro, não pode, é ignorar, ou pretender ignorar, os factos, justificando assim a inércia do governo nas questões energéticas. Certamente que ele, não discutirá que foi este governo a mexer na taxa do ISP em Junho. Certamente que ele nem duvidará que a associação do aumento do ISP, acrescida da alta do preço do petróleo, permitiu ao Estado arrecadar mais 60 Milhões de Euros. Uma boa surpresa na óptica de Manuel Pinho.
O que ele ministro, devia responder, e já, era para quando a apresentação do modelo de reestruturação do sector energético, quais os parceiros estratégicos escolhidos para avançar com a petrolífera portuguesa e de que forma e quanto custará mandar embora a ENI da Galp Energia. Em vez disso, enquanto a Iberdrola ameaça tomar a Gás Natural e os seus activos, encostando a EDP à parede, o ministro nada diz, nada faz. Como sempre foi apanhado de surpresa.
Obviamente que num outro país qualquer, o ministério da economia que tutela a energia ou mesmo a Alta Autoridade da Concorrência, já teria questionado a petrolífera Galp Energia do porque de a descida do combustível ter sido de apenas meio cêntimo, quando o petróleo desceu mais de 12 % nas últimas 2 semanas. Mas não. O silêncio é de ouro.
Num país decente, Manuel Pinho, ontem tinha sido exonerado e regressado á pátria mãe – BES - , onde certamente aí estava – e continua a estar – bem atento aos sinais que o mercado vai dando.
Mas em Portugal, estejamos descansados, porque Manuel Pinho deposita nos moinhos de vento o futuro energético de Portugal.
Qual Sancho Pança, esperando que, na sombra, Pina Moura, e os espanhóis, levem a água ao moinho.
Publicado por António Duarte 11:10:00
9 Comments:
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O que me espanta nisto é a extrema e aparente diletância desta gente que é supostamente incensada pelo saber específico.
Torna-se aflitivo, por vezes, falar com certos políticos bem notórios e de currículo á prova de bala, quase literalmente, e verificar o grau de ignorância e desconhecimento concreto de certas realidades concretas.
Apesar dos títulos académicos que ostentam no umbral dos gabinetes que ocupam, nomeados pela suposta competência, saindo fora daquele pequeno grande mundo da Foreign Affairs ou da teoria kantiana,nada de novo se vislumbra.
De mitos e lêndias vamos alimentando a nossa vida política.
Tudo estaria bem se isto não passasse de uns jogos florais. O problema é a realidade...
Já estou mais descansado, pensava que só eu tinha achado tais declarações inadequadas, na boca de quem exerce a função de ministro da economia. São tais as abéculas que saiem do bes que sinceramente me interrogo, como é que lá estavam? serão empregos de família? estavam em prateleiras douradas? será que alguém no bes usa os governos para fazer a sangria dos tótós?
diogenes
O problema, quando se fala do aumento do petróleo, é que este tem um efeito de “bola de neve”, pois arrasta uma série de outros produtos, causando um aumento generalizado dos bens.
Custa-me ver as autoridades fiscalizadoras dos mais diversos sectores da economia portuguesa, a funcionarem só como fachada. E haver lobis e forças de pressão, até mesmo cartelização e nada nem ninguém fazer nada para acabar com isso. Alias mal se fala nestas palavras, parece que é tabu, surgem logo vozes, Quem? Que provas tem? Se Conhece alguém faça o favor de dizer nomes!
Por outro lado, pergunto-me porque que a comunicação social só lança noticias, para divulgar o aumento do preço do crude, mas raramente faz referência quando este baixa, não fazendo qualquer pressão para baixar os combustíveis. Envolve muito dinheiro e assim cala muita gente.
De certeza que alguém está a ganhar muita dinheiro, e pretende que se façam poucas ondas para continuar a “mamar” à conta de toda a gente.
H. Ricardo
Só ontem o tribunal europeu deliberou sobre o recurso da Energias de Portugal sobre o caso Gás/EDP. Enquanto este não deliberasse, dando ou não razão a Bruxelas, o Governo não podia nem devia fazer nada.
Quanto aos preços dos combustíveis sempre assim foi, dois passos à frente, um atrás. E foi decidido em Bruxelas não mexer nos ISP.
Sr. AD, quando é que acerta uma?
a. Só hoje e não ontem como você diz é que o tribunal europeu de 1ª instância decidiu ratificar a decisão que a Comissão Europeia tinha tomado.
b. É engraçado e revelador a sua afirmação de que, enquanto o tribunal não decidisse, o governo nada podia fazer. Sócrates que apoiou a decisão da CE, apludindo-a até, não iria agora aproveitar-se de um volte-face. Claro que o governo podia e devia ter feito. Quem esta a interpelar o tribunal é a EDP, que se ganhasse teria direito a uma indemnização. Understand ?
c. O Problema veja se entende, é que desde Fevereiro de 2005, que aguardamos um modelo, e a única coisa que nos mostram são moinhos de vento.
d. Não mexer nos ISP ? Em Junho o governo mexeu em que ? Na taxa da televisão certamente.
Antes de criticar, deveria ler que o seu chefe Pinho, não quis ir a Bruxelas, enviando para lá uns assessores. E o seu chefe em vez de ser apanhado de surpresa pelo aumento dos combustíveis, devia ter lido que a política fiscal é da responsabilidade de cada estado-membro, pois se assim nao fosse, a gasolina não teria 67 % de ISP incorporada no preço.
Refute lá agora alguma coisa do que aqui está...e já agora assuma-se.
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